Indústria têxtil vê com cautela discurso de crescimento da economia

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O segmento têxtil e de confecção, com a contratação de 31.666 trabalhadores e 22.390 demissões, fechou janeiro deste ano com saldo positivo de 9.276 novos empregos – empregando, hoje, cerca de 1,5 milhão de pessoas. Representando 26,5% do total de vagas geradas pela indústria de transformação (34.929), foi o melhor resultado dentre todos os subsetores, conforme indicam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.

O início de recuperação no número de postos de trabalho, depois de uma queda de 3,14% nos últimos 12 meses, é congruente com os resultados da Pesquisa de Conjuntura de fevereiro da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), na qual os empresários do setor apontavam uma retomada neste início de 2019, observa Fernando Valente Pimentel, presidente da entidade. Tanto que, no tocante à produção de janeiro, 40% dos respondentes disseram que ficou um pouco acima da verificada no mesmo mês de 2018 e 8%, muito acima. Quanto às vendas, 48% das empresas indicaram terem ficado pouco acima e 8%, muito acima. Contudo, faltando pouco tempo para o novo governo completar 90 dias, os ânimos de alguns elos da cadeia têxtil já começam a arrefecer, já que o varejo não tem conseguido reagir e os pedidos para a indústria nacional começ am a cair. Paralelamente, tem aumentado os pedidos de importação e economistas estimam redução do PIB de 3% para a casa dos 2%, o que impacta nos resultados do setor.

O presidente da Abit manifesta sua preocupação com o comércio exterior, que continua desfavorável para a indústria têxtil e de confecção. No acumulado dos dois primeiros meses de 2019, as importações foram de US$ 1,05 bilhão, com crescimento de 2,47% em relação a igual período de 2018 (US$ 1,02 bilhão). As exportações, contudo, caíram 25,01% (US$ 168 milhões ante US$ 126 milhões).

O resultado é um déficit de US$ 926 milhões da balança comercial setorial em janeiro e fevereiro, contra US$ 859 milhões no mesmo período do ano passado. "O aumento do saldo negativo foi de 7,85%", acentua Pimentel, ponderando que os números evidenciam a urgência de recuperação da competitividade da indústria brasileira de transformação. "Nesse contexto, são urgentes as reformas previdenciária e tributária, além de mais segurança jurídica, desburocratização e calibração do câmbio e dos juros, que, esperamos, sejam efetivadas pelo novo governo".

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Dentre as importações no primeiro bimestre de 2019, US$ 630,64 milhões, ou 60% do total, são provenientes da China. O valor das compras advindas do país asiático cresceu 7,42% em relação ao mesmo período de 2018, mas em volume de produtos a expansão foi bem maior: 18,94%. Isso sugere que os chineses estão conseguindo reduzir ainda mais os seus preços e ganhando mais espaço no comércio mundial de têxteis e confeccionados.

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