IBGE: prévia da inflação sobe 0,48% em setembro

Com fim do Bônus Itaipu, energia elétrica residencial pesou no IPCA-15 do mês

435
Conta de energia (foto de Marcello Casal Jr, ABr)
Conta de energia (foto de Marcello Casal Jr, ABr)

A prévia da inflação de setembro apresentou alta de 0,48%, após o índice de -0,14% registrado em agosto. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado hoje pelo IBGE, aponta que a maior variação e o maior impacto positivo vieram do grupo habitação, com 3,31% e 0,50 p.p., respectivamente. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,76% e, nos últimos 12 meses, a variação foi de 5,32%, acima dos 4,95% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2024, a taxa havia sido de 0,13%.

Além de habitação, quatro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no mês de setembro: vestuário (0,97%), saúde e cuidados pessoais (0,36%), despesas pessoais (0,20%) e educação (0,03%). Alimentação e bebidas (-0,35%), transportes (-0,25%), artigos de residência (-0,16%) e comunicação (-0,08%) apresentaram variação negativa.

Responsável pela maior variação e o maior impacto no índice deste mês, o grupo habitação voltou a mostrar expansão frente a agosto, quando caiu 1,13%. Após a queda de 4,93% no mês passado, os preços da energia elétrica residencial, subitem com maior impacto positivo no IPCA-15 de setembro (0,47 p.p.), subiram 12,17%, contribuindo para o resultado do grupo. Houve o fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de agosto.

Além disso, a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, a partir de 1º de setembro, adicionou R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos. Também ocorreu reajuste tarifário de 4,25% em Belém (11,38%), a partir de 7 de agosto.

Espaço Publicitáriocnseg

Ainda em habitação, a taxa de água e esgoto (0,02%) foi reajustada em 4,97% em Salvador (0,31%), a partir de 18 de julho, e o resultado do gás encanado (0,19%) foi consequência do aumento de 6,41% nas faturas em Curitiba (3,32%), a partir de 1° de agosto, e da redução média de 1,22% nas tarifas do Rio de Janeiro (-0,66%), também a partir do mesmo dia.

Já o grupo vestuário (0,97%) teve como destaques as altas nas roupas femininas (1,19%) e nos calçados e acessórios (1,02%). Em saúde e cuidados pessoais (0,36%), o subitem plano de saúde subiu 0,50%.

A queda de preços de alimentação e bebidas (-0,35%) em setembro foi a quarta seguida. Em agosto, esse grupo recuou 0,53%. A alimentação no domicílio teve redução de 0,63% nos preços em setembro, ante a variação de -1,02% observada em agosto. As quedas do tomate (-17,49%), da cebola (-8,65%), do arroz (-2,91%) e do café moído (-1,81%) impactaram o resultado. No lado das altas destacaram-se as frutas, cujos preços subiram, em média, 1,03%.

Em relação à alimentação fora do domicílio, ocorreu desaceleração de agosto (0,71%) para setembro (0,36%), em virtude das altas menos intensas do lanche (de 1,44% em agosto para 0,70% em setembro) e da refeição (de 0,40% para 0,20%).

A redução de preços no grupo transportes (-0,25%), por sua vez, foi provocada principalmente pelo seguro voluntário de veículo (-5,95%) e pelas passagens aéreas (-2,61%). A respeito dos combustíveis (-0,10%), gás veicular (-1,55%) e gasolina (-0,13%) registraram queda nos preços, enquanto o óleo diesel (0,38%) e o etanol (0,15%) apresentaram altas.

Gratuidades concedidas no metrô (-0,67%) em Brasília (-9,85%), e no ônibus urbano (-0,79%) em Brasília (-9,85%) e Belém (-6,27%), além da redução de tarifa em Curitiba (-2,86%), foram fatores que também repercutiram no grupo transportes. Cabe citar ainda o táxi (4,44%), que teve reajuste médio de 24,53% nas tarifas em Belém (21,53%), a partir de 12 de agosto, e de 12,37% nas tarifas em São Paulo (10,55%), a partir de 11 de agosto.

Quanto aos índices regionais, todas as 11 áreas pesquisadas tiveram alta de preços em setembro. A maior variação foi registrada em Recife (0,80%), por conta das altas da energia elétrica residencial (10,69%) e da gasolina (4,78%). Já o menor resultado ocorreu em Goiânia (0,10%), que apresentou queda nos preços da gasolina (-2,78%) e do tomate (-24,39%).

IPCA-15 veio levemente abaixo do consenso de mercado, que era de 0,51%

Segundo Sara Paixão, analista de Macroeconomia da InvestSmart XP, “o IPCA-15 de serviços avançou 0,12% em setembro, bem abaixo dos 0,50% apresentados em agosto, a difusão recuou de 57% para 53% e o núcleo avançou 0,19% em setembro, frente 0,31% no mês anterior.”

“Esses indicadores são importantes para a avaliação do Copom sobre a Selic e foram ressaltados pelo comitê na ata como um ponto que ainda demandava cautela adicional na condução da política monetária. Importante ressaltar que o resultado de hoje não deve alterar a perspectiva de que o início do ciclo de corte de juros deve começar apenas no início de 2026, mas é mais um indicativo dos efeitos da política monetária restritiva para a economia.”

Ela lembra que o destaque de alta (o grupo de habitação), no mês passado, já havia sido beneficiado pela incorporação do bônus de Itaipu, que reduziu o preço da energia elétrica. Já esse mês, com o fim do bônus e a continuidade da bandeira tarifária vermelha patamar 2 na eletricidade, a energia elétrica residencial foi o subitem com maior impacto de alta no índice, apresentando variação de 12,17%.

“Já entre as surpresas positivas, a alimentação apresentou queda pela quarta vez consecutiva, beneficiada pela queda no preço das commodities e pela apreciação do real frente ao dólar.”

Com informações da Agência Brasil e da Agência de Notícias IBGE

Leia também:

Siga o canal \"Monitor Mercantil\" no WhatsApp:cnseg