Inadimplência recuou em julho e concessão de crédito desacelera

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Dinheiro (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)
Dinheiro (Foto: Marcello Casal Jr./ABr)

De acordo com os dados publicados hoje pelo Banco Central, a taxa de inadimplência das famílias com recursos livres caiu de 6,30% para 6,21% entre os meses de junho e julho. O indicador da Boa Vista de Registros de Inadimplentes antecipou esse movimento, ele havia caído 0,5% na comparação mensal e na análise de longo prazo o crescimento desacelerado ainda.

“Esse foi o segundo recuo na taxa de inadimplência das famílias esse ano, o primeiro havia sido entre os meses de fevereiro e março, mas desta vez ele parece ter sido mais consistente. A tendência de longo prazo do indicador da Boa Vista já apontava que, mesmo desconsiderando o efeito do ‘Desenrola’, o número de registros e, consequentemente, a taxa de inadimplência havia chegado num ponto de inflexão. Claro que o efeito do programa não pode ser descartado e é esperado que ele seja ainda maior nos próximos meses, mas também chamou um pouco de atenção o fato de que a inadimplência não recuou, necessariamente, nas linhas de crédito mais caras, como o cartão de crédito rotativo, o parcelado e o cheque especial, embora ela tenha recuado no crédito pessoal não consignado. Ainda é cedo para fazer um diagnóstico do programa, que iniciou só na segunda quinzena de julho, ele terá o efeito de reduzir a inadimplência, mas a eficiência das renegociações que estão sendo feitas poderá ser posta à prova caso as contas que são mais caras permaneçam em aberto”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

A taxa média de juros cobrada das famílias na concessão de recursos livres recuou em julho de 47,44% para 47,07% devido a uma redução no custo de captação e no spread bancário, assim como havia acontecido em junho. A concessão desses créditos subiu 8,1% na comparação interanual, mas se manteve numa trajetória de crescimento desacelerado na variação acumulada em 12 meses.

“O início do ciclo de cortes na taxa Selic e a sinalização do Copom de que o ritmo pode ser mantido nas próximas reuniões são argumentos que favorecem o recuo no custo de captação, como aconteceu nos meses de junho e julho, mas é importante ressaltar que isso já vem desde abril, quando os dados de inflação já começavam a se mostrar melhores, indicando que o ciclo de baixa se aproximava. Como a inadimplência andou de lado em junho e caiu em julho, o spread também tem recuado, mas é importante destacar que os juros seguem altos e por essa razão a concessão de crédito continua desacelerando. O indicador da Boa Vista de Demanda por Crédito está antecipando muito de perto essa tendência, ele havia registrado alta de 9,7% em comparação a julho do ano passado e em 12 meses aponta crescimento de 12,4%, enquanto a concessão sobe 12,5% na mesma base de comparação”, conclui Calife.

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Matéria atualizada às 08h23 para inclusão de conteúdo

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