Incerteza dominante

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Dizer que está confiante de que o mercado é de alta ou de baixa é um equívoco. O mercado é de incerteza. A recuperação do Ibovespa ou piora está relacionada à grande incógnita: qual será o futuro das commodities. Quando a cotação dos ativos no mercado internacional parece engrenar, o Ibovespa reage positivamente. Mas a felicidade dura pouco e as commodities ainda não mostraram tendência firme de recuperação dos preços, diante da expectativa de desaceleração da economia mundial.
Na ausência de qualquer indicador econômico, é a cotação das commodities que dita as regras do jogo. E não é à toa. Em recente relatório divulgado pela S&P, a instituição ressalva que a elevada exposição ao mercado de commodities ainda é fator de preocupação para a economia brasileira, pois o crescimento nos últimos anos apresenta forte correlação com o ciclo positivo de preços destes produtos.
No momento, a maior parte dos analistas tem recomendado aplicar em ações de empresas voltadas para o mercado interno. Esta não é, no entanto, uma visão geral. Para a equipe de análise do Itaú, as commodities tendem a se recuperar sim e a preferência é mais pelas ações ligadas ao segmento no médio prazo do que de empresas mais defensivas voltadas ao mercado interno, como outras instituições vêm recomendando. A estratégia é vista ainda com base na crença de que os investidores têm agido com expectativas pró-cíclicas e de forma “excessivamente bearish”, ou seja, muito pessimista. Os analistas do Itaú também observam que é uma boa hora para começar a aumentar a exposição a empresas que são sensíveis às quedas da taxa de juros.
Sobre o segmento de mineração e siderurgia, os analistas do Banif mostram certo otimismo sobre os papéis, principalmente devido à queda substancial dos últimos seis meses e a eventual recuperação. Segundo os especialistas do banco de investimentos, o consenso é de um longo e gradual processo de melhora, especialmente no segmento de commodities.
Até agora, os resultados do ano de 2008 que vêm sendo anunciados pelas empresas de diversos segmentos vieram positivos. Entretanto, já é possível perceber, o impacto da alta do dólar, ou do aumento de inadimplência, mas nada que tenha comprometido completamente os planos das companhias e revertido os lucros. Dá para visualizar também que o pé passou do acelerador para o freio e 2009 não será ano de resultados recordes.
No segmento de commodities, nenhuma grande empresa divulgou resultados e as projeções não são lá muito animadoras. A projeção para o setor de siderurgia, por exemplo, é de desaceleração, dada a menor demanda. O Credit Suisse, por exemplo, divulgou relatório com as projeções para os resultados operacionais de Gerdau e Usiminas. A divulgação será na próxima quinta-feira (19). “Apesar de os números poderem surpreender pelo upside, nos mantemos cautelosos quanto aos níveis de lucratividade que serão replicados com menores volumes”, diz o documento.
Para a Usiminas, a previsão é de queda de 44% no lucro líquido, quando comparado às cifras do trimestre imediatamente anterior. No caso da Gerdau, os analistas esperam um trimestre bem fraco devido a exposição da empresa à economia norte-americana. Tais perdas poderão levar a margem Ebitda a um patamar de 18,5% – 12,5 pontos percentuais abaixo do trimestre antecedente.

Aumento do ágio reduz lucro da Perdigão
A determinação da CVM de que a Perdigão terá de refazer e republicar os balanços trimestrais de 2008 para reverter a amortização integral do ágio de aquisição da Eleva, feita no balanço de junho não deve alterar o benefício fiscal da amortização do ágio continua para a companhia, segundo análise da Merrill Lynch. No balanço do segundo trimestre, a Perdigão promoveu a amortização de um ágio de R$ 1,5 bilhão, referente à compra da Eleva, efetivada em janeiro de 2008. Tal decisão se refletiu em prejuízo de R$ 881,8 milhões no período.
A amortização do ágio traz um benefício fiscal, a ser aproveitado em dez anos, de R$ 501,3 milhões, o que resulta em um valor presente de R$ 300 milhões. Em sua avaliação, os analistas da Merrill consideram este benefício na íntegra não prevêem qualquer impacto da mudança da atual contabilidade. O preço alvo do papel é de R$ 37,00.

Horário dos pregões não será alterado

A BM&FBovespa divulgou comunicado na sexta para informar que o horário de negociação de ambos segmentos não sofrerá alteração na próxima segunda, devido ao fim do horário de verão.

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De olho na taxa de juros

Numa conjuntura como a atual a demanda por trabalho se torna muito elevada e a vida pessoal acaba se resumindo a conseguir tempo para “ver um bom filme”. Esta é a definição do vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) Miguel Ribeiro de Oliveira. Além de atuar junto à entidade, ele trabalha com consultoria para empresas e é responsável pelo conteúdo do site Vida Econômica, onde dá dicas sobre como gerir a vida financeira.
Oliveira é economista e se tornou conhecido pelo mercado pelas extensas pesquisas que faz sobre as taxas de juros. O levantamento mensal realizado pelo especialista mostra o comportamento dos juros cobrados ao consumidor na ponta. A próxima pesquisa, que será divulgada esta semana, destaca que está ocorrendo uma elevação da taxa ao consumidor, apesar do corte nos juros básicos (Selic). Esse aumento está relacionado ao crescimento da inadimplência diante da desaceleração econômica e maior nível de desemprego. “Mas no médio prazo, a tendência é de queda dos juros”, prevê.
Segundo Oliveira, com o cenário mais atribulado, a demanda das empresas por consultoria é crescente. “O ambiente atual que vivemos, acaba comprometendo a vida pessoal. São muitas questões urgentes a serem resolvidas. Acabo levando serviço para a casa”, diz. Em parte, o excesso de trabalho é compensado pela paixão do que faz. “Gostar disso minimiza a falta de qualidade de vida”, afirma.

     
     

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