A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 – Perfil das Despesas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), divulgada nesta quarta-feira, revela que no Brasil, a despesa total per capita em 2017-2018 foi de R$ 1.667,90. Deste total, R$ 1.554,06 correspondem às despesas correntes, R$ 63,61 ao aumento do ativo e R$ 50,22 à redução do passivo. As despesas de consumo totalizaram R$ 1.370,53. Entre elas, Habitação é a responsável pela maior parcela (R$ 466,34), seguida das despesas com Transporte (R$ 234,08) e Alimentação (R$ 219,44).
Segundo o estudo, quando a pessoa de referência da família é mulher, a despesa total per capita (R$ 1.524,17) é 12,4% menor do que em famílias com homem de pessoa de referência (R$ 1.764,73). Esta diferença chega a 32,2% no grupo transporte, com gasto de R$ 268,96 per capita em famílias cujo responsável é homem e R$ 182,29 quando mulher.
Chega a 47% a diferença na despesa total per capita entre famílias cujo responsável era branco (R$ 2.279,19) e preto ou pardo (R$ 1.207,11). Destacam-se os contrastes nas despesas com habitação (R$ 330,72 para pretos ou pardos e R$ 644,31 para brancos), assistência à saúde (R$ 94,99 para pretos ou pardos e R$ 183,94 para brancos) e alimentação (R$ 181,60 e R$ 269,44, respectivamente), além da diferença entre as despesas de famílias chefiadas por pessoas sem instrução (R$ 776,29) e com superior completo (R$ 4.230,44).
Gasto médio
No Brasil, o gasto médio por pessoa com moradia era, segundo a POF 2017-2018, de R$ 264,66, sendo R$ 249,32 na área urbana e de R$ 15,34 na área rural. Para calcular essa média, são consideradas despesas com aluguel, condomínio, aluguel estimado e Imposto Predial e Territorial e Urbano (IPTU) e Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). A maior parte das despesas é o aluguel estimado (R$ 202,08 ou 76,4%), ou seja, o valor de aluguel, segundo opinião do entrevistado, pagaria para domicílios próprios ou cedidos. A seguir, vêm aluguel (12,7%), condomínio (6,8%) e IPTU ou IPR (4,1%).
O Sudeste concentra 57,7% (ou R$ 152,72) das despesas com moradia, em função do valor de R$ 112,01 do aluguel estimado, enquanto as demais regiões somam R$ 40,70 neste item.
No Brasil, 1,7% das pessoas vivem em domicílios cujo valor do aluguel ultrapassa 1/3 da renda familiar líquida disponível, o que é considerado ônus excessivo de aluguel. A quase totalidade destas pessoas (1,6%) vivem em área urbana e a maior parte no Sudeste (1,0%).
Densidade domiciliar excessiva ocorre quando o número médio de moradores por dormitório é superior a três. A proporção da população vivendo nestas condições é de 5,7%, sendo que na área urbana a parcela é de 4,6% e, no setor rural, 1,1%. Esta distribuição concentra-se no Sudeste (2,4%) e no Nordeste (1,4%). Além disso, a densidade domiciliar excessiva atinge 4,7% das pessoas em famílias com mais de um adulto e ao menos uma criança, e 4,2% das pessoas cujo responsável pela família é preto ou pardo.
Domicílios inadequado
Considerou-se inadequado o domicílio que tem ao menos uma das seguintes características: material predominante da parede de alvenaria ou taipa sem revestimento, madeira aproveitada ou outro material; material predominante da cobertura de telha sem laje de concreto, somente laje de concreto, zinco, alumínio ou outros materiais; material predominante do piso de cimento, terra ou outro material; domicílio sem banheiro exclusivo, ou seja, de uso comum a mais de um domicílio ou sem banheiro.
Assim, 23,5% da população não vivem em uma moradia plenamente adequada, sendo 15,7% na área urbana e 7,8% na área rural. As regiões Nordeste e Sudeste são as que tem mais pessoas vivendo com alguma inadequação no domicílio, 10,6% e 5,8%.
Quando a pessoa de referência da família é branca, a proporção de pessoas com ao menos um tipo de inadequação no domicílio é de 6,2%, entretanto, quando a pessoa de referência é preta ou parda, esta proporção sobe para 17,0%.
A avaliação do padrão de vida em relação a moradia mostrou que, do 1,6% de pessoas que tem ônus excessivo de aluguel, 1,0% avaliam como bom seu padrão de moradia, 0,5% como satisfatório e apenas 0,20% como ruim. Dos 5,7% da população que vivem em densidade domiciliar excessiva, 2,6% avaliam como bom, 1,8% satisfatório e 1,2% ruim. Já para pessoas que residem em domicílios com alguma inadequação (23,5%), a avaliação é boa para 12,6%, satisfatória para 7,3% e ruim para 3,7%.
Os indicadores subjetivos avaliam a opinião da pessoa de referência da família sobre cinco aspectos de risco do domicílio: problemas ambientais causados pelo trânsito ou indústria; proximidade a rio, lago, baía etc. poluídos; área sujeita a inundação; localização em encosta ou área sujeita a deslizamento; e violência ou vandalismo na área de residência.
Violência ou vandalismo afetam 38,2% da população no Brasil. Mesmo no Sul, onde é menor a proporção de pessoas com risco, o percentual ainda é elevado (29,4%). No Norte, 42,7% da população sofre com este problema, e as demais regiões têm taxas em torno dos 40%.
Fumaça, mau cheiro, barulho e outros problemas ambientais causados pelo trânsito ou indústria foram relatados por 25,3% das pessoas pesquisadas, sendo que 23,3% estão no setor urbano. Esta questão afeta mais as pessoas do Sudeste, 11,5%, e Nordeste, 6,5%.
Domicílios próximos a rio, baía, lago, açude ou represa poluídos abrigam 15,8% das pessoas no país. A região Norte é a menos populosa do país, mas tem a maior proporção (19,8%) de pessoas afetadas pela poluição hídrica de fontes de água doce.