Os dados de junho do Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas, principal indicador de inadimplência do Brasil, segue a tendência de desaceleração apresentada no mês anterior. Essa é a segunda retração consecutiva, o que representa menos 918 mil brasileiros no cadastro de negativação, contabilizando uma redução de 1,25% nos últimos 60 dias.
Com 72,50 milhões de inadimplentes – contra os 72,54 milhões de maio -, o país contabiliza 273 milhões de dívidas, que, somadas, alcançam a marca de R$ 397 bilhões.
As dívidas com bancos e cartões de crédito seguem como o principal motivo para o endividamento, com 29,16% do total de dívidas dos inadimplentes. Em segundo lugar aparecem as contas básicas de água, luz e gás (21,85%), que, por sua vez, registraram uma queda em relação ao mês anterior, com diminuição de 1,25 pontos percentuais.
O Indicador de Recuperação de Crédito da Serasa Experian também revelou que, do total de dívidas dos consumidores do Sudeste inadimplidas em março, 61,3% foram solucionadas em até 60 dias do mês de referência. O Espírito Santo foi o estado que mais quitou débitos no período (65,4%).
No cenário nacional, das dívidas de consumidores, inadimplidas em março, 62,7% foram regularizadas em até 60 dias do mês de referência. Os dados mostram ainda que encargos adquiridos com bancos e cartões e utilities foram os mais liquidados no período, ambos priorizados por estarem relacionados a serviços indispensáveis, como acesso ao crédito, água, luz e gás.
Ainda segundo o indicador, os passivos contraídos em março com valor acima de R$ 10 mil apresentaram a maior taxa de recuperação dos consumidores inadimplentes em até 60 dias após a negativação (78,1%).
De acordo com o levantamento, houve uma desaceleração de inadimplentes de 1,20% em relação ao mês anterior, correspondendo a uma diminuição de 884 mil no número de consumidores inadimplentes. Destes, cerca de 72,54 milhões de brasileiros estão em situação de inadimplência e os brasileiros acima de 60 anos representam a fatia de 18,9% com nome restrito.
Em outras palavras, há mais de 13 milhões de idosos com contas em atraso no país. Informações adicionais do Serasa indicam que o tíquete médio por inadimplência está em R$ 4.743,66.
Para Gleisson Rubin, diretor do Instituto de Longevidade MAG, há muitas razões que justificam o cenário, mas a vulnerabilidade social e o recurso a empréstimos têm se destacado.
“Uma quantia significativa de brasileiros idosos não têm aposentadorias, apenas benefícios assistenciais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). E entre os que têm aposentadorias, uma parcela significativa recebe um benefício pouco maior que o salário mínimo. A eventual saída definitiva do mercado de trabalho complica essa situação, conduzindo muitos idosos a uma situação de endividamento crônico, muitas vezes piorada pela tomada de empréstimos de forma não planejada”, comenta o executivo.
Já o recorte por regiões apontou que o Nordeste liderou com o maior percentual de dívidas recuperadas em até 60 dias da negativação em março, atingindo 66,6%. Na sequência estavam o Sul (66,2%), Sudeste (61,3%), Norte (59,0%) e Centro-Oeste (57,4%). Ao analisar por UFs individualmente, a Paraíba apresentou o melhor desempenho (72,8%).
Ainda segundo a Serasa, considerando somente dívidas que venceram por mais de 180 dias e que foram contraídas em setores que se relacionam às principais atividades do agronegócio, no primeiro trimestre de 2024, a inadimplência atingiu apenas 6,2% da população agro no Sudeste brasileiro. Comparado aos três mesmos meses de 2023 esse percentual configurou um cenário de estabilidade, já que houve um aumento de apenas 0,4%.
A análise das UFs mostrou que Minas Gerais teve o menor percentual de inadimplência na região, esse de 5,7%. A variação (primeiro trimestre de 2023 ante o primeiro trimestre de 2024) mostrou que praticamente não houve aumento, com alta pouco significativa, de 0,4%.
No cenário Brasil, os dados mostram que durante o primeiro trimestre de 2024, ainda considerando apenas dívidas que venceram por mais de 180 dias e que foram contraídas em setores que se relacionam às principais atividades do agronegócio, a inadimplência atingiu somente 7,3% da população rural que atua como pessoa física no Brasil. Um aumento sutil de 0,8 pontos percentuais em relação aos três primeiros meses de 2023.
Ao estratificar setores da inadimplência analisados neste estudo, em relação ao primeiro trimestre de 2024, é possível perceber que as instituições financeiras, que realizam o financiamento de atividades no campo, representam a maior fatia (6,5%). Por outro lado, os percentuais de proprietários rurais inadimplentes no setor agro e em outros setores relacionados são muito pequenos, de 0,1% e 0,2%, respectivamente. Nessas categorias estão contemplados diversos produtos e serviços como, agroindústrias de transformação e comércio atacadista agro, serviços de apoio ao agro, produção e revendas de insumos e de máquinas agrícolas, produtores rurais, seguradoras não vida, transportes e armazenamentos.
Na análise por porte, considerando todos os setores analisados, os pequenos proprietários rurais registraram o menor percentual de inadimplência (6,5%) no primeiro trimestre deste ano. Em comparação com o mesmo período de 2023, quadro de relativa estabilidade, com acréscimo de apenas 0,6 pontos percentuais. Por outro lado, os grandes proprietários e aqueles que não possuem registro de cadastro rural – população em que não se observou registro de terras, por exemplo, arrendatários ou pessoas participantes de grupos econômicos ou familiares – tiveram os maiores percentuais.
Durante os três primeiros meses do ano, segundo as informações por região agrícola, o Sul registrou o menor percentual, de 4,9%. O Sudeste e o Centro-Oeste Agro também tiveram resultados mais baixos, enquanto o Norte Agro marcou o maior percentual.
Ainda sobre o primeiro trimestre de 2024, a inadimplência continua a afetar mais os proprietários rurais que compõe as menores faixas etárias, sendo mais branda para aqueles que possuem mais experiência no setor.
Matéria atualizada às 15h31