Inflação no Brasil sobe mais que nos países da OCDE

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Cartazes com preços de produtos (Foto: Roberto Parizotti/PT)
Cartazes com preços de produtos (Foto: Roberto Parizotti/PT)

Será a alta da inflação em 2021 um fenômeno brasileiro ou é reflexo do que acontece no mundo? Quais são os efeitos imediatos da inflação para as diferentes classes sociais? Essas duas perguntas foram objeto do estudo “Uma breve discussão sobre o aumento recente da inflação no Brasil”, de Rodrigo De-Losso, professor titular da FEA-USP e pesquisador da Fipe, e Carlos Nathaniel Rocha Cavalcante, mestrando da FEA-USP.

Segundo o texto, a inflação brasileira cresceu entre o terceiro trimestre de 2020 e o terceiro bimestre de 2021, saltando de 2,63% para 9,64% nesse período. “Esse fenômeno não é estritamente brasileiro. Quando comparamos a inflação média dos países da OCDE, verificamos a mesma crescente, embora em magnitude menor. Contudo, se comparamos a inflação observada no terceiro trimestre de 2020 e 2021, a inflação aumentou mais que 2,5 vezes no Brasil e 3,5 vezes na média dos países da OCDE.”

“Com exceção do Japão, todos os países tiveram aumentos significativos de inflação no terceiro trimestre de 2021, se comparados a igual período do ano passado. Mas os brasileiros parecem estar sofrendo mais com a perda do poder de compra. O Brasil foi o que teve mais aumento de inflação, se comparado com os países da OCDE – que, exceção do Japão, que teve leve deflação, tiveram aumento significativo de preços.

Além de superior à média, a inflação no Brasil (9,64% no 3º trimestre de 2021, anualizada) foi quase 4 pontos percentuais maior que a do segundo na lista, o México (5,77%).

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Em relação aos efeitos sobre as classes de renda, a inflação para os mais pobres foi maior do que para os mais ricos nos últimos dois anos. O índice acumulado em 2020 foi de 6,28% para os indivíduos de renda muito baixa (menor que R$ 1.808,79) e de apenas 2,74% para os indivíduos de renda muito alta (maior que R$ 17.764,49). Este ano, até setembro, a diferença é menor: 7,12% contra 6,23%, respectivamente.

Além disso, observou-se um padrão em que, quanto menor a renda, maior a inflação observada. “Isso corrobora com o fato de que os indivíduos mais pobres sofrem mais com inflação por não terem como substituir seus bens mais elementares − no caso, alimentação, transporte etc.”, comentam os autores do estudo.

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