FGV: IGP-M sobe 1,52% em outubro e IPC teve percentual maior que o de setembro

Índice representa alta de 0,62% ante mês anterior; para especialista, 'BC se vê ainda mais pressionado a tomar medidas para estabilizar preços'

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FGV (Foto: divulgação)
FGV (Foto: divulgação)

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 1,52% em outubro. O percentual é maior que o resultado do mês anterior, quando apresentou alta de 0,62%. No ano, o indicador, que frequentemente é usado para a correção inflacionária dos contratos de aluguel, acumula avanço de 4,20% no ano e de 5,59% nos últimos 12 meses. Em outubro de 2023, período em que teve elevação de 0,50%, o IGP-M acumulava recuo de 4,57% em 12 meses. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas.

O economista do Ibre Matheus Dias, informou que em outubro, além dos efeitos climáticos adversos, houve o impacto da demanda global por commodities.

“No IPA, os maiores impactos foram registrados nos preços de bovinos, carne bovina e minério de ferro, produtos de exportação que apresentaram um aumento expressivo no volume exportado. No Índice ao Consumidor, a maior contribuição veio da tarifa de eletricidade residencial, consequência da adoção da bandeira tarifária vermelha, patamar 2. Na construção civil, o maior impacto se deve ao aumento expressivo nos preços de materiais, equipamentos e serviços”, conforme texto divulgado pelo instituto.

Para Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, “a tração do IGP-M, puxada por combustíveis e materias-primas, indica uma pressão inflacionária disseminada, que impacta diretamente contratos e serviços indexados ao índice. Com a Selic elevada para conter esses avanços, os custos se ampliam para empresas e consumidores, que sentem o reflexo tanto nos aluguéis quanto nas tarifas de serviços. O Banco Central se vê ainda mais pressionado a tomar medidas para estabilizar os preços, mantendo o equilíbrio entre controlar a inflação e evitar um custo de preços crédito excessivo.”

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Já de acordo com Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, “com a alta de 1,52% do IGP-M em outubro, observamos uma aceleração inflacionária impulsionada pelo aumento nos combustíveis e nas matérias-primas. Este cenário pressiona os contratos de aluguel, tarifas públicas e serviços indexados ao índice, elevando os custos aos consumidores e empresas. Combinado com o ambiente de juros mais altos, necessário para conter a inflação, o cenário projeta impacto nos investimentos de renda fixa, elevando a rentabilidade em alguns casos, mas ampliando o custo de crédito. Esse panorama reforça a importância de medidas por parte do Banco Central em torno da Selic para estabilizar os preços.”

Também em outubro, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) teve elevação de 1,94%. De acordo com o Ibre é um avanço significativo na comparação com o desempenho de setembro. Naquele momento, o indicador apresentou alta de 0,70%. “Analisando os diferentes estágios de processamento, percebe-se que o grupo de bens finais subiu 1,36% em outubro, taxa superior em relação ao mês anterior, quando registrou alta de 0,69%”, avaliou o economista do Ibre Matheus Dias.

Na avaliação dos pesquisadores, o avanço do subgrupo de alimentos processados, passando de 1,88% para 4,38%, no mesmo intervalo, contribuiu para a alta do grupo. “Além disso, o índice correspondente a bens finais (ex), que exclui os subgrupos de alimentos in natura e combustíveis para consumo, subiu de 0,88% em setembro para 1,88% em outubro”, completou Dias.

Apesar de menor intensidade que a do mês anterior, houve movimento de alta também, em outubro, no grupo bens intermediários (0,13%). No resultado anterior tinha registrado 0,57%. “O principal fator que influenciou esse recuo foi o subgrupo de suprimentos, cuja taxa passou de 1,21% para -0,89%. O índice de bens intermediários (ex), que exclui o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção, subiu 0,52% em outubro, porém inferior à alta de 1% em setembro”, informou a FGV.

Outro avanço, em outubro, foi no estágio das matérias-primas brutas (4,59%). Elevação significativa também porque em setembro tinha ficado em 0,87%. “A aceleração deste grupo foi influenciada principalmente por itens chave, tais como o minério de ferro, que inverteu sua taxa de uma queda de 6,01% para uma alta de 7,20%, os bovinos, cuja taxa avançou de 4,07% para 11,33%, e a soja em grão, que subiu de 2,59% para 4,63%”, destacou.

Em desempenho diferente, alguns itens tiveram um comportamento oposto. Entre eles, o leite in natura, que baixou de 5,21% para 1,66%; os suínos, com desaceleração de 9,54% para 2,62% e o café em grão, que recuou de 4,14% para 2,43%.

“O aumento do preço das commodities, especialmente petróleo, soja, minério de ferro e seus derivados, tem impactado fortemente o índice. O Brasil, como um grande exportador, acaba sentindo diretamente os efeitos dos preços internacionais. A variação cambial também exerce pressão sobre os custos dos insumos, já que muitos produtos são cotados em dólar, e o real mais desvalorizado eleva os custos internos. Inflação ao Produtor: O IGP-M é composto, em grande parte, pelo IPA, que representa aproximadamente 60% de sua estrutura. O IPA tem registrado pressões nos preços de matérias-primas, o que impacta diretamente as indústrias e, por consequência, o consumidor final. A alta nos preços ao produtor acaba sendo repassada para a economia como um todo. Embora o IGP-M inclua o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% de sua composição, este segmento tende a reagir mais lentamente às variações observadas no IPA. No entanto, o efeito em cadeia dos custos mais altos ao produtor acaba pressionando os preços finais dos produtos e serviços adquiridos pelos consumidores”, avalia Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest.

Ainda em outubro, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,42%, percentual maior que o de setembro, quando avançou 0,33%. Cinco das oito classes de despesa que compõem o indicador registraram alta: habitação (1% para 1,35%), alimentação (-0,12% para 0,13%), vestuário (-0,23% para 0,23%), saúde e cuidados pessoais (0,19% para 0,35%) e comunicação (0,01% para 0,14%).

Conforme o Ibre, as maiores influências nestas classes de despesa foram a tarifa de eletricidade residencial (3,76% para 5,51%), hortaliças e legumes (-12,47% para -5,16%), calçados (-0,10% para 0,76%), artigos de higiene e cuidado pessoal (-0,40% para 0,53%) e combo de telefonia, internet e TV por assinatura (-0,38% para 0,14%).

Em comportamento contrário, houve recuo nas taxas dos grupos educação, leitura e recreação (0,59% para -0,02%), transportes (-0,01% para -0,12%) e despesas diversas (1,24% para 1,08%) exibiram recuos em suas taxas de variação. Dentro destas classes de despesa, é importante destacar os itens: passagem aérea (3,55% para -0,11%), etanol (-0,43% para -1,71%) e cigarros (5,35% para 3,01%).

E a alta no Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) em outubro ficou em 0,67%. É mais elevada que a anterior (0,61%). “Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se as seguintes variações na transição de setembro para outubro: o grupo materiais e equipamentos apresentou uma aceleração, passando de 0,60% para 0,72%; o grupo serviços avançou de 0,50% para 0,70%; e o grupo mão de obra registrou recuo, variando de 0,64% para 0,60%”, concluiu o instituto.

Com informações da Agência Brasil

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