O mês de março registrou nova alta nos preços dos alimentos no Brasil, mantendo a pressão sobre as famílias de baixa renda. De acordo com o Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos, divulgado pelo Instituto Pacto Contra a Fome, o grupo Alimentação e Bebidas subiu 1,17% no período e respondeu por quase metade (45%) do IPCA do mês.
Os principais responsáveis pela pressão inflacionária foram alimentos in natura e minimamente processados, como tomate, café moído e ovo de galinha, cujos preços foram influenciados por transição de safra, condições climáticas adversas e custos de produção. Por outro lado, produtos como arroz, contrafilé e alcatra registraram queda, ajudando a conter uma alta ainda maior da cesta básica.
Uma comparação entre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – que mede a inflação para famílias com renda entre um e cinco salários – , e o IPCA mostrou que os preços subiram relativamente menos para as famílias com renda mais baixa no mês de março. Ainda assim, o item alimentação apresentou alta de 1,08% no mês.
O Instituto alerta que o aumento da inflação vem demonstrando um padrão concentrado nos alimentos.
“Essa persistência aumenta o risco de agravamento da insegurança alimentar no país, sobretudo entre os mais vulneráveis e acende o alerta de que é preciso agir já para evitar um recuo nos avanços relacionados à segurança alimentar no país”, explicou Ricardo Mota, gerente de Inteligência do Pacto Contra a Fome.
Apesar da expectativa de moderação nos próximos meses com a entrada de novas safras e queda de alguns custos, o cenário ainda é instável. O Pacto Contra a Fome defende a adoção de políticas públicas estruturantes, que enfrentem as causas da insegurança alimentar de forma duradoura. Clima extremo e variações no mercado internacional permanecem como variáveis de risco e exigem atenção constante.
Já para Andréa Angelo, estrategista de Inflação da Warren Investimentos, “o IPCA de março registrou uma alta de 0,56%, acima da nossa projeção de 0,50% e da mediana do mercado, de 0,54%. Em 12 meses o índice acumula uma alta de 5,48%, acelerando de 5,06% em fevereiro.”
“Alimentação no geral veio mais forte, com destaque para os alimentos no domicílio (3 bps), mais especificamente os subgrupos de tubérculos, raízes e legumes, frutas e leite e derivados. Vale ressaltar a queda relevante das carnes, que vieram em -1,60%.”