Indústria naval é essencial na retomada econômica

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Embarcação (foto Transpetro)
Embarcação (foto Transpetro)

A Transpetro não será privatizada, quer mais navios próprios, e pretende, inclusive, realizar concursos públicos. As afirmações são do novo presidente da companhia, Sérgio Bacci, que concedeu nesta quinta-feira sua primeira entrevista coletiva para a imprensa, no auditório do edifício sede da estatal, no Rio de Janeiro, e que também foi transmitida virtualmente. Criada em 1997, a Transpetro, uma subsidiária da Petrobras, esteve na lista de empresas privatizáveis do governo anterior.

Bacci anunciou que deve apresentar em dois meses os valores que serão necessários para a retomada da construção de navios no país por encomenda da companhia, que tem a Petrobras como cliente principal. O projeto, em fase ainda muito embrionária, considera a construção de navios dotados de “tecnologia verde”. O executivo não entrou em detalhes técnicos sobre isso.

“Em 60 dias devemos saber o custo dos navios. Precisamos gerar emprego no país. Vamos construir navio no Brasil, mas não será a qualquer preço e a qualquer prazo. Terremos que ter parâmetros”, disse ele acrescentando que seguirá as orientações da Petrobras.

Bacci informou que um grupo de trabalho formado pelo corpo técnico da empresa –que já está dialogando com a holding – está se debruçando sobre os cálculos financeiros para construção dos navios.

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Na semana passada, o executivo esteve na Controladoria-Geral da União (CGU) e no Tribunal de Contas da União (TCU). “Quero que eles acompanhem desde o momento zero até a construção dos navios. As duas instituições já se colocaram à disposição”, contou. O anúncio de Bacci está alinhado com a mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que disse, ainda durante a campanha, que voltaria a “construir navios nos estaleiros do Rio de Janeiro”.

Fundo

Sobre o financiamento desses navios, o executivo afirmou que virá dos recursos do Fundo de Marinha Mercante via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Não vou reeditar o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef)”, avisou o executivo. Os 26 navios que compõem hoje a frota própria da Transpetro foram construídos via Promef. Além desses, a companhia opera com 10 embarcações alugadas.

Perguntado, Bacci esclareceu que a Transpetro não tem nenhum passivo com o Pronef. “Há dois navios que estão hoje ancorados no estaleiro do outro lado da ponte (Rio Niterói). Nenhum dos dois são mais da Transpetro, houve rompimento do contrato em 2015. Esses navios pertencem ao BNDES (que está à frente da negociação com o estaleiro Mauá)”.

Concursos

Está no radar dessa gestão a realização de concursos públicos. “Vamos ampliar serviços e a capacidade da empresa. Precisaremos de mais pessoas colaborando”, disse Bacci que pretende lançar ainda este ano os editais.

Para ele, a indústria naval precisa ter demanda de longo prazo (isso aconteceu no Japão e na China). “No Brasil vivemos de altos e baixos. Precisamos construir um projeto de estado, não de governo. Precisa ter bases sólidas”, frisou.

Sobre a construção dos navios, disse que existem estaleiros com capacidade para isso, mas como como não existem encomendas desde 2014 será necessário fazer adequações. Bacci entregou uma lista com nomes de vários estaleiros que poderiam concorrer no processo de licitação para a realização dos projetos. Ele disse terá que enfrentar a qualificação de mão de obra, pois ao longo dos últimos anos ela foi se perdendo. “São vários os desafios”.

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