A Petrobras precisa recuperar a sua capacidade de investimentos no segmento de exploração de óleo e gás, sobretudo, em novas fronteiras. Não se limitar ao desenvolvimento da produção no pré-sal. A conclusão está no “Diagnóstico do segmento de exploração de petróleo e gás no Brasil”, realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
De acordo com o Ineep, é necessário um plano exploratório robusto, orientado ao interesse coletivo, à segurança energética e ao desenvolvimento nacional, elementos que garantirão tanto a sustentabilidade operacional da empresa como sua inserção no longo processo de transição energética global.
O instituto faz, nesse diagnóstico, uma análise das atividades da Petrobras nas áreas de exploração e produção no período de 2000 a 2023 e alerta para a redução da relação entre reservas e produção de óleo e gás no período. É abordado os fatores políticos, econômicos e institucionais que contribuíram para os resultados negativos defende a mudança na estratégia exploratória de longo prazo da empresa.
“Há a necessidade de formulação de um novo e potente plano estratégico de longo prazo”, sustenta o estudo. A sugestão é de um plano que incorpore aos seus objetivos a ampliação de investimentos exploratórios, a descoberta e a aquisição de novos reservatórios de petróleo e gás natural, além de maiores investimentos na recuperação de campos maduros.
Histórico
No histórico do diagnóstico, o Ineep trabalha com três fases – de altas e baixas. Na primeira, entre 2000 e 2006, as atividades de perfuração foram decrescentes e inferiores à intensificação provocada pela descoberta do pré sal; a segunda, entre 2007-2014, caracterizou-se pela aceleração do volume de atividades de perfuração marítimas no Brasil e representou o auge dessas atividades no período analisado, em especial no triênio 2010-2012; na terceira e última, entre 2015-2023, houve uma forte queda das atividades de perfurações offshore, que registraram um número médio de novas perfurações cerca de três vezes inferior ao observado na segunda fase.
Para os pesquisadores envolvidos no estudo, as decisões estratégicas da companhia nos segmentos de exploração e produção devem observar os desafios impostos pelas dinâmicas geopolíticas e comerciais inerentes ao aprofundamento do processo de transição energética. “As múltiplas incertezas e condicionantes geopolíticos, tecnológicos e financeiros à atividade exploratória não podem ser justificativas para escolhas estratégicas de curto prazo, tampouco para o esvaziamento do segmento de exploração como observado nos últimos anos”, alertam ainda.
Com 78 páginas, o estudo resulta de trabalho de Mahatma Ramos dos Santos, diretor técnico do Ineep, e de José Sérgio Gabrielli e Francismar Ferreira, pesquisadores do Instituto. É o segundo de uma série, iniciada em agosto, com a divulgação do “Diagnóstico Governança Corporativa na Petrobras – O sequestro na estatal?”