Ibope: quase metade das lojas de novos shoppings estão vazias

487

Pesquisa da unidade de shopping, varejo e imobiliário do Ibope Inteligência mostra que a vacância média nos shoppings centers brasileiros inaugurados nos últimos três anos é de 45%. Isso significa que do total de 13,4 mil lojas lançadas nos 77 shoppings inaugurados no país entre 2013 e 2015, aproximadamente 6 mil estão desocupadas.
– O crescimento acelerado teve seu preço. Muitos projetos foram superdimensionados ou instalados em localizações duvidosas. O caixa cheio de algumas empresas levou a uma expansão desordenada, cujo resultado é o que se vê agora: shoppings centers com elevadas taxas de vacância e projetos prontos que postergam sua inauguração por falta de varejistas – diz a diretora da Unidade de Shopping, Varejo e Imobiliário do Ibope Inteligência, Marcia Sola.
A vacância nas regiões Norte e Centro-oeste são as que apresentam os piores resultados: 56% e 53%, respectivamente. Mesmo os shoppings inaugurados em 2013, que já passaram por três períodos de Natal, ainda apresentam vacância elevada (40%) e muitos não mostram tendência de melhoria na ocupação, pois ao mesmo tempo em que conseguem novos contratos de locação, também perdem muitos varejistas.
Já nos shoppings consolidados, aqueles inaugurados até 2012, grupo que soma 421 empreendimentos, 11,6 milhões de m² e 68 mil operações de varejo, a situação é bem melhor. A taxa atual de vacância desse grupo é 7,6% em área e 9,1% em número de lojas, o que representa 880 mil m² de espaço vago e 6,2 mil lojas vazias.
– Esse resultado, embora seja muito superior à média histórica do setor, não é desesperador, pois nesse patamar a vacância ainda é gerenciável. O problema é que a fila de espera de varejista na maior parte dos shoppings acabou, o que significa que ficará cada vez mais difícil repor os espaços vagos – aponta Marcia.
As regiões Sul e Sudeste apresentam os níveis mais altos de vacância. Nos dois casos, o motivo é o elevado número de inaugurações associado a uma maior presença de shoppings em cidades pequenas e médias, onde as condições de ocupação apresentam os piores resultados. Da mesma forma, os shoppings pequenos (com menos de 20 mil m² de área comercial) apresentam taxas de vacância maior do que os demais (12%).
A pesquisa mostra também que entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016 foram inauguradas 5.850 operações varejistas nos shoppings consolidados, porém foram fechadas 5.600. Nesse período, as categorias que tiveram saldo negativo foram as relacionadas a casa: eletrodomésticos, móveis, decoração e cama, mesa e banho. Também tiveram saldo negativo as categorias brinquedos e bijuterias.
Por outro lado, as categorias que apresentam saldo positivo são: alimentação, serviços, roupas e calçados.
– Há uma tendência clara dos shoppings de ampliar a área ocupada com alimentação e serviços. O primeiro porque tem um tíquete médio superior a muitas outras categorias e o segundo porque acredita-se que podem contribuir para aumentar o fluxo de pessoas, principalmente no período diurno – salienta Marcia.
No total, somando shoppings novos e consolidados, o estoque de Área Bruta Locável (ABL) e lojas é muito elevado: 1,75 milhão de m² e 12 mil lojas. Essa área disponível é o equivalente a, aproximadamente, 58 shoppings de 30 mil m².

Novos empreendimentos – Na segunda quinzena de março, o Ibope Inteligência contabilizou mais 58 shoppings em construção no país, que somam um total de 1,75 milhão de m² de ABL e 11,4 mil lojas. A implantação desses shoppings no mercado brasileiro nos próximos três anos representará um crescimento de 15% sobre a atual capacidade instalada.
Desses, quase metade dos projetos previstos para até 2019 está prometida para este ano. Alguns, inclusive, já estavam prontos, mas se viram obrigados a postergarem a inauguração pela falta de varejistas.
– Além do momento difícil, há ainda o problema da localização: muitos deles estão localizados em pontos, no mínimo, duvidosos, o que torna as perspectivas de ocupação e atração de fluxos ainda mais preocupantes – afirma a diretora do Ibope Inteligência.
O cenário fica ainda pior quando se soma a área já em operação aos shoppings que estão em construção. O resultado é um saldo negativo de 23,6 mil operações varejistas, o que representa 29% do número total de lojas existentes nos shoppings atualmente.
– Se, na melhor das hipóteses, acontecer uma retomada ainda que moderada da economia no segundo semestre e que esse movimento se acelere nos próximos anos, serão necessários seis anos para todo o espaço vago existente no mercado atualmente ser ocupado. Ou seja, para empreendedores mais cautelosos, novos projetos devem mirar 2022 ou além – conclui Marcia.
Atualmente, existem 498 shoppings em operação no país, que totalizam 13,9 milhões de m² de Área Bruta Locável (ABL) e 82 mil lojas.

Associação Comercial de SP aponta queda no comércio paulistano no trimestre
O movimento de vendas no varejo da capital paulista teve queda média de 14,1% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
de 11,2% nas vendas a prazo e de 17% nas vendas a vista.
Segundo o presidente da ACSP e da Facesp, Alencar Burti, embora a retração seja elevada, os números já eram esperados.
– A crise do comércio se aprofundou nos primeiros meses do ano em função da piora dos fatores macroeconômicos. Os trabalhadores estão inseguros, o que os afasta do consumo – comenta Burti.
Para fins de comparação, no primeiro trimestre de 2015 o Balanço de Vendas da ACSP registrou queda média de 3,3% sobre igual período do ano anterior. Apenas em março, o movimento de vendas do varejo paulistano sofreu tombo médio de 14,5% sobre março de 2015 – os recuos foram de 11,3% e 17,7%, respectivamente, nas comercializações a prazo e a vista.
Já na comparação com fevereiro deste ano, março apresentou altas de 17,7% (a prazo) e 9,9% (a vista). Contudo, essas elevações são meramente sazonais. Além de ter tido dois dias úteis a menos que março, fevereiro é um mês tradicionalmente fraco para o comércio varejista em decorrência do Carnaval e da baixa atividade de consumo na cidade, com muitos consumidores de férias.

SPC e CNDL: 62% dos micro e pequenos empresários relatam piora em suas empresas
O Indicador de Confiança dos micro e pequenos empresários (MPEs) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registrou uma leve melhora em março e atingiu os 43,15 pontos, acima dos 42,99 pontos apresentados em fevereiro. O resultado segue abaixo do nível neutro de 50 pontos, demonstrando que os empresários entrevistados continuam pouco confiantes com as condições econômicas do país e de seus negócios.
Para especialistas, a crise econômica e política nos últimos seis meses pesam na confiança dos empresários. Os negócios dos MPEs são afetados pela conjuntura atual e 62,5% consideram que as condições gerais de suas empresas pioraram nos últimos seis meses. Já para as condições gerais da economia o percentual é ainda maior: 82,5% dos entrevistados afirmam que pioraram no último semestre.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, as projeções seguem apontando forte queda da atividade econômica ainda este ano.
– Nos últimos dias, porém, a perspectiva de que o impasse político tenha alcançado o ápice, com desfecho próximo, animou o mercado”, diz. “Os empresários consideram que sem crise política as medidas econômicas possam ter início de fato, dando mais segurança aos próprios empresários e aos consumidores e possibilitando a retomada do crescimento. A consolidação da confiança é uma condição necessária para que as empresas realizem investimentos e façam novas contratações – explica Pinheiro.
A abertura do Indicador de Confiança, chamada de Indicador de Condições Gerais, que mensura a percepção do empresariado tanto em relação à trajetória da economia como de seus negócios nos últimos seis meses, registrou 25,94 pontos em março, o que representa uma piora em relação a fevereiro (27,7 pontos).
O subindicador das condições gerais para os negócios, que avalia apenas a percepção do empresário em relação ao seu próprio empreendimento, levando em consideração os últimos seis meses, também esboçou piora, passando de 33,96 pontos, verificado em fevereiro, para 31,19 pontos em março. A mesma situação ocorreu com o subindicador de condições gerais que diz respeito somente à situação econômica do país, de 21,45 para 20,68 pontos. Os resultados, muito abaixo dos 50 pontos, indicam que na percepção desses empresários, houve piora tanto da economia quanto dos negócios.
O levantamento do SPC Brasil mostra que apenas 9,4% dos micro e pequenos empresários notaram uma melhora em seus negócios nos últimos seis meses. Em relação à economia do país, o percentual é ainda menor: 5,9%.

Espaço Publicitáriocnseg

Mais de 50% não têm perspectivas de crescimento nas receitas
Mesmo em meio a crise, a expectativa dos micro e pequenos empresários sobre os próximos seis meses de seus negócios apresentou melhora. O Indicador de Expectativas para os negócios passou de 60,80 pontos em fevereiro para 62,19 pontos em março. O resultado mostra que a maior parte dos empresários se diz relativamente confiante com sua empresa. Já o indicador de expectativas com a economia do país ficou em 49,92 pontos, levemente acima do observado em fevereiro, quando estava em 48,11 pontos. Com isso, o Indicador Geral de Expectativas registrou 56,06 pontos, ante os 54,45 pontos do mês anterior.
A maioria dos empresários expressa confiança com relação aos seus negócios (56,25%), mas a proporção diminui quando se considera a conjuntura econômica (40,1%). “Mesmo tendo clareza de que nos últimos meses o ambiente de negócios deteriorou-se, desde o início do ano os micro e pequenos empresários mostram-se mais confiantes”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
– Principalmente quando consideram o seu próprio negócio, onde proprietário tem ingerência e pode promover ajustes para enfrentar a crise – explica.
Considerando as expectativas sobre o faturamento da empresa nos próximos seis meses, 60,3% dos micro e pequenos empresários não têm perspectivas de que suas receitas cresçam e 35,3% acreditam que o faturamento irá crescer. Entre estes, 29,8% estão buscando novas estratégias de venda e 28,7% estão otimistas.
Para os empresários que acreditam que o faturamento irá cair, a maioria (71,4%) diz que a crise econômica está afetando suas vendas.
O Indicador e suas aberturas mostram que houve melhora quando os pontos estiverem acima do nível neutro de 50 pontos. Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui