Ineficaz & caro

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A psicanálise define a esquizofrenia como perda vital de contato com a realidade. Embora esta coluna se pretenda de economia, não tem como evitar a busca na psicanálise da melhor síntese para a decisão do Copom de elevar a taxa de juros básica (Selic) do país para 18,25% ao ano. Ao aumentar a Selic, Armínio Fraga et caverna confessam que suas estripulias tornaram o risco do país 4,6 vezes maior do que o dos Estados Unidos, onde a taxa básica foi rebaixada para 4% ao ano. Como previra esta coluna, no último dia 16, esse spread abissal entre as duas taxas não impediu que o Copom iniciasse nova escalada dos juros.
A esquizofrenia do Banco Central se manifesta na alegação apresentada para defender a nova paulada no setor produtivo, na definição da Confederação Nacional da Indústria (CNI), de que seu objetivo foi conter a escalada do dólar para cumprir a meta de inflação máxima de 6% este ano. Qualquer estagiário de economia sabe que a elevação dos juros tem tanta capacidade de segurar a alta dos dólar agora, quanto um homem deter um caminhão ladeira abaixo. O próprio Fraga confessa a ineficiência da medida, quando recorre ao FMI para obter dólares que contenha a escalada especulativa com a moeda norte-americana, alimentada pela fragilidade do governo para fechar suas contas externas.
Quanto à meta de inflação, que argumento, que não o fanatismo ideológico, obriga o país a conviver com juros ainda mais pornográficos por que a inflação pode fechar o ano em 6,5%, 6,3%, em vez de 6%?

Faltou dizer
A declaração do ministro da Fazenda, Pedro Malan, de que o Banco Central deveria se limitar a assistir à disparada do dólar deveria ser seguida de conclusão óbvia para quem baseia sua visão de mundo na supremacia do mercado. Como, para citar Malan, no regime de câmbio flutuante o dólar sobe ou desce livremente, o governo deveria se considerar desobrigado de usar o dinheiro da “viúva” para bancar o risco cambial dos agentes que se instalam no país. Afinal, regras do jogo, com raízes tão sólidas, devem valer para todos. Pelo visto ontem, nem Fraga acredita nisso.

Ócio real
Com a popularidade em baixa, o governo argentino anunciou sua estratégia para reconquistar o eleitorado do país: o acompanhamento diário da rotina do governo por meio de câmeras do Canal 7, a emissora estatal de TV, instaladas dentro da Casa Rosada, o palácio presidencial. Algo ao estilo de O show de Truman, filme no qual o personagem principal era acompanhado 24 horas por dia por câmeras ocultas. O principal protagonista do show oficial será o próprio presidente, Fernando de la Rúa, cuja imagem já desgastada vem sofrendo nas últimas semanas duros golpes: além da grave crise econômica e social por que passa o país, surgiram rumores mais frequentes sobre as condições de saúde do presidente. De la Rúa, qual rainha da Inglaterra, vê impotente o poder ser exercido pelo ministro Domingo Cavallo.
Segundo as últimas pesquisas de opinião, cerca de 80% dos argentinos desaprova o atual governo e mais da metade dos eleitores de De la Rúa em 1999 se arrependem do voto. A idéia de acompanhar todos os passos do presidente partiu do secretário-geral da Presidência, Nicolás Gallo, e do secretário de Cultura, Darío Lopérfido. “É uma forma de humanizar o contato do presidente com as pessoas”, justificou Lopérfido, cuja pasta é responsável pelo Canal 7.

Suspeito
A deputada Jandira Feghali (PcdoB-RJ) se reuniu ontem com o presidente da Petrobras, Henri Phillipe Reichstul, para saber os motivos que levaram a estatal a comprar dois navios estrangeiros (Loire e Front Archer). Segundo a deputada, o processo para a aquisição dos navios contém inúmeras informações contraditórias. O primeiro, diz respeito a decisão de comprar os navios ao invés de construí-los no Brasil. E o outro, é referente a possível superfaturamento na compra. Jandira disse que, de acordo com a revista Marine Log, especializada no setor, houve um lucro excepcional de US$ 38 milhões na realização do negócio. Além disso, a parlamentar questiona que os navios trarão tripulação estrangeira, quando os brasileiros poderiam operar bem a embarcação, trazendo, entre outros benefícios, a geração de emprego no país. A deputada quis saber os motivos que levaram a Petrobras a concretizar essas operações, enquanto que a indústria nacional agoniza.

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