Dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e de sindicatos filiados apresentaram propostas para a reconstrução da Petrobras, retomada de direitos da categoria petroleira que foram eliminados nos governos Temer e Bolsonaro e fortalecimento das negociações coletivas. O documento foi entregue na primeira reunião dos dirigentes com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, realizada na segunda-feira (5), na sede da empresa, no Rio.
Eles reforçam a importância do resgate da Petrobras como empresa pública, voltada para os interesses nacionais e da sociedade brasileira, comprometida com a valorização dos trabalhadores, que são a base da reconstrução da empresa.
O mesmo documento enfatiza a necessidade de a estatal ter planos estratégicos de longo prazo, voltar a ser uma empresa integrada de energia, retornar ao mercado de distribuição de combustíveis, fortalecer e ampliar o parque nacional de refino, retomando o controle das refinarias que foram privatizadas, principalmente as refinarias do Norte (Reman) e Nordeste (Rlam e RPCC) e a Six, no Paraná. Os petroleiros defenderam também a volta da Petrobras aos setores de fertilizantes e petroquímicos.
Nas propostas encaminhadas à presidente da empresa destacam-se também a garantia de uma política de preços justos dos derivados de petróleo para a população, principalmente em relação ao gás de cozinha, gasolina e óleo diesel.
O documento enfatiza ainda a retomada de uma política ativa de exploração de petróleo e de investimentos em campos offshore e onshore; o fim dos afretamentos de navios e de plataformas, priorizando a indústria nacional e o conteúdo local; e a ampliação da infraestrutura de escoamento de gás natural no país.
Transição energética
A necessidade de liderança da Petrobras na transição energética justa figura entre as sugestões apresentadas pela FUP à Chambriard, com a atuação da estatal na promoção da descarbonização da matriz nacional, com investimentos nas usinas de biodiesel, parques eólicos, pesquisa e desenvolvimento da cadeia do hidrogênio verde e de outros combustíveis limpos. Entre as medidas propostas para fortalecer a função social da Petrobras estão investimentos em projetos socioculturais e ambientais de maior capilaridade na sociedade e que tenham participação de organizações populares.
A FUP cobrou prioridade e empenho da gestão da companhia na busca de soluções para os equacionamentos da Petros (fundo de pensão), que estão sendo discutidas no âmbito da Comissão Quadripartite, que envolve os órgãos reguladores (Sest e Previc).
A federação também tornou a cobrar mudanças no modelo de gestão da AMS (plano de saúde) e transparência na prestação de contas, já que os beneficiários, inclusive aposentados, continuam tendo descontos abusivos, sem sequer saber o que estão pagando.
Chambriard, que também é aposentada da empresa, se mostrou sensibilizada por essas questões. Ela afirmou que é preciso valorizar os trabalhadores que ajudaram a construir a Petrobras. Receptiva às proposições feitas pela FUP, ela afirmou ter concordância com os principais pontos apresentados. E reforçou o compromisso da atual gestão com o fortalecimento da Petrobras para que volte a ser uma empresa estratégica de energia, alinhada ao projeto de governo de reconstrução do país.
Chambriard enfatizou a necessidade de a Petrobras continuar crescendo para que chegue em 2050 com a mesma ou maior relevância que tem hoje. Ela destacou ainda que “a Petrobras que quer crescer precisa contar com uma diversidade de fontes de energia” e se planejar para além das reservas do pré-sal.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, considerou positiva a reunião e está confiante de que haverá retorno da empresa para várias das reinvindicações que foram apresentadas. “O encontro tratou de questões estratégicas que são fundamentais para o futuro da estatal e para os direitos coletivos da categoria”, disse ele.