Inadimplência de famílias paulistanas atinge menor patamar desde outubro de 2021

Dados são da Fecomércio-SP; já de acordo com Serasa, no Sudeste, Espírito Santo liderou alta na demanda por crédito no primeiro semestre

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Varejo na Rua 25 de março (Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)
Varejo na Rua 25 de março (Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas)

Em julho, a inadimplência das famílias paulistanas atingiu o menor nível desde outubro de 2021. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), mostram que o percentual de lares com contas em atraso reduziu de 20,8%, no mês de junho, para 19,9%, em julho – o que, em números absolutos, representa 40 mil famílias inadimplentes a menos. Na comparação anual, a queda foi ainda maior: 164 mil lares deixaram de ter dívidas em atraso.

A pesquisa revelou ainda outros dados positivos. Um deles foi o recuo na taxa de famílias que afirmam que não conseguirão pagar as contas em atraso – de 8,8%, em junho, para 8,2%, em julho, o menor nível desde janeiro de 2022. A parcela da renda comprometida com dívida também ressecou nesse período, atingindo 29,5%, melhor resultado dos últimos 12 meses, demonstrando boa saúde financeira das famílias.

A Fecomércio-SP atribui esse cenário otimista a uma combinação de fatores, que inclui ganho real da renda obtido graças a um mercado de trabalho aquecido e uma inflação desacelerada, principalmente referente aos preços dos alimentos, item que mais pesa no bolso do consumidor.

O percentual de famílias endividadas também seguiu a tendência de queda, passando de 71,3%, em junho, para 70,4%, em julho. Apesar do cartão de crédito continuar sendo o principal tipo de dívida, houve queda no número de endividados nessa modalidade. Em julho, 85,9% das famílias precisaram acertar a fatura, contra 86,1%, no mês anterior, e 88,1%, em maio. Na visão da Entidade, essa oscilação pode ter ocorrido por causa de dois movimentos: o sistema financeiro está mais seletivo e, ao mesmo tempo, algumas famílias liquidam a dívida e não utilizam mais o cartão. O segundo maior percentual foi do crédito pessoal (15,4%), seguido do financiamento de casa (13,2%).

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No questionamento a respeito da intenção de financiamento ou crédito nos próximos três meses, houve uma redução de 19,6% para 18,8%, entre junho e julho. Entretanto, o atual percentual é muito superior aos 10,6% registrados no mesmo período do ano passado, o que aponta que há mais espaço no orçamento doméstico para comprometer a renda com mais dívidas.

A Peic é apurada mensalmente pela Fecomércio-SP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista.

Conforme dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito da Serasa Experian, no primeiro semestre deste ano, o Espírito Santo destacou-se no Sudeste do país com a maior alta na busca dos consumidores por crédito (4,8%). Em contrapartida, o Rio de Janeiro apresentou a mais acentuada retração (-6,1%).

No cenário nacional houve uma diminuição de 1,1% na busca dos brasileiros por recursos financeiros no primeiro semestre de 2024. Esta retração é menor do que a registrada em 2023.

“Alguns fatores que podem explicar a redução da disposição dos consumidores em assumirem mais crédito são as taxas de juros ainda estão elevadas, apesar de termos observado uma retração desde o segundo semestre do ano passado, e o alto nível de inadimplência das pessoas que representa um risco para os credores, por isso eles diminuem as ofertas de recursos”, explica o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. O especialista também observa que a menor retração em comparação com os primeiros seis meses de 2023 pode indicar uma melhoria gradual na confiança do consumidor.

No recorte por renda mensal dos consumidores, todas as faixas expressaram queda na procura por crédito no primeiro semestre do ano. A diminuição foi mais acentuada na faixa de renda até R$ 10 mil (-2,6%), enquanto a menor ficou entre R$ 500 a R$ 1 mil (-0,5%). Veja os dados na detalhados na tabela abaixo:

Ao analisar as unidades federativas, o levantamento aponta que os consumidores do Amapá tiveram a maior procura na demanda por crédito considerando os seis primeiros meses de 2024 (9,1%). Em segundo lugar ficou o Acre (6,5%), seguido por Roraima (6,4%), Alagoas (5,2%) e Espírito Santo (4,8%).

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