Hoje é dia de juros de lado e dólar tem sessão de perdas

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Dólar
Dólar (Foto: divulgação)

Dados acima do esperado na China e uma temporada de resultados saudável, apesar de certas fissuras nos bancos médios americanos, mantém os mercados na tendência de alta das últimas sessões, apesar de certa cautela com o cenário inflacionário, após dados nos EUA mostrarem forte expansão em abril e ressuscitarem os temores com uma postura conservadora do Fed. Juros de lado, após fortes altas de ontem, enquanto dólar tem sessão de perdas disseminadas. Commodities surfam o desempenho chinês e operam em alta. Por aqui, o destaque do dia é a potencial entrega do novo arcabouço fiscal ao Congresso, após certa indigestão do mercado local com a PLDO de ontem, que contando com premissas bastante otimistas de crescimento, piora a percepção de esforço fiscal do governo. A alta das commodities, no entanto, e a dinâmica mais pró-risco global devem levar a aberturas positivas para o Ibovespa e para o real, enquanto nas taxas de juros, o leilão do TN deve dominar a reação do mercado.

Na Ásia, apesar do PIB chinês acima das expectativas, os investidores deram um maior foco à decepção na produção industrial e nos investimentos, resultado em dia misto para as Bolsas. Na Austrália, na ata da última reunião, em que manteve a taxa de juros, o RBA descreve que pode voltar a subir os juros, se necessário e que foi considerada uma alta de 0,25%. Na China, decepções na produção industrial, com expansão interanual de 3,9% (ante expectativa de 4,4% a/a) em março, e nos investimentos em capital fixo, com crescimento de 5,1% (ante expectativa de 5,7% a/a) ante março. Por outro lado, vendas no varejo saltaram 10,6% (ante expectativa de 7,5% a/a) ante março, levando o PIB a expandir 2,2% (4,5% a/a), em linha com o consenso, no 1T23. No Japão, o jornal Jiji Press afirmou que o BoJ (o BC do país) considera reduzir a meta de inflação de 2025 para um nível na faixa superior do 1%.

Na Europa, apoiadas pelos dados positivos do varejo chinês e balanços positivos (Easyget e Ericsson) Bolsas operam em alta. No Reino Unido, foram criados 169 mil empregos (ante expectativa de 50,0 mil) em fevereiro, com a taxa de desemprego subindo de 3,7% para 3,8% (ante expectativa de 3,7%) e os salário médio avançando 6,6% (ante expectativa de 6,2% a/a) ante fevereiro de 2022. Hoje, balança comercial (fevereiro) às 6h e índice de confiança ZEW (abril) às 6h. Frank Elderson (BCE) fala às 10h.

Nos EUA, o otimismo com a temporada de balanços, em dia recheado de empresas importantes, e o bom humor global levam os futuros americanos a leves altas. Índice industrial Empire State subiu de -24,6 para 10,8 pontos (ante expectativa de -18,0) em abril. A confiança das imobiliárias da NAHB subiu de 44 para 45 pontos (ante expectativa de 44) em março. Tom Barkin (Fed Richmond, não vota) afirmou que são necessárias mais evidências de que a inflação está convergindo à meta. Hoje, construção de novos imóveis (março) às 9h30 e estoques de petróleo da API (do último dia 14) às 17h30. Leilão de T-Bills (1 ano) às 12h30. Michelle W. Bowman (FRB, vota) fala às 14h. BNY Mellon, BofA, J&J, Lockheed Martin, Goldman Sachs e Prologis divulgam antes da abertura. Netflix, após fechamento.

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Aqui Brasil, em dia negativo para os ativos de risco globais, após dados americanos acima do esperado reforçar apostas altistas nas taxas de juros, além da queda no minério de ferro e da cautela com o arcabouço fiscal e o recuo do minério de ferro, o Ibovespa fechou em 106.015 pontos (-0,25%), com Eletrobras e Vale liderando as perdas do dia. Apesar do IPC-S e do IGP-10 deflacionários e da queda da projeção de Selic no Focus, a curva de DI futuro sentiu o avanço dos juros no exterior e fechou em leve alta. No câmbio, em dia de força global da moeda americana, o real sentiu o ambiente de aversão a risco e o dólar fechou em R$ 4,94 (0,63%).

Em linha com o desempenho dos índices de atividade do IBGE, o IBC-Br veio acima do consenso (ante expectativa de -0,15%), caindo 0,04% (3,03% a/a) em janeiro. O carrego do IBC-Br para o PIB do 1T23 está em -0,2% (0,7% a/a). A forte deflação nos preços no atacado fez o IGP-10 ter deflação de 0,58% (ante expectativa de -0,58%) em abril, acumulando -1,90% em 12 meses. O IPA afundou de -0,07% para -0,96% (-4,17% a/a), o IPC avançou de 0,47% para 0,57% (3,51% a/a) e o INCC subiu de 0,12% para 0,22% (7,61% a/a). Os alívios em alimentos e combustíveis fizeram o IPC-S cair de 0,70% para 0,52% (ante expectativa de 0,57%) na segunda prévia de abril, acumulando 3,47% em 12 meses, mínima em 32 meses. Relatório Focus (do último dia 14): no IPCA, altas de 5,98% para 6,01% (2023), de 4,14% para 4,18% (2024) e estável em 4,00% (2025). No PIB, seguiu em 0,90% (2023), quedas de 1,44% para 1,40% (2024) e de 1,76% para 1,72% (2025). Na taxa Selic, queda de 12,75% para 12,50% (2023), estáveis em 10,0% (2024) e em 9,0% (2025). A balança comercial teve superávit de R$ 2,2 bi na última semana, com exportações de R$ 7,5 bi (-1,1% a/a) e importações de R$ 5,3 bi (-2,3% a/a). No ano, o superávit é de R$ 20,9 bi (R$ 20,4 bi até abril de 2022). A Petrobras anunciou a redução do preço de gás natural em 8,1%, válido a partir de 1º de maio. Hoje, leilão do TN (LFT e NTN-B) às 11h30. Romi divulga resultado.

Ótima terça-feira!

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Nicolas Borsoi

Economista-chefe da Nova Futura Investimentos

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