– Novamente, recorro a Ariano Suassuna na coluna Empresa-Cidadã, desta vez, recordando a conferência “Encontro com o Brasil”, promovida pela Fundação Alexandre de Gusmão, no Palácio Itamaraty (Rio de Janeiro), em 7 de maio de 2007 (youtube.com/watch?v=7lvpTqDC32o&t=601s). Neste local, onde a atualíssima palavra do acadêmico aconteceu, foram formados muitos dos brilhantes e patriotas diplomatas brasileiros, hoje deixados no desvio.
– Destacando alguns trechos da conferência de Ariano Suassuna, começo por onde ele fala: “A política externa do Brasil está me alegrando muito. Eu estou vendo o Brasil se unir com os outros países da América Latina e estou vendo o Brasil estender a mão para a África. A opção do Ministério das Relações Exteriores do Brasil de privilegiar as relações com os países e continentes mais pobres sempre teve seus críticos – eu ficava logo com vontade de dizer – mas sempre teve entusiastas.”
– “Está lá (no livro) A Pedra do Sino. Deixe-me sonhar desde agora com a Grande Nação que vá do México à Patagônia. Num dos últimos sermões, o Cristo disse uma frase que é enigmática, e muito boa para nós, países pobres, magros, escuros e famintos do mundo. Ele disse ‘No último dia, o Dia do Juízo, a Rainha do Meio Dia se levantará sobre as outras nações, por que a Rainha Etíope de Sabá reconheceu a grandeza de Salomão. E aqui está Quem é maior do que Salomão.’”
– “Ele pegou um acontecimento histórico, da viagem de uma rainha africana à presença de Salomão e, com isso, Ele criou o mito da Rainha do Meio Dia por que, nas palavras Dele, a Rainha do Meio Dia não é mais a Rainha de Sabá somente. São todas estas nações com as quais eu sonho, com a união com o Brasil.”
– “Na História Antiga, existia um império enorme, poderoso, chamado Roma – e tinha Cartago, que se opôs a ela. O império, hoje, é os EUA e seus aliados, e a gente tem que fazer o papel de Cartago. Não para ser derrotado, por que a gente vai ganhar esta briga. Vamos ganhar.”
– “Eu estou perfeitamente consciente de que o ideal é a fraternidade universal. Eu sou um cristão católico e sonho com a Unidade Universal, mas esta Unidade não pode se confundir com uniformidade cultural, nem com cosmopolitismo, que é a caricatura do verdadeiramente universal. A universalidade tem que se realizar com respeito à identidade cultural de cada um. Este é o sonho de tudo que eu penso sobre o Brasil.”
– Eu também.
Bayer
Há dias, o jornal The New York Times publicou página inteira de matéria paga para dizer, entre outras coisas: “Como novos líderes em agricultura, temos uma responsabilidade maior e um potencial agrícola, para o bem da sociedade e do planeta.”
“No ano anterior, em que adquirimos a Monsanto, nós ouvimos de jornalistas, políticos, cientistas, agências reguladoras, consumidores, partes interessadas, fazendeiros e vizinhança. Ouvimos perguntas e preocupações sobre nossa missão no agronegócio. Essas preocupações nos afetam e queremos direcioná-las. A agricultura é importante demais para que seja um obstáculo à sua própria evolução. Para assegurar avanços futuros, precisamos de mudanças.”
“Começando nestes dias, estamos levantando a barra do pano. Estamos entrando numa jornada para elevar nossas realizações em transparência, sustentabilidade e no engajamento entre as partes interessadas. Convidamos outras indústrias a participar conosco. No futuro, a inovação será avaliada não por sua capacidade de fazer mais, mas por fazer melhor. O mundo não deveria ter que escolher entre a segurança alimentar e proteção ambiental, mas, para evitar esta escolha, devemos nos abrir para os avanços da ciência. A inovação vai cortar a pegada ecológica do nosso portfólio. Vamos reduzir nosso impacto ambiental em 30% até 2030.”
E o Glifosato?
“O glifosato continuará a desempenhar uma missão importante na agricultura e no nosso portfólio.”
Anúncio de risco de cooptação?
“Vamos convocar as mentes mais brilhantes em Química, Biologia e Ciências da Computação para orientar cuidados com a saúde e a agricultura. Vamos convidar experts reconhecidos mundialmente para integrar o Conselho de Sustentabilidade da Bayer.”
Paulo Márcio de Mello é professor aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).