Índice de sustentabilidade terá ranking ESG das empresas

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Espaço da B3 (Divulgação B3)
Espaço da B3 (Divulgação B3)

O Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE B3) passou por uma revisão em sua metodologia que o tornará “mais simples e transparente para os investidores, permitindo a elaboração de rankings com as empresas de capital aberto mais avançadas na agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança)”, divulgou a bolsa de valores nesta terça-feira. O ISE B3 começou a ser aplicado em 2005.

A nova metodologia passa a incluir a divulgação da nota geral de todas as empresas que participarem do processo de seleção (inclusive as não selecionadas para a carteira), além da pontuação obtida em cada um dos 28 temas que integram as dimensões meio ambiente, governança corporativa e alta gestão, capital humano, capital social e modelo de negócios e inovação.

“O processo ficou mais objetivo e os questionamentos estão mais próximos ao que o mercado está habituado a reportar, considerando a sinergia com os padrões internacionais. Apesar da redução do questionário, não há nenhum prejuízo de temas abordados. Pelo contrário, o grau de exigência ESG aumentou, mas ficou mais intuitivo participar do processo”, afirma Luís Kondic, diretor de Produtos Listados e de Dados da B3. As companhias podem se inscrever a partir de 20 de julho no site www.iseb3.com.br. O processo de seleção deve incluir as 200 ações mais líquidas da bolsa do Brasil.

Segundo a B3, as informações estarão disponíveis ao público em geral no site www.iseb3.com.br a partir de janeiro de 2022, quando a nova metodologia entra em vigor. A divulgação dos dados permitirá, por exemplo, que investidores direcionem, com maior clareza, seus recursos para empresas com as maiores pontuações no tema ESG segundo o ISE B3. Atualmente, a metodologia do índice não prevê a divulgação das notas individuais nem por temas, não possibilitando a comparação entre diferentes setores e empresas no país.

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“O ISE B3 é um indicador importante para os investidores que estão ávidos por ativos sustentáveis, mas também tem o papel de estimular as empresas a avançarem em suas práticas ESG”, afirma Ana Buchaim, diretora-executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação e Sustentabilidade da B3.

Reformulação

De acordo com a executiva da bolsa do Brasil, a reformulação do índice, a mais importante em 16 anos de existência do ISE B3, reforça a transparência do processo e permite que, de fato, as empresas mais evoluídas na agenda ESG tenham destaque na carteira. “Faz parte do nosso compromisso com a evolução da pauta de sustentabilidade entregar um indicador que esteja à altura da sofisticação que o mercado vem ganhando nessa área”, completa Ana.

A B3 também trouxe parceiros com metodologias internacionalmente reconhecidas para avaliar o risco de imagem e os temas de mudança do clima, permitindo ainda maior robustez nessas avaliações. A nota sobre mudança do clima, por exemplo, passa a ser feita com base no CDP (Carbon Disclosure Project), organização internacional criada por investidores que solicita informações de mudanças do clima para as maiores empresas do mundo. A nota obtida pela companhia no CDP precisa estar igual ou acima da pontuação C para que ela possa fazer parte do índice da B3. O mesmo ocorre com o risco reputacional das empresas, que passa a ser avaliado pela RepRisk, com índice (RRI) sempre menor ou igual a 50 nos dos anos anteriores à divulgação do índice.

Mudança climática

De acordo com Rebeca Lima, Diretora-Executiva do CDP Latin America, “há 20 anos o CDP ajuda a colocar a mudança climática no centro da tomada de decisões. Hoje, são mais de 10 mil organizações que reportam os dados relacionados às suas ambições climáticas na nossa plataforma. Nesse sentido, o CDP se une ao ISE B3 para integrar o reporte, buscando facilitar para as empresas que divulgam seus dados à essas duas iniciativas. Essa parceria entre CDP e ISE B3 vai além da integração de dados e informação, mas amplifica o impacto dos esforços das duas organizações na promoção da transparência corporativa e do reporte climático.”

“Estamos muito entusiasmados com esta nova parceria com a B3”, disse Alexandra Mihailescu Cichon, vice-presidente executiva de vendas e marketing da RepRisk. “Os dados RepRisk permitem que os tomadores de decisões financeiras reajam rapidamente aos riscos ESG materiais que podem se traduzir em riscos financeiros, de reputação ou de conformidade. Temos o orgulho de oferecer essa capacidade aos investidores no mercado sul-americano com a integração de nossos dados ESG com foco em risco e atualizados diariamente neste índice da B3 com foco em sustentabilidade. Além disso, estamos orgulhosos de trabalhar com a B3 para criar mais avanços para o ESG em estratégias de investimento, especialmente porque o ESG viu um crescimento sem precedentes nos últimos anos”, acrescentou.

Atualizações mais frequentes

A nova metodologia do ISE B3 também aumentará a regularidade de revisão da carteira do índice, permitindo captar eventuais mudanças na gestão das empresas num prazo mais curto. Em vez de uma única avaliação anual, as empresas que integram o índice serão revisadas duas vezes ao ano, em maio e setembro.

Para garantir que a pontuação obtida pelas melhores empresas também influencie a composição do ISE B3, as mudanças feitas a partir do ano que vem garantirão que as companhias com as notas mais altas também terão maior peso na composição do índice. Com isso, o indicador deixa de refletir apenas o valor de mercado das companhias e passa a ter como critério principal as notas obtidas no score ISE B3.

A nova metodologia foi construída em conjunto com diversos stakeholders. A B3 ouviu e acatou as demandas e sugestões de investidores, empresários e analistas, além de incorporar 55% das 1.278 contribuições recebidas na consulta pública.

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