IGP-10 desacelerou para 0,04% em março

Preços ao produtor contribuíram para a desaceleração, com destaque para as principais commodities; para especialista, situação põe BC em posição delicada

99
Banco Central (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Banco Central (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

Divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) registrou alta de 0,04% em março, abaixo do mês anterior, quando havia avançado 0,87%. Com esse resultado, o índice acumula alta de 1,44% no ano e 8,59% nos últimos 12 meses. Em março de 2024, o IGP-10 havia caído 0,17% no mês e apresentava queda acumulada de 4,05% em 12 meses.

“Nos preços ao produtor, a incerteza global intensificada pela guerra comercial dos EUA levou à queda dos preços do minério de ferro em março, impactando a retração do IPA. No âmbito do INCC, quase todos os grupos desaceleraram, com exceção de materiais e equipamentos, que registrou alta de 0,52%, impulsionada pelo aumento nos preços de materiais para instalação. Já nos preços ao consumidor, o grupo Habitação exerceu influência significativa para a alta do índice, especialmente devido às variações na tarifa de eletricidade residencial e no aluguel residencial”,afirma Matheus Dias, economista do Ibre.

Em março, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 0,26%, registrando um recuo expressivo, quando comparado a alta de 1,02% observada em fevereiro. Analisando os diferentes estágios de processamento, percebe-se que o grupo de bens finais acelerou para 1,12% em março, após registrar taxa de 0,10% em fevereiro. Seguindo esse comportamento, o índice correspondente a bens finais (ex), que exclui os subgrupos de alimentos in natura e combustíveis para consumo, passou de 0,17% em fevereiro para 0,34% em março. A taxa do grupo bens intermediários arrefeceu para 0,14% em março, apresentando um recuo importante em relação ao mês anterior, quando registrou taxa de 1,17%. O índice de bens intermediários (ex) (excluindo o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção) subiu para 0,30% em março, porém em menor intensidade em relação ao mês anterior, quando registrou alta de 0,99%. O estágio das matérias-primas brutas desacelerou para -1,36% em março, após alta de 1,49% em fevereiro.

Em março, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou taxa de 1,03%, acelerando em relação ao mês anterior, quando o índice subiu 0,44%. Entre as oito classes de despesa que compõem o índice, cinco apresentaram avanços nas suas taxas de variação: habitação (-0,44% para 2,77%), alimentação (0,87% para 1,31%), vestuário (-0,46% para 0,24%), comunicação (0,08% para 0,40%) e despesas diversas (0,53% para 0,84%). Em contrapartida, os grupos educação, leitura e recreação (0,29% para -1,98%), transportes (1,14% para 1,03%) e saúde e cuidados pessoais (0,61% para 0,51%) exibiram recuo em suas taxas de variação.

Espaço Publicitáriocnseg

Em março, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou alta de 0,43%, porém inferior à taxa de 0,55% observada em fevereiro. Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se movimentações distintas nas suas respectivas taxas de variação na transição de fevereiro para março: o grupo materiais e equipamentos acelerou de 0,33% para 0,52%; o grupo serviços desacelerou sua taxa de 0,90% para 0,18%; e o grupo mão de obra recuou de 0,79% para 0,36%.

Para Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, “a desaceleração do IGP-10 para 0,04% em março sinaliza um arrefecimento da inflação no atacado, especialmente devido à queda nos preços das commodities, como o minério de ferro. No entanto, a alta de 1,03% no IPC indica que a inflação ao consumidor segue pressionada por custos habitacionais, como energia elétrica e aluguel. Esse cenário reflete um descompasso entre os segmentos da economia: enquanto o setor produtivo sente um alívio nos custos, as famílias ainda enfrentam aumento nas despesas essenciais.”

Segundo ele, a situação atual coloca o Banco Central em uma posição delicada.

“Por um lado, a desaceleração da inflação no atacado poderia justificar uma redução gradual da taxa de juros. No entanto, a pressão persistente sobre os preços sensíveis, como os de energia e aluguel, torna a decisão mais complexa. A inflação ao consumidor continua a ser um fator de risco que pode comprometer a recuperação da atividade econômica, o que exige uma análise cuidadosa das medidas monetárias. O desafio do Banco Central será encontrar o equilíbrio certo para controlar a inflação sem prejudicar a retomada econômica.”

Leia também:

Indústria de eletros (Foto: Senai/Divulgação)
Conjuntura | Manchete
Setor de móveis, eletros e informática puxa alta do comércio

O Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian, primeira e maior datatech do Brasil, registrou crescimento de 0,1% em março quando comparado ao mês anterior. Essa alta foi puxada pelo setor de “Móveis, Eletrodomésticos, Eletroeletrônicos e Informática”, que apresentou crescimento de 1,3% no período. Em sequência estava o segmento de “Combustíveis e Lubrificantes”, com […]

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui