Na passagem de março para abril, a produção industrial do país subiu 0,1%, quarto mês consecutivo de resultados positivos. No acumulado para o primeiro quadrimestre de 2025, o setor avança 1,4%. Em 12 meses, apesar da taxa positiva (2,4%), houve perda de ritmo frente aos resultados de março (3,1%), fevereiro (2,6%) e janeiro de 2025 (2,9%). Em relação a abril de 2024, houve queda de 0,3%, interrompendo 10 meses consecutivos de crescimento. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada pelo IBGE. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os dados reforçam os sinais do primeiro trimestre de 2025, que indicaram menor tração no setor. “Taxas de juros em elevação, incertezas externas e internas na condução de política econômica e fatores climáticos, mesmo que pontuais, vêm contribuindo para isso”, analisa a entidade.
Considerada apenas a indústria de transformação, a evolução em abril de 2025 foi ainda mais fraca: queda de 0,5% frente a março, com ajuste sazonal, e perda de 2% na comparação com abril de 2024.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ressalta que, apesar do resultado positivo da produção industrial, a atividade permanece 14% abaixo da máxima histórica alcançada em 2011, evidenciando a fragilidade do setor. “Refletindo esse cenário adverso e a falta de perspectivas concretas para a recuperação da indústria, a confiança do empresário industrial permanece no campo pessimista há cinco meses consecutivos”, lamenta a entidade.
“Diante de um quadro marcado por juros elevados e um ambiente externo incerto, é necessário um ambiente mais favorável, com segurança jurídica que permita o planejamento financeiro das empresas e maior previsibilidade para os negócios. A tentativa de implementar medidas para recompor receitas, que acabam onerando ainda mais o setor produtivo, expõe o esgotamento do atual regime fiscal. Para restaurar a confiança dos empresários e fortalecer o cenário macroeconômico, a Firjan destaca que são fundamentais medidas estruturais permanentes. Avançar em uma agenda de reformas que promova estabilidade, eficiência na gestão pública e equilíbrio fiscal é essencial e deve ser prioridade para garantir o desenvolvimento sustentável do país”, defende a Firjan.
“Frente ao patamar alcançado em dezembro do ano passado, a atividade industrial acumula expansão de 1,5%. Apesar do resultado muito próximo da estabilidade em abril de 2025, verifica-se um predomínio de taxas positivas, alcançando três das quatro categorias econômicas e 13 dos 25 ramos industriais pesquisados. Vale destacar que com esses resultados, a produção industrial se encontra 3% acima do patamar pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020, mas ainda 14,3% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011”, contextualiza o gerente da Pesquisa Industrial Mensal, André Macedo.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital (1,4%), bens intermediários (0,7%) e bens de consumo duráveis (0,4%) ficaram no campo positivo, enquanto bens de consumo semi e não duráveis (-1,9%), no negativo.
Para as atividades, as influências positivas mais significativas vieram de indústrias extrativas (1%) e bebidas (3,6%).
“O setor extrativo, que acumula expansão 7,5% em três meses consecutivos de crescimento na produção, foi impulsionado pela maior extração de petróleo e minério de ferro”, destaca Macedo.
Ele também explica que a atividade de bebidas, após apresentar estabilidade nos meses de março (0%) e fevereiro (-0,1%), teve como destaque a maior produção de cerveja, chopp e refrigerante.
Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria foram registradas pelos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (1%) e de impressão e reprodução de gravações (11%).
Por outro lado, entre as 11 atividades industriais com queda na produção em abril, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,5%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-8,5%) exerceram os principais impactos negativos na média da indústria.
“Ambas as atividades eliminaram parte dos avanços verificados em março de 2025. Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis havia avançado 3,4% e foi influenciada pela redução na produção do álcool e derivados do petróleo, enquanto a queda na indústria farmacêutica, após crescimento de 12% em março, foi influenciada pela queda na fabricação de medicamentos.”
Destacam-se, ainda, as influências negativas de celulose, papel e produtos de papel (-3,1%), de máquinas e equipamentos (-1,4%), de móveis (-3,7%), de produtos diversos (-3,8%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-1,9%).
Em relação a abril de 2024, a variação de -0,3% interrompe 10 meses consecutivos de crescimento e mostra predomínio de resultados negativos, alcançando duas das quatro grandes categorias econômicas e 16 das 25 atividades.
O gerente ressalta que “o recuo verificado no índice de abril frente a abril do ano passado foi influenciado não só pelo efeito-calendário, já que abril de 2025 teve dois dias úteis a menos, mas também pela base de comparação elevada, uma vez que em abril de 2024 a atividade industrial avançou 8,4%”.
Entre as grandes categorias econômicas, bens de consumo semi e não duráveis (-5,4%) e bens de capital (-3,3%) ficaram no campo negativo, acompanhando o movimento registrado pelo total da indústria (-0,3%). Por outro lado, os setores produtores de bens intermediários (1,9%) e de bens de consumo duráveis (2%) tiveram resultados positivos em abril de 2025.
Já entre as atividades, as principais influências negativas no total da indústria foram registradas por produtos alimentícios (-4,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,7%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9%).
Outras contribuições negativas importantes vieram de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-3,8%), de impressão e reprodução de gravações (-17,5%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-5,3%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,8%), de produtos diversos (-5,3%) e de produtos de borracha e de material plástico (-1,5%).
Por outro lado, na mesma comparação, entre as nove atividades com expansão na produção, indústrias extrativas (10,2%) exerceu a maior influência na formação da média da indústria. Vale destacar também as contribuições positivas dos ramos de metalurgia (4,4%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (10,4%), de máquinas e equipamentos (2,5%), de produtos têxteis (6,6%), de bebidas (2,5%) e de produtos químicos (0,9%).
Com informações da Agência de Notícias IBGE
Matéria atualizada às 19h13 para inclusão de análise do Iedi e às 17h41 para incluir análise da Firjan
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