O dólar paralelo continua em forte alta na Argentina, desafiando o dólar oficial. Nesta sexta-feira, depois de aumentar 35 pesos, atingiu novo recorde, em 1.500 pesos por dólar para venda, alta de 2,42% em relação à quinta-feira. Chamado de “blue”, a cotação avançou pelo quarto dia consecutivo na semana e até agora em julho acumula um aumento de 9,9%.
Nesta sexta-feira, o Indec (equivalente ao IBGE) divulgou que a inflação na Argentina em junho foi de 4,6%, acumulando alta de 79,8% no primeiro semestre e 271,5% em 12 meses. Em maio, a inflação oficial foi de 3,7%. As consultorias privadas começaram a registrar mudança nos preços após o salto do dólar. “Os novos dados de inflação são feios. A ascensão do ‘blue’ já chegou à gôndola”, escreveu o economista Luciano Cohan, citado pelo jornal La Nacion.
Com o avanço da moeda no mercado informal, aprofunda-se a diferença em relação às cotações oficiais controladas pelo Banco Central da República Argentina (BCRA). A diferença cambial passou de 60% ao final desta sexta-feira em relação ao dólar oficial “atacado”, utilizado principalmente para operações de comércio exterior, que fechou a 940 pesos para venda.
Por seu lado, os chamados “dólares financeiros”, cujo preço resulta de operações com títulos na Bolsa, também seguem em alta. O Mercado de Pagamento Eletrônico (MEP) fechou na sexta-feira com preço médio de 1.425 pesos por unidade, enquanto o segmento Dinheiro com Liquidação (CCL) terminou em aproximadamente 1.434 pesos por unidade.
Apesar do avanço do dólar paralelo na Argentina, o governo descartou uma crise na frente cambial e enfatizou que não recorrerá à desvalorização da taxa de câmbio oficial. De acordo com uma política do BCRA, o preço do dólar oficial é desvalorizado a uma taxa progressiva de 2% ao mês, um esquema também chamado de “crawling peg”.
O real estava cotado a 169,43 pesos para venda nesta sexta-feira. Nas ruas, porém, a moeda brasileira era negociada a 270 pesos para compra.