As importações de veículos com motor elétrico passaram de US$ 184,3 milhões no primeiro semestre de 2023 para US$ 1,2 bilhões no primeiro semestre de 2024, representando um crescimento de mais de 560% no valor FOB (sigla em inglês para Free On Board, frete em que o comprador assume todos os riscos e custos com o transporte da mercadoria). No segundo semestre de 2023, o valor foi de US$ 281 milhões, reforçando o aumento contínuo nas importações desse segmento. É o que apontou levantamento da Logcomex, ainda segundo o qual, além dos veículos totalmente elétricos, as importações de automóveis com motor a pistão ou híbridos também experimentaram um crescimento significativo. Em 2024, o valor saltou de US$ 11,6 milhões registrados em 2023 para US$ 1,2 bilhões, um aumento impressionante de mais de 10.259% no valor FOB. O volume registrado no segundo semestre de 2023, de US$ 439 milhões, já indicava essa forte tendência de alta.
“A redução da isenção do imposto de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento da indústria nacional e fortalecer o mercado interno,” afirma Helmuth Hofstatter, CEO da Logcomex. “Essa resolução estabelece uma retomada gradual das alíquotas e cria cotas iniciais para importações com isenção até 2026, promovendo a eficiência energética, a reciclagem e a sustentabilidade, questões cada vez mais valorizadas pelo consumidor brasileiro.”
Além disso, em dezembro do ano passado foi assinada Medida Provisória criando o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que visa a estimular a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística – expandindo o antigo Rota 2030 – e acelerar a descarbonização da frota nacional por meio de incentivos à produção e compra de veículos híbridos e elétricos.
Também segundo o balanço mensal de dezembro de 2023 da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas desses veículos devem crescer 61% em 2024, atingindo a marca de 142 mil unidades. Contudo, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a venda de veículos eletrificados atingiu a marca de 79.304 emplacamentos entre janeiro e junho de 2024. Isso significa que em um semestre, o Brasil já vendeu mais que o dobro de carros do segmento durante o ano passado inteiro, que teve 32.239 unidades.
Esse cenário positivo contrasta com os desafios enfrentados pelo setor nos últimos anos. A indústria, que sofreu com a escassez global de semicondutores e a retração da demanda em 2021, começou a se recuperar em 2023, impulsionada pela normalização da cadeia de suprimentos e avanços tecnológicos. Agora, em 2024, o mercado automotivo brasileiro volta a apresentar sinais claros de melhora.
Neste aspecto, a China, que já era um parceiro estratégico, consolidou-se como o maior fornecedor de produtos automotivos para o mercado brasileiro. No segundo semestre de 2023, suas exportações representavam 24% do total de veículos importados pelo Brasil. Tal percentual saltou para 52% no primeiro semestre de 2024.
“A ascensão da China como principal parceiro comercial do Brasil no setor automotivo é um reflexo direto da competitividade e inovação da indústria chinesa, além de uma estratégia de mercado que responde à crescente demanda por veículos eletrificados”, afirma Hofstatter.
Enquanto isso, a Argentina, tradicionalmente um dos principais exportadores para o Brasil, viu sua participação sair de 35% no segundo semestre de 2023 para 15% no primeiro semestre de 2024, com uma redução de 38% no valor FOB. Esse declínio abriu espaço para a diversificação de outros parceiros comerciais, com países como México, Alemanha e EUA ganhando relevância, ainda que com frações menores.
No cenário doméstico, o Espírito Santo consolidou-se como o principal estado importador do Brasil nos períodos analisados, sendo responsável por 38% das importações no segundo semestre de 2023 e 57% no primeiro semestre de 2024. Em termos de comparação, o valor no primeiro semestre de 23 foi de US$ 547 milhões, enquanto no mesmo período em 2024 foi de US$ 2,82 bilhões.
“As expectativas para o segundo semestre de 2024 e o início de 2025 são otimistas. Projeções indicam um crescimento de mais de 6% na produção e nos emplacamentos, aproximando-se de 2,5 milhões de unidades. As exportações também devem aumentar 0,7%, consolidando a recuperação do setor e abrindo caminho para um novo ciclo de crescimento sustentável,” conclui Hofstatter.
Já quando sobre os híbridos, pesquisa da Webmotors aponta que as buscas por esses veículos usados com valores abaixo de R$ 300 mil na plataforma cresceram 46% em agosto deste ano ante o mesmo mês de 2023 em todo o Brasil.
Os dados do Webmotors Autoinsights também revelam um aumento de 7% na procura por carros híbridos zero quilômetro, considerando essa mesma faixa de preço, nos últimos 12 meses.
Já entre os automóveis híbridos com valor acima de R$ 300 mil, o levantamento indica alta nas buscas, mas em proporções menores: as pesquisas por modelos usados subiram 10% em um ano; com relação aos novos, a progressão foi de 0,4% em igual período.
“Observamos que, à medida que as montadoras ampliam o portfólio de híbridos e elétricos, os consumidores demonstram que estão cada vez mais atentos às oportunidades, impulsionados tanto pela maior disponibilidade de opções quanto pela busca por soluções mais sustentáveis e econômicas no longo prazo”, avalia Natalia Spigai, CMO da Webmotors.
O estudo traz ainda os híbridos novos e usados com faixa de preço abaixo e acima de R$ 300 mil mais procurados pelos usuários do marketplace até agosto deste ano. O BYD Song Plus lidera entre os automóveis novos com preços inferiores a R$ 300 mil mais pesquisados no período, ao passo que o Toyota Corolla está em primeiro lugar na lista dos modelos usados da categoria com a mesma precificação.
No que se refere aos veículos híbridos que custam mais de R$ 300 mil, o GWM Haval H6 GT surge na dianteira do ranking dos zero-quilômetro mais pesquisados da categoria durante o período; entre os usados, o destaque ficou para o Porsche Cayenne.
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