O Ibovespa fechou estável nesta quarta-feira, após cair até 1,23% na mínima do dia, em sessão marcada por cautela dos investidores internacionais e turbilhão de notícias corporativas, uma delas que levou a ação da JBS para queda de até 21,03% no pior momento do dia.
Mais cedo, o índice foi pressionado pela queda do S&P 500 e dos preços do petróleo. Após alívio durante a tarde com dados melhores do que o esperado dos estoques da commodity nos Estados Unidos, incertezas sobre corte de produção pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) derrubaram novamente os preços do petróleo no exterior.
Apesar do movimento negativo da commodity, as ações da Petrobras conseguiram se sustentar no campo positivo e, juntamente, com a forte alta Vale contribuíram para uma sessão praticamente estável do Ibovespa, que fechou a 63.825 pontos (-0,06%).
Mais cedo, investidores reagiram com otimismo aos estoques do petróleo, que caíram 553 mil barris na semana encerrada em 21 de outubro, de acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, enquanto analistas consultados pela Bloomberg esperavam crescimento de 1,17 milhão de barris. A notícia provocou uma virada para alta dos preços do petróleo no mercado internacional, mas a percepção de que o Iraque poderia não aderir ao acordo de congelamento de produção e os planos da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) puxaram os preços para baixo. O petróleo tipo WTI caiu 1,6%, a US$ 49,18 o barril, enquanto o Brent recuou 1,8%, a US$ 49,88 o barril.
Destaques corporativos
Chamou atenção nesta sessão o mergulho das ações da processadora de carnes JBS (JBSS3, R$ 9,72, -17,56%), que respondem ao cancelamento do plano de reorganização societária após veto do BNDESPar. Os papéis do frigorífico Marfrig (MRFG3, R$ 5,74, -4,33%) acompanharam o forte movimento negativo.
Destaque também para as ações da Natura, que desabaram após notícia de saída de Roberto Lima da presidência, após dois anos e dois meses no cargo. A saída de Lima ocorreu antes do esperado e sem um período de transição.
Do outro lado, as ações do setor de papel e celulose novamente subiram forte, em meio ao pregão de alta do dólar frente ao real, que voltou a se aproximar dos R$ 3,15. A Suzano atingiu alta de até 5% nesta sessão, na maior valorização desde julho, com possível corte de produção em 2017. A empresa divulgou seu balanço nesta manhã, assim como o Santander, que também teve sessão positiva nesta quarta-feira.
Dólar
O dólar terminou com alta superior a 1% ante o real, num movimento de correção depois de dois dias de quedas terem levado a moeda norte-americana para o nível de R$ 3,10 por conta de forte entrada de recursos externos. O cenário externo também influenciou o movimento no câmbio.
O dólar avançou 1,15%, a R$ 3,1423 na venda, depois de bater R$ 3,1540 na máxima do dia e R$ 3,1150 na mínima. “O preço do dólar estava num nível atrativo e chamou compras. Até porque a virada do mês está próxima e o fluxo pode diminuir”, comentou o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.
Na terça-feira, a moeda norte-americana cedeu 0,46%, a R$ 3,1065, e terminou no menor nível desde 2 de julho de 2015, queda mais contida do que a perda de 1,26% vista na sessão anterior.
“O Banco Central informou que não pretende rolar integralmente o swap de novembro. Isso conteve o recuo do dólar na véspera, com o mercado vendo um sinal de que o nível confortável da autoridade estaria ao redor de R$ 3,10”, comentou mais cedo o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa.
Na noite de segunda-feira, o BC informou que não anularia integralmente os swaps tradicionais com vencimento em 1º de novembro diante do forte fluxo positivo esperado com a regularização de recursos brasileiros no exterior, cujo prazo termina em 31 de outubro.
O BC vendeu nesta quarta-feira integralmente os 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares e que tem sido usado para reduzir o estoque de swap tradicional. Do total, nenhum contrato para 1º de novembro foi vendido.
O mercado tinha expectativa de que o ingresso de fluxo de recursos poderia inverter a trajetória da moeda ao longo do dia, mas não foi o que aconteceu. O movimento comprador falou mais alto sessão e acabou ofuscando a entrada de recursos externos.
O exterior também ajudou na alta do dólar frente ao real neste pregão. A moeda norte-americana subia frente a outras divisas emergentes, como o rand sul-africano, o peso mexicano e a lira turca.
Os investidores estavam à espera de definições da política monetária e eleições nos Estados Unidos. O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, reúne-se nos próximos dias 1º e 2 de novembro, embora o mercado aposte que a elevação da taxa básica do país deverá acontecer apenas em dezembro. No dia 8 do mesmo mês, acontece a eleição presidencial do país.














