Indicadores apontam momento difícil para setor de bares e restaurantes

Segundo Abrasel, em agosto, houve queda de -3,5% no setor, contribuindo para a queda geral nos serviços do país

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Restaurante durante a pandemia (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Restaurante durante a pandemia (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

Pesquisas recentes apontam para um momento desafiador para os estabelecimentos de alimentação fora do lar no terceiro trimestre. Com queda no volume de vendas, aumentou o número de bares e restaurantes trabalhando com prejuízo. E as margens continuam apertadas, com a dificuldade de recuperar preços.

A pesquisa mensal de serviços divulgada pelo IBGE na última terça-feira trouxe más notícias para o setor de alojamento e alimentação, no qual os bares e restaurantes representam 90% do total. Em agosto, houve uma queda de -3,5% no volume desse setor, contribuindo para a queda geral nos serviços do país, que foi de -0,9% no mesmo mês. No entanto, nos últimos 12 meses, o volume no setor de alojamento e alimentação apresenta uma variação positiva de 6,8%, superando a média geral, que é de 5,3%.

Pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) mostra que no mês de agosto houve um aumento notável no número de empresas que operaram no prejuízo, atingindo 24% das empresas pesquisadas. Esse aumento foi de 5% em relação à pesquisa anterior realizada em julho. Além disso, 34% das empresas conseguiram manter seu equilíbrio financeiro, enquanto 41% registraram lucro.

A redução no volume de vendas também teve um impacto na inflação do setor, que registrou uma variação positiva de 0,12% em setembro, de acordo com dados do IPCA divulgados pelo IBGE. Esse valor ficou abaixo da média da inflação para o mês, que foi de 0,26%. Nos últimos 12 meses, os aumentos nos preços de bares e restaurantes estão praticamente em linha com a média geral de inflação, com um aumento de 5,42%, comparado a 5,19% do índice geral. Isso mostra que houve pouco espaço para uma recuperação nos preços dos cardápios, refletindo também a situação desafiadora enfrentada pelo setor.

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“A queda no volume de vendas é muito ruim para quem ainda está trabalhando com margens apertadas, uma herança dos tempos difíceis que tivemos recentemente. Houve uma pequena recuperação nos últimos 12 meses, mas isso ainda não é o suficiente para melhorar a situação como um todo e permitir, aos 41% que estão trabalhando com lucro, pensar em aumento de quadro e novos investimentos, como gostaríamos”, avalia Paulo Solmucci, presidente da Abrasel.

Já de acordo com Fernando Blower, diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), com a retomada gradual da normalidade, a queda do endividamento e maior lucratividade dos operadores, a abertura de novos estabelecimentos de foodservice (restaurantes, bares, lanchonetes, dentre outros) é observada de forma mais significativa.

“Com mais pessoas circulando nas ruas e o poder de compra ganhando certo fôlego, o segmento consequentemente se beneficia e, esse importante motor econômico, que mais emprega no país, inclusive, volta a rodar. Para se ter uma ideia, bases de dados da Receita Federal mostram que, entre janeiro de 2022 a julho de 2023, foram abertas quase 57 mil novas empresas envolvendo o foodservice no Brasil. Ainda devido aos efeitos da pandemia, que culminaram em muitos negócios fechados, é natural que diversos pontos comerciais sejam reocupados, principalmente por se tratar de estabelecimentos já muito bem estruturados, com cozinha e toda a estrutura básica necessária para um negócio operar, sem contar a localização atrativa.”

Segundo ele, a abertura de novos restaurantes e estabelecimentos de alimentação fora do lar também volta a contribuir para a diversificação das ofertas disponíveis aos consumidores. A pandemia mostrou a necessidade de adaptação e inovação.

“Novos estabelecimentos geram empregos diretos e indiretos. Com o aumento da demanda por serviços de alimentação, mais chefs, garçons, gerentes, fornecedores e outros profissionais encontram oportunidades de trabalho. Como resultado, o setor foi um dos que mais gerou empregos no Brasil em 2022, sendo o campeão de primeiro emprego”, avalia.

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