Ibovespa afunda 8,8% e dólar tem maior alta em mais de 14 anos

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O Ibovespa acelerou as perdas na última hora de pregão após o presidente Michel Temer anunciar em coletiva que não irá renunciar ao cargo. Temer iniciou o discurso às 16h11 e encerrou às 16h16 (horário de Brasília). Nesse meio tempo, o Ibovespa mergulhou de 62.288 pontos para 61.600 pontos.

Com isso, o benchmark da bolsa brasileira fechou a sessão desta quinta-feira (18) com forte queda de 8,80%, aos 61.597 pontos. O volume financeiro foi de R$ 24,434 bilhões. Este é a maior queda diária desde 22 de outubro de 2008, quando o Ibovespa afundou 10,18%.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 dispararam 107 pontos-base, a 10,07%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 avançaram 177 pontos, a 11,39%.

A reação negativa do mercado sinaliza a preocupação com a capacidade de Temer manter a governabilidade após o escândalo que explodiu na noite de quarta-feira (17) com o vazamento da delação feita pelo dono da JBS, Joesley Batista, envolvendo o nome do atual presidente. Para analistas do mercado financeiro, a renúncia de Temer poderia acelerar o processo de restabelecer a governabilidade no País.

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As apostas de que Temer poderia renunciar ganharam força após ele mesmo ter dito que a governabilidade estava "insustentável", segundo fontes anônimas revelaram para vários veículos de comunicação. Contudo, assessores próximos de Temer sugeriram que ele desistisse da ideia de renunciar.

"O pior cenário seria Temer ficar sangrando no governo, sem governabilidade. O melhor cenário é ele renunciar e assim saímos daquele cenário de agonia que vivemos com Dilma", afirma um operador que não quis se identificar.

Vale destacar que, logo na primeira hora de pregão, o índice acionou o mecanismo de circuit breaker e ficou trinta minutos congelado. Os investidores precificaram os maiores riscos de queda do peemedebista e subsequente suspensão na tramitação da agenda de reformas do governo.

 

Destaques da Bolsa

 

Do lado acionário, o cenário foi de grande pessimismo e fortes quedas, com exceção das exportadoras, que se salvaram com a disparada do dólar. Somente 8 das 58 ações do índice registraram alta, com destaque para Fibria e Suzano, que subiram entre 8% e 10%. Apesar do movimento mais tímido, chamou atenção também as ações da Vale, que fecharam no positivo, após queda de mais de 7% na mínima do dia.

Do outro lado, as ações dos bancos apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa, mas um pouco distantes das mínimas do dia, com o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 27,08, -19,91%), Bradesco (BBDC3, R$ 26,10, -13,00%; BBDC4, R$ 27,30, -13,11%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,68, -12,05%) e Santander (SANB11, R$ 24,79, -11,15%), afundando entre 11% e 20%. No caso do BB, que viveu o maior estresse entre os 4 gigantes, a queda chegou a 25%.

Outras ações também se distanciaram das mínimas, como Petrobras (PETR3, R$ 14,40, -10,68%; PETR4, R$ 13,26, -15,05%), que caiu 20% na mínima do dia; e ação da Cemig (CMIG4, R$ 7,01, -20,43%), que no pior momento deste pregão atingiu queda de 42%. A Ambev (ABEV3, R$ 18,75, -4,53%) também amenizou o movimento, após alcançar desvalorização de 8,10%, a R$ 18,05.

 

Dólar

 

O dólar encerrou esta quinta-feira com a maior alta em mais de 14 anos, acima de 8% e aproximando-se do patamar de R$ 3,40. A moeda avançou 8,15%, a R$ 3,3890 na venda, maior alta desde 5 de março de 2003 (+10,4%), logo no início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O salto do dia acabou varrendo a baixa do dólar acumulada no ano até a véspera, de 3,45%.

Na máxima do dia, o dólar foi a R$ 3,4400, mas num pregão que teve como característica o baixo volume por conta dos temores dos investidores.

Diante da forte turbulência na cena política brasileira –que afetou até ativos no exterior, como os Treasuries norte-americanos–, o Tesouro Nacional e o BC atuaram.

O BC fez vendeu, por meio de leilões, 80 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, além de outros 8 mil papéis para a rolagem dos swaps que vencem em junho, no total de US$ 4,435 bilhões.

Além dos leilões de swap pelo BC, o Tesouro suspendeu o leilão de venda de LTN e LFT programado para esta sessão e anunciou três novos leilões de compra e venda de títulos para os próxiimos dias.

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