Ibovespa acima de tudo, real acima de todos

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Fachada da Bovespa (Foto: Hugo Arce/Fotos Públicas/reprodução ABr)
Fachada da Bovespa (Foto: Hugo Arce/Fotos Públicas/reprodução ABr)

Após uma semana de bastante volatilidade nos mercados internacionais, os investidores esperam os dados de criação/destruição de vagas de trabalho nos EUA. Esse é uma variável chave para a determinação da estratégia de desinflação do Banco Central americano. A expectativa coletada pela Bloomberg é a de criação de 300 mil vagas em setembro.

Enquanto o dado não sai, os mercados acionários europeus ficam mornos, com Londres subindo 0,1%, Paris subindo 0,05% e Frankfurt com -0,14%. O euro opera a US$ 0,9788, o que representa 0,035% de variação e a cesta de moedas DXY cai 0,15%, indicando valorização média das moedas contra o dólar.

Os títulos de 10 anos do tesouro do EUA tiveram leve alta em seus yields, de 1 ponto base e estão saindo a 3,83% aa. O dado estava programado para sair às 9h30 e prometia mexer com o mercado antes do final de semana que antecederá a reunião de outono do FMI que promete notícias desagradáveis.

O Fundo divulgará seus relatórios de perspectivas econômicas e de estabilidade financeira. Ambos devem sinalizar as preocupações da instituição em relação ao crescimento global e à saúde financeira dos países membros. A gerente do FMI, Kristalina Goergina, vem sinalizando que as pesquisas indicam que a economia global deve crescer muito menos que o esperado na última reunião, na primavera, e que os problemas gerados pela alta dos juros no sistema financeiro global devem ser monitorados.

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A comunidade acadêmica e de formuladores de política está apreensiva sobre a possibilidade de administrar a desinflação global sem jogar a economia em uma recessão severa e com riscos de crise financeira. O índice SP 50 se mantém em alta, de 4%, na semana, após três semanas de queda. Mas essa alta ainda não convenceu os investidores que o pior já passou.

No Brasil, as boas notícias da economia continuam sustentando o descolamento do país em relação ao resto do mundo. A inflação medida pelo IGP-DI apresentou forte queda e animou os mercados de juros. O Ibovespa fechou muito próximo do zero a zero, mas operou em alta na maior parte do pregão. O Ibovespa acumula quase 7% de alta na semana e não há indícios de que possa terminá-la de forma azeda para os investidores.

As pesquisas divulgadas na semana, Ipec, Poder360 e Quaest, indicam que Lula está na frente, mas as chances de Bolsonaro cresceram expressivamente, com a diferença entre ambos diminuindo em relação à votação de domingo passado. Isso já foi suficiente para reafirmar a crença de que o Brasil se manterá descolado do mundo, haja o que houver.

Em certa medida, os investidores adaptaram o lema de campanha de Bolsonaro para “Ibovespa acima de tudo, real acima de todos”. Isso porque ambos, Ibovespa e real, têm mantido uma performance superior a todos os seus pares, excetuando-se o rublo, que está totalmente distorcido.

Fica claro que diante da ausência de um evento catastrófico, o Brasil segue sendo uma aposta de baixo risco. Nesse mês os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 4,2 bilhões, considerados apenas três pregões. No ano, a conta é de R$ 74 bilhões segundo a B3.

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Pedro Paulo Silveira

Nova Futura Asset

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