Indústria de fundos registra captação recorde no primeiro semestre

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A indústria brasileira de fundos de investimento registrou captação líquida de R$ 113,6 bilhões entre janeiro e junho de 2017, valor recorde para o primeiro semestre desde o início da série histórica da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em 2002. O montante, que representa a diferença entre aplicações e resgates, avançou 156% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve ingresso de R$ 44,3 bilhões.

“O cenário, de tendência de queda dos juros e da inflação, contribuiu para as captações no início de 2017, estimulando a diversificação das aplicações, principalmente em fundos multimercados. Com a manutenção do controle desses indicadores, a expectativa é que seja mais um ano positivo para a indústria”, afirma Carlos Ambrósio, vice-presidente da Anbima.

Juntos, os fundos de Renda Fixa e os Multimercados responderam por 85% da captação total, com ingressos líquidos de R$ 57,5 bilhões e 39 bilhões, respectivamente. Essas categorias são também as que detêm os maiores volumes investidos: do patrimônio total de R$ 3,8 trilhões aplicados em fundos, 48,4% está na Renda Fixa e 19,9% nos Multimercados.

Os números mostram que o crescimento da indústria foi puxado pelo investidor pessoa física. Até maio, estes clientes – reunidos nos segmentos de varejo e de private banking – aportaram R$ 77,1 bilhões em fundos de investimento. No mesmo período do ano passado, foram R$ 11,7 bilhões. No varejo, predominaram as aplicações em renda fixa (R$ 35,8 bilhões até maio), enquanto os clientes de private banking apostaram nos multimercados (R$ 23,8 bilhões até maio). “Mesmo entre os investidores de varejo vemos que é crescente a predisposição ao risco, confirmada pelo ingresso de R$ 6,6 bilhões desses clientes em fundos multimercados”, diz Ambrósio.

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Em relação aos retornos para os investidores, os fundos de ações se destacaram no período: os principais tipos superaram a variação do Ibovespa (4,4%), índice utilizado como referência para a categoria. A média de rentabilidade dos fundos Small Caps (que reúne ativos de empresas com volumes menores de negociação) foi de 15,8%, por exemplo, enquanto o tipo Ações Livre registrou ganho de 9,1%. Entre os Multimercados, a alta foi de 5,8% no tipo Macro.

Na Renda Fixa, os fundos superaram o rendimento da poupança (3,5%) no semestre: o retorno foi de 5,8% para o Renda Fixa Duração Média Grau de Investimento e o Renda Fixa Baixa Grau de Investimento. Os fundos com ativos de duração mais longa foram impactados pelos eventos políticos de maio e fecharam o semestre com rendimentos menores: 4,6% para o Renda Fixa Duração Alta Grau de Investimento, por exemplo.

 

Segundo semestre

 

A capação líquida da indústria de fundos, que teve recorde no primeiro semestre deste ano, deve continuar crescendo no segundo semestre, mas há riscos políticos que podem interferir no segmento, informou Carlos Ambrósio.

"Com as informações de hoje, se continuar o processo organizado de redução das taxas de juros, acredita-se que a tendência continue nesse ritmo de captação", comentou Ambrósio. Segundo ele, a indústria pode não ter recorde no segundo semestre, uma vez que a "sazonalmente, é um período mais fraco".

Ambrósio aponta que os desdobramentos das delações de Joesley Batista e as investigações contra Michel Temer podem apresentar riscos para a indústria de fundos por acrescentar incertezas, além de se refletirem na economia. "Como ano fechado, à luz de hoje, a tendência é que 2017 seja bem melhor que 2016", comentou Ambrósio, falando sobre a indústria de fundos.

 

Delação de Joesley

 

A delação de Joesley Batista, que atingiu diretamente o presidente Michel Temer, diminuiu o ritmo da alocação dos investidores em fundos de ação e renda variável em maio, informou o vice-presidente da Anbima.

"Vinha num ritmo muito mais acelerado de alocação para produtos mais sofisticados, como multimercados e ações, esses ritmo diminuiu, não chegou a inverter, mas diminuiu. Houve uma retração de apetite de risco", comentou Ambrósio.

A alocação para fundos fora da renda fixa, diz Ambrósio, estava acontecendo desde o começo do ano de maneira forte devido aos cortes da taxa básica de juros, que tornaram os mercados de capitais mais atraentes do que os dos títulos públicos.

"A reação primeira do mercado foi de aguardar o cenário, mas na hora que se confirmou pelo menos do posto de vista econômico, que mostrou que a inflação está sob controle e os juros devem continuar caindo, a alocação voltou a acontecer", disse Ambrósio. O executivo ainda apontou que, mesmo dentro da renda fixa, houve preferência pelas categorias de menor duração do que pelas de longa duração.

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