Brasil atinge pleno emprego

Taxa de desocupação é a menor da história. Diminui a informalidade, e rendimento médio mensal real fica em R$ 3,477 mil, valor recorde.

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Carteira de Trabalho Digital (foto: Marcelo Camargo, ABr)
Carteira de Trabalho Digital (foto: Marcelo Camargo, ABr)

A taxa de desocupação no Brasil para o trimestre de abril a junho de 2025 foi de 5,8%; no trimestre de janeiro a março de 2025 ficou em 7% e de abril a junho de 2024, em 6,9%. Trata-se da menor taxa de desocupação já registrada na série histórica da Pnad Contínua Mensal do IBGE, iniciada em 2012. De abril a junho de 2025, cerca de 6,3 milhões de pessoas estavam desocupadas no país.

Também foram recordes o nível da ocupação (58,8%, igualando-se ao trimestre de setembro a novembro de 2024) e o contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado, que chegou a 39 milhões. A taxa de informalidade foi a segunda menor já registrada.

O índice de 5,8% pode ser considerado de pleno emprego. Em entrevista ao site Brasil de Fato, Mauricio Weiss, economista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explica que há um entendimento de que, no caso brasileiro, a economia atinge o “pleno emprego” quando o percentual de desocupados baixa à casa dos 6% – algo que aconteceu entre 2012 e 2014 e que voltou a acontecer no final de 2024.

Outro destaque foi a quantidade de desalentados, com quedas, de 13,7% frente ao trimestre encerrado em maio, e de 14% ante o mesmo período de 2024.

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Também hoje, o IBGE publicou a reponderação da série histórica da Pnad Contínua Mensal. A reponderação da pesquisa em 2025 considera os totais populacionais das Projeções de Populações, divulgadas em 2024, que incorporam os resultados do último Censo Demográfico, realizado em 2022.

“O crescimento acentuado da população ocupada no trimestre influenciou vários recordes da série histórica, dentre eles a menor taxa de desocupação”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios.

A taxa composta de subutilização da força de trabalho (percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada) ficou em 14,4%, caindo 1,5 p.p. na comparação com o trimestre anterior (15,9%). Frente ao mesmo trimestre de 2024 também houve queda, de 2 p.p.

De abril a junho de 2025, cerca de 6,3 milhões de pessoas estavam desocupadas no país. No confronto com o trimestre móvel anterior (janeiro a março de 2025), no qual 7,6 milhões de pessoas não tinham ocupação, esse indicador recuou 17,4%, equivalente a menos 1,3 milhão de pessoas. Comparado a igual trimestre do ano passado, quando existiam 7,4 milhões de pessoas desocupadas, houve recuo de 15,4%, uma redução de 1,1 milhão de pessoas desocupadas na força de trabalho.

A quantidade de pessoas ocupadas no trimestre encerrado em junho deste ano era de aproximadamente 102,3 milhões, avanço de 1,8% em relação ao trimestre anterior. Na comparação contra o trimestre encerrado em junho de 2024, quando havia no Brasil 99,9 milhões de pessoas ocupadas, ocorreu alta de 2,4% (mais 2,4 milhões de pessoas). O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar), por sua vez, atingiu 58,8%, expansão de 0,9 p.p. ante o trimestre de janeiro a março de 2025 (57,8%). Confrontado ao mesmo trimestre do ano anterior (57,8%), esse indicador teve variação positiva de 1 p.p. O nível da ocupação no trimestre encerrado em junho de 2025, assim, igualou o recorde histórico do índice, obtido no trimestre móvel de setembro a novembro de 2024.

A taxa de informalidade foi de 37,8%, o que corresponde a 38,7 milhões de trabalhadores informais. Esse índice foi inferior ao verificado tanto no trimestre móvel anterior (38%), como no mesmo trimestre de 2024 (38,7%). A taxa de informalidade registrada de abril a junho de 2025 só é maior do que a observada em igual trimestre de 2020 (36,6%). A queda na informalidade aconteceu apesar da elevação de 2,6% do contingente de trabalhadores sem carteira assinada (13,5 milhões), acompanhada da alta de 3,8% do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ (mais 256 mil) na comparação trimestral, e mostrou estabilidade no confronto anual. Vale ressaltar que o contingente de ocupados com carteira assinada no setor privado foi recorde: 39 milhões, resultado superior (0,9%) ao apresentado no trimestre anterior e crescimento de 3,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

O contingente de desalentados no trimestre encerrado em junho (2,8 milhões) atingiu o menor nível desde 2016. Ocorreram recuos de 13,7% frente ao trimestre de janeiro a março de 2025, e de 14% em relação a abril a junho de 2024, quando existiam 3,2 milhões de pessoas desalentadas no Brasil.

Dos 10 grupamentos de atividade investigados pela Pnad Contínua, apenas administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais registrou crescimento na ocupação frente ao trimestre móvel anterior (janeiro a março de 2025). Os demais não apresentaram variação significativa.

Segundo Adriana Beringuy, “o crescimento significativo do grupamento administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi concentrado no segmento de educação”. O número de empregados no setor público (12,8 milhões), expandindo-se tanto no trimestre (5%) quanto no ano (3,4%), estabeleceu recorde da série histórica da pesquisa.

Em relação ao trimestre de abril a junho de 2024, cinco grupamentos aumentaram seu contingente de trabalhadores: indústria geral (4,9%, ou mais 615 mil pessoas), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3%, ou mais 561 mil pessoas), transporte, armazenagem e correio (5,9%, ou mais 331 mil pessoas), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,8%, ou mais 483 mil pessoas) e administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (3,7%, ou mais 680 mil pessoas). Não houve variação significativa nos demais grupamentos.

Ainda segundo o IBGE, o rendimento médio mensal real habitual de todos os trabalhos chegou a R$ 3.477 no trimestre de abril a junho de 2025, um patamar recorde. Houve crescimento de 1,1% ante o período de janeiro a março desse ano, e de 3,3% quando comparado ao mesmo trimestre do ano anterior. Já a massa de rendimento real habitual (a soma das remunerações de todos os trabalhadores) atingiu R$ 351,2 bilhões, também recorde, subindo 2,9% no trimestre, um acréscimo de R$ 9,9 bilhões, e aumentando 5,9% (mais R$ 19,7 bilhões) no ano.

De acordo com Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, o que chama a atenção nos números “é o crescimento da população ocupada, que indica que um número maior de trabalhadores está empregado, ao mesmo tempo que a informalidade atingiu a menor taxa já registrada na série.”

“Em termos de inflação, o mercado de trabalho ainda muito aquecido está em linha com o último comunicado do Copom, divulgado ontem. O comitê ressaltou que apesar da incipiente redução na atividade econômica, a resiliência no mercado de trabalho e o crescimento da renda real ainda são um fator de atenção para inflação futura e contribuem para uma taxa Selic alta por mais tempo.”

Com informações da Agência de Notícias IBGE

Matéria atualizada às 18h55 para inclusão de informações sobre pleno emprego

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