O Indicador de Inadimplência da Serasa Experian revelou que, desde o início deste ano, mais de 2 milhões de pessoas se tornaram inadimplentes. Em abril, o país alcançou o número recorde de consumidores com o nome no vermelho (66.132.670), atingindo a maior quantidade da série histórica do índice, iniciada em 2016. Além disso, no mesmo mês, a soma das dívidas chegou a R$ 271,6 bilhões.
Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, o aumento da inadimplência ao decorrer de 2022 era uma movimentação esperada, mas existem fatores que podem auxiliar o consumidor nessa situação.
“Sabemos que a instabilidade econômica do país vem afetando grande parte da população. No entanto, algumas ferramentas como o saque extraordinário do FGTS e a antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados podem e devem ser utilizadas para reorganizar as finanças pessoais, amenizar dívidas e tentar tirar o nome do vermelho”.
Estudo da Serasa Experian revelou um salto de 22,1 milhões (14% da população adulta) sobre número de brasileiros que conquistaram a oportunidade de ter acesso a um crédito de qualidade. O montante foi de 59,1 milhões para 81,2 milhões. Além disso, o levantamento mostrou que esses 22,1 milhões de consumidores possuíam o Serasa Score abaixo de 500 e, por isso, poderiam não ser aprovados em análises de concessão feitas pelo mercado de crédito. No entanto, essa pontuação amena não era causada por negativações, mas pela insuficiência de informações que os credores tinham sobre os possíveis tomadores de crédito.
Com relação ao perfil das dívidas, os segmentos de bancos e cartões possui 28,1% dos débitos, enquanto contas básicas como água, luz e gás representam 22,9%. Feita a comparação com abril de 2021, o setor de financeiras foi o que teve maior aumento na participação de inadimplência, indo de 9,6% para 12,4%.
“As financeiras costumam oferecer crédito para perfis de risco, como os de consumidores inadimplentes. Por isso, quanto mais instável ficar o cenário econômico, mais a inadimplência desse setor tende a crescer”, explica Rabi.
O recorte por faixa etária mostra que os inadimplentes estão, em sua maioria, nas faixas de 26 a 60 anos de idade (35,2%) e de 41 a 60 anos (34,8%).
Os níveis de endividamento da população estão cada vez mais altos, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC): 28,7% das famílias brasileiras fecharam maio de 2022 em inadimplência. A fintech Creditas realizou uma pesquisa com 1.500 CLTs do país e constatou que aproximadamente 63% dos trabalhadores possuem ao menos metade da renda já comprometida com dívidas.
Segundo o estudo, 60% dos entrevistados nunca utilizaram o refinanciamento de dívidas e 14% não ouviram falar, número que sobe para 22% entre quem tem de 18 a 24 anos. Dados obtidos de janeiro a maio de 2022 indicam que transações relacionadas à resolução do endividamento estão entre os principais motivos que levam os clientes a solicitar o crédito com garantia.
Leia também:
Inadimplência da carteira de crédito soma R$ 92 bi, a maior desde 2012