Indecisão e paralisação

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Wall Street (Foto: divulgação)
Wall Street (Foto: divulgação)

É algo típico de virada de ano, quanto mais neste ano atípico de 2020. Faltando somente quatro pregões para o termino do ano, ninguém quer mais arriscar nada. Quem foi bem está satisfeito com o resultado e quer preservar, e quem não foi, não dá mais tempo para arriscar recuperar um pouco. Sobretudo nesse momento de contaminação crescente pela Covid-19, mudança na cepa do vírus, reinfecção e vacinas sendo ministradas. Agora é como se diz no futebol, cumprir tabela.

Diante das incertezas, os mercados vão parando, e isso pode permanecer ainda pelos primeiros dias de janeiro. Aqui, um pouco mais complicado por conta de precisarmos de um Congresso Nacional atuante, e os parlamentares preocupados quase que exclusivamente com a sucessão nas duas Casas do Legislativo. Ou seja, a máquina por lá está também emperrada. O mesmo ocorre com recesso no judiciário.

Se é que existe um lado bom nisso tudo é que reduz a possibilidade de sustos. Se bem que no governo isso pode ocorrer em qualquer momento, mas de qualquer forma, o quadro externo de Covid-19 e vacinas é que deve prevalecer.

Deixando a teoria de lado, ontem o primeiro-ministro britânico e a presidente da União Europeia conversaram novamente por telefone sobre acordo pós-Brexit, e, ao que tudo indica, algumas decisões podem ser tomadas, especialmente sobre as leis de pesca. A União Europeia instruiu os países do bloco a suspender proibição de viagens do Reino Unido. O FMI projetou contração do PIB da Zona do Euro em 2020 de 8,3%, e expansão em 2021 de 5,3%. Acrescentou que a eficácia do fundo criado depende de sua rápida implantação.

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Já a China declarou firme oposição a lista americana de empresas chinesas com ligações militares. Lá, o regulador dos mercados fez intervenção no mercado de minério limitando a abertura de posições diárias. Isso ocorreu depois da alta do minério de mais de 7% ontem, provocando quedas hoje de 6,73% em Qingdao.

Nos EUA, a terceira revisão do PB do terceiro trimestre mostrou taxa anualizada de +33,4%, de leitura anterior de 33,1%. A inflação medida pelo PCE ficou em 3,7% anualizada e o núcleo em 3,4%. A confiança do consumidor do Conference Board de dezembro caiu para 88,6 pontos de anterior em 92,9 pontos, mas com previsão de ficar em 87,3 pontos. Já as vendas de imóveis usados de novembro encolheram 2,5%, de previsão de -2,7%. Mas os mercados de lá reagiram mal a esses indicadores.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em Nova Iorque mostrava queda de 2,23%, com o barril cotado a US$ 46,90. O euro era transacionado em queda para US$ 1,216 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,92%. O ouro e a prata tiveram dia de queda na Comex e commodities agrícolas majoritariamente com altas na Bolsa de Chicago. Como dito, depois da intervenção do órgão regulador chinês no mercado de minério, o metal encerrou o dia com queda de 6,73%, com a tonelada em US$ 164,53.

No segmento local, a área econômica em coletiva disse que as medidas contra a Covid-19 tiveram impacto no déficit primário de R$ 620 bilhões, sendo R$ 374 bilhões para salvar vidas, R$ 140 bilhões para manter empregos e R$ 105 bilhões para entes subnacionais. O déficit primário estimado para o ano é de R$ 844,2 bilhões, algo como 11,7% do PIB. Com o PIB encolhendo 4,5%, o déficit nominal deve ser de 16,5% do PIB e a dívida bruta 93,3% do PIB.

O Tesouro Nacional também projetou vencimentos de dívidas em 2021 de R$ 1,2 trilhão. Comentou que se a demora mudar o quadro fiscal, pode haver risco na gestão da dívida, apesar de já estarem com recursos para pagar os vencimentos do primeiro quadrimestre. Do lado político, continuaram as declarações de políticos e as disputas por posições no processo sucessório. Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, é que minimizou atritos com Paulo Guedes, dizendo que ele tem que pleitear recursos, e o ministro da Economia manter o equilíbrio fiscal.

No mercado local, dia de enorme volatilidade no câmbio, e no encerramento, dólar com +0,76% e cotado a R$ 5,162. No mercado acionário, dia de alta nas principais Bolsas europeias, com Londres subindo 0,63%, Paris com +1,49% e Frankfurt com 1,35%. Madri e Milão com altas de respectivamente 1,86% e 1,90%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,67% e Nasdaq com +0,51%. Na Bovespa, dia de alta de 0,70% e índice em 116.636 pontos.

Na agenda desta quarta, extensa lista de indicadores ressaltando nota de política monetária e relatório da dívida pública de novembro e fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, também muitos indicadores ressaltando as encomendas de bens duráveis de novembro renda e gasto pessoal e deflator pessoal. Também sairá a confiança do consumidor de Michigan de dezembro e os estoques de petróleo e derivados da semana.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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