Indústria extrativa liderou exportações brasileiras

Entre os principais parceiros, as exportações para a China cresceram, em valor, 53,7% e para os EUA em 26,8%

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Contêineres (foto: Markus Distelrath, Pixabay)
Contêineres (foto: Markus Distelrath, Pixabay)

“A China lidera saldo comercial, mas dados mostram a importância do Brasil se manter ‘global trader’.” A avaliação é de estudo do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Como analisamos em edições anteriores, esperamos que o setor externo continue a apresentar um cenário favorável durante o presente ano associado ao desempenho da balança comercial. Nesse sentido, o superávit recorde de US$ 6,5 bilhões na série mensal de janeiro da balança comercial, desde 1997, confirma a expectativa de um cenário favorável”, diz a análise.

A variação em valor das exportações foi de 18,5% e as importações recuaram em 0,1% na comparação interanual do mês de janeiro entre 2023 e 2024. Repetiu-se o comportamento observado ao longo de 2023, de queda nos preços e aumento no volume. O aumento do volume exportado em 21,1% superou o das importações, 9,7%. No caso dos preços, o recuo nas importações de 8,8% ultrapassou o das exportações, 2,0%. O aumento das exportações foi liderado pelas commodities, que cresceram em volume 31,5%, enquanto a variação, entre os meses de janeiro de 2023 e 2024, das não commodities foi de 1,6%. A queda nos preços das commodities foi de 2,3%.

O desempenho por setor de atividade mostra a liderança da indústria extrativa, em que as exportações cresceram em valor 53,1%, na comparação entre os meses de janeiro. Esse resultado é explicado pela variação de 44,4% em volume e de 5,9% nos preços. Destacam-se as vendas de petróleo bruto (17,8% do total exportado) com aumento de 53,4%, em valor, impulsionado pelo aumento de volume (61,8%), pois os preços recuaram. Em seguida, as exportações de minério de ferro (participação de 10,5%), com aumento em valor de 56,9%, sendo 20% no volume e 30,8% nos preços. Até meados de 2023, os preços do minério de ferro estavam caindo em relação a 2022. O aumento da demanda chinesa explica esse resultado. A agropecuária também apresentou variação positiva em volume (33,0%), mas queda de preços. A liderança coube às exportações de soja (participação de 5,4% nas exportações totais) com aumento de volume e queda de preços. A variação no valor exportado da indústria de transformação foi de 6,3%, com aumento de volume (7,1%) e preços estáveis.

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Entre os principais parceiros, as exportações para a China cresceram, em valor, 53,7% e para os EUA em 26,8%. Para a União Europeia, as vendas externas recuaram em 17,7% e para a Argentina em 25,4%. Os aumentos de exportações foram liderados pela variação positiva do volume, enquanto que para a União Europeia e Argentina, os volumes caíram. No caso da Argentina, a participação do país nas exportações brasileiras foi de 2,8% em janeiro, o menor percentual na série histórica de janeiro. O segundo menor foi na crise do início dos anos 2000, 3,5% em janeiro de 2022. Um reflexo da atual crise foi a queda nas vendas de automóveis de passageiros, que registraram retração em valor de 38,2%.

No caso das importações, a China liderou a variação positiva no mês de janeiro em termos de valor (10,2%) e volume (32,6%) e variação negativa dos preços (-16,4%). O volume recuou para os EUA e a União Europeia e cresceu 1,9% para a Argentina.

A China contribuiu com US$ 2,7 bilhões e os EUA com US$ 244 milhões para o superávit da balança comercial de janeiro. Argentina e União Europeia registraram saldos negativos. Os saldos positivos da África (US$ 855 milhões), Oriente Médio (US$ 990 milhões) e América do Sul, exclusive Argentina (US$ 543 milhões) somaram US$ 2,4 bilhões, que mais US$ 1,2 bilhões da Ásia, exclusive a China, chega-se a um superávit de US$ 3,6 bilhões.

A China lidera o saldo comercial, mas os dados mostram a importância dos mercados da África, Oriente Médio e demais mercados na Ásia e na América do Sul para o resultado recorde da balança comercial.

Segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o coeficiente de penetração das importações a preços constantes no valor de 25,9%, em 2022, foi o maior da série histórica, desde 2003. Superou o de 2011, no valor de 24,2%, quando o real apresentava forte valorização cambial.

O coeficiente é calculado pela razão entre as importações e o consumo aparente (valor da produção mais as importações menos as exportações). Logo para avaliar o comportamento do coeficiente é preciso analisar a série do valor da produção e das exportações. Aqui só queremos fazer uma primeira leitura dos dados e consideramos apenas o volume importado por categoria de uso.

O período de 2002/2011 foi o de maior crescimento no volume importado total e todos os setores registraram variação positiva. Posteriormente houve redução até 2016 e alguma recuperação até 2020, em especial, para bens de capital. Entre 2021/2023, as importações aumentar a uma média anual de 1,9%, mas consumo de duráveis e semiduráveis registraram variações positivas de 21,9% e 23,2%, respectivamente. O mesmo comportamento se repete entre 2022 e 2023, mas com queda de 2,2% nas importações totais. Os resultados sugerem, portanto, uma concentração do aumento das importações em consumo duráveis e semiduráveis. O estudo da CNI destaca que os maiores aumentos foram em vestuário e confecções, couro e calçados, máquinas e equipamentos e têxteis.

Vestuário e couro e calçados, bens de consumo semiduráveis, registraram aumentos de dois dígitos nos dois períodos. Máquinas e equipamentos registraram aumento em 2022, mas depois recuaram. O aumento de autos e outros veículos foi positivo, mas na ordem de um dígito.

O estudo destaca o setor de metalurgia, que, após queda em 2022, registrou aumento de 12,7%, em 2023.

“Em suma, para alguns setores a tendência de aumento das importações é verificada. No entanto, não seria um aumento generalizado, como foi nos anos de 2002/2011.”

Segundo a Rio Indústria, a indústria extrativa continua a ser um setor de destaque para o estado em 2024, mantendo sua posição como impulsionador fundamental do crescimento econômico regional. Responsável por extrair recursos naturais como minérios, petróleo, gás natural e carvão, essa indústria desempenha um papel crucial em vários setores da economia, incluindo construção civil, indústria automobilística e produção de energia.
“O sucesso contínuo da indústria extrativa no estado do Rio de Janeiro reflete não apenas a riqueza de seus recursos naturais, mas também o compromisso com práticas sustentáveis e responsáveis”, comenta Gladstone Santos, presidente interino da Rio Indústria.
Divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados referentes ao ano de 2023 revelam que a produção industrial do estado do Rio de Janeiro encerrou o ano com um crescimento expressivo, superando a média nacional. O setor de óleo e derivados de petróleo, incluindo a indústria extrativa, apresentou um crescimento de 8,5%, enquanto os derivados de petróleo registraram um aumento de 11,2%, impulsionando assim o crescimento industrial fluminense. Além disso, as atividades relacionadas à cadeia da construção civil também se destacaram, com um crescimento de 16,1%.
De acordo com a Associação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, em 2024, a região continua a apresentar um cenário promissor para o setor industrial, com diversos segmentos potenciais de crescimento, incluindo energias renováveis e indústria naval e offshore.

Matéria atualizada às 17h, para acrescentar posição da Rio Indústria

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