Impacto de Brumadinho segue refletindo nos números da Vale

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A tragédia em Brumadinho (MG), em janeiro, envolvendo o rompimento uma das barragens da mineradora Vale, e que provocou a morte de mais de 200 pessoas, segue refletindo nos números da companhia. Apesar de a produção de minério de ferro no terceiro trimestre ter se recuperado ante os três meses anteriores, houve queda de 17,4% na comparação com um ano antes. A mineradora está retomando gradualmente atividades em minas que foram paralisadas após o rompimento.

A Vale produziu 86,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre, aumento de 35,4% frente ao trimestre anterior, com a retomada das operações de Brucutu e o retorno parcial das operações de processamento a seco no Complexo Vargem Grande, anunciados em junho e julho.

A Vale espera retomar a produção remanescente de aproximadamente 50 milhões de toneladas até o final de 2021, uma vez que diversos marcos foram alcançados e outros estão em andamento”, explicou a companhia no relatório.

O desastre em Brumadinho matou cerca de 250 pessoas, além de ter atingido comunidades, mata e rios da região. Devido ao rompimento, a Vale foi levada a interromper diversas atividades em Minas Gerais, em meio a uma revisão dos padrões de segurança de suas operações.

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A empresa citou como exemplo a aprovação de testes de gatilho na mina para retomar as operações de processamento a seco e a autorização de testes de gatilho no TFA (Terminal Ferroviário de Andaime), “um passo importante para desengargalar a logística do Complexo de Vargem Grande”.

 

Analistas

 

Conforme a Reuters, o resultado no terceiro trimestre superou levemente as expectativas do BTG Pactual, segundo o analista do banco Leonardo Correa, que esperava produção de 85 milhões de toneladas, citando que os dados corroboram sua expectativa de um Ebitda de entre 4,9 bilhões e 5 bilhões de dólares para a companhia entre julho e setembro.

A produção de pelotas da Vale no terceiro trimestre foi de 11,13 milhões de toneladas, com alta de 22,7% ante o período entre abril e junho e queda de 19,8% na comparação anual.

As vendas de minério de ferro no período foram de 74 milhões de toneladas, com queda de 11,8% na comparação anual e alta de 19,5% no trimestre. As vendas de pelotas somaram 11,07 milhões de toneladas, 22,3% abaixo do registrado no mesmo trimestre do ano anterior, mas 25,3% superiores às do segundo trimestre.

Como resultado, as vendas de finos e pelotas de 85,1 milhões de toneladas superaram nossa estimativa de 82,3 milhões toneladas”, afirmou o analista de mineração da Scott Schier, da Clarkson Platou, em nota a clientes.

Permanecemos com a classificação de ‘neutro’, dada a continuidade da incerteza sobre a Vale após o devastador desastre da barragem no fim de janeiro, combinada com a atual falta de retorno aos acionistas.”

 

Projeções

 

A companhia reafirmou sua projeção para as vendas de minério de ferro e pelotas, de entre 307 milhões e 332 milhões de toneladas, “com expectativa de vendas próximas ao centro da faixa”.

A projeção da Vale para produção de pelotas foi revisada em setembro para 43 milhões de toneladas, de 45 milhões anunciados anteriormente.

Enquanto na região Sudeste a Vale enfrenta diversos desafios, ao Norte do país a companhia mostrou forte desempenho operacional no terceiro trimestre, com produção de 55,4 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 33,3% em relação ao trimestre anterior e avanço de 2,7% maior ante um ano antes.

Na mina S11D, mais importante produtora de minério de ferro da Vale, no Pará, a empresa bateu o recorde de 20,4 milhões de toneladas, com o desenvolvimento do ativo. A previsão da mineradora é que S11D produza 90 milhões de toneladas em 2020.

A produção de níquel da Vale no terceiro trimestre foi de 51,4 mil de toneladas, alta de 14,2% ante o trimestre anterior e queda de 7,7% na comparação anual.

Em cobre, a produção somou 98,3 mil toneladas, estável frente ao trimestre anterior e com alta de 4% na comparação com mesmo período do ano anterior. A produção de carvão da empresa foi de 2,35 milhões de toneladas no trimestre, queda de 0,8% frente ao segundo trimestre e com recuo de 26,4% na comparação anual.

 

Desinvestimento

 

Em nota a Vale informou nesta segunda-feira sobre a assinatura de um acordo de desinvestimento de sua subsidiária Vale Canada Limited (“VCL”). A empresa assinou um “Heads of Agreement”1 com a Sumitomo Metal Mining Co., Ltd. ("SMM") e a PT Indonesia Asahan Aluminium (Persero) ("Inalum”)2 sobre a obrigação de desinvestimento da PT Vale Indonesia Tbk (“PTVI”), mineradora de níquel, conforme exigido em aditivo contratual (“Contract of Work”) de 17 de outubro de 2014 com o Governo da República da Indonésia. Atualmente, VCL e a SMM são acionistas da PTVI e detêm 58,7% e 20,1% das ações emitidas, respectivamente.

A VCL e a SMM concordaram em cumprir as obrigações de desinvestimento de 20% de participação e a Inalum, empresa de mineração estatal que supervisiona os investimentos em mineração do Estado, foi nomeada pelo Governo da República da Indonésia para adquirir essa participação. Após a transação, a VCL e a SMM passarão a deter, em conjunto, aproximadamente 59% das ações da PTVI. Os termos e condições finais serão acordados em documento definitivo (“Acordo de Desinvestimento”), que as partes esperam assinar até o final de 2019. A conclusão da transação deve ocorrer dentro de seis meses após a execução do Acordo de Desinvestimento. A assinatura desse documento reforça o comprometimento de longa data da PTVI com o processamento de recursos de níquel de alto valor agregado, com a sustentabilidade e o desenvolvimento local na Indonésia.

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