‘Independente de quem ganhar, é preciso construir acordos EUA-Brasil’

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"Independentemente de quem ganhar as eleições, é preciso construir acordos entre EUA e Brasil", afirmou Thomas Shannon, ex-embaixador dos EUA para o Brasil, durante transmissão ontem ao vivo da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), na última segunda-feira.

Segundo ele, é também dever da população cobrar a construção acordos e financiamento de programas para avançar a relação bilateral. "Os governos têm uma capacidade de influenciar o vínculo por um tempo curto, mas a importância em manter o enfoque nos interesses estratégicos é da sociedade", avalia.

Ontem foi anunciada a conclusão de um acordo comercial entre Brasil e EUA. Na visão de Shannon, o vínculo entre o Brasil e os EUA é muito importante para ambos, sendo estratégico tanto para o Estado quanto para a população.

Ainda que Joe Biden tenha sinalizado retaliação caso o Brasil continuasse a negligenciar as políticas ambientais durante o primeiro debate presidencial, Shannon acredita que o candidato, mesmo se for eleito, não tem condições de forçar o país a fazer nada, abrindo espaço para negociações pacíficas. "O que pode ser feito em relação ao assunto é uma cooperação de ambas as nações para o desenvolvimento e utilização de tecnologias ambientais", acrescenta.

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Na análise do diplomata, as visões dos dois os candidatos norte-americanos sobre multilateralismo são muito diferentes: Donald Trump é unilateralista e prioriza o poder econômico, político e militar dos EUA; e Biden reconhece que no mundo globalizado com muitos problemas transnacionais é necessário contribuir com a prática de cooperação internacional.

"Se há algo para aprender é que a globalização existe: se o vírus passou para o mundo inteiro, mostra que, independente de governos nacionalistas, os povos e a sociedade são globais", manifesta Shannon. Portanto, no que diz respeito à guerra comercial dos EUA com a China, ele aposta em uma abordagem menos agressiva caso Biden vença as eleições e acrescenta: "Foi um erro Trump decidir lutar com China de uma maneira unilateral".

Segundo o ex-embaixador, essas eleições terão uma participação histórica em termos de número de votantes, o que expressa um interesse forte na oportunidade de expressar o voto popular. "Tivemos mais de 28 milhões de pessoas apenas nas votações antecipadas", comenta. Isso porque, em sua avaliação, o país está passando por um momento de mudanças sociais e demográficas e as eleições representarão essas mudanças nas urnas.

"Pela primeira vez, a população hispano-americana terá decisão importante como minoria nos EUA", declara o diplomata. Ele acrescenta ainda que grupos que historicamente votaram em Republicanos estão mudando: a população mais velha que fez diferença contra Hilary em 2016 está votando diferente. Assim, atualmente, a situação do Trump é bem perigosa: "Ele não está derrotado porque tem a capacidade de ganhar, mas a probabilidade é pouca".

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