O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,23% em maio deste ano. A taxa é menor que a de abril último (0,61%) e de maio de 2022 (0,47%). O resultado surpreendeu o mercado financeiro.
Com o resultado, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA – a inflação oficial do país – é de 2,95% no ano. Em 12 meses, o acumulado é de 3,94%, abaixo dos 4,18% acumulados até abril.
Segundo Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, “a abertura qualitativa mostrou continuidade da melhora na composição. O IPCA de hoje é compatível com uma desaceleração permanente dos núcleos e serviços a nível próximo de 5,0% no final do ano.”
“Entre as surpresas baixista em relação ao projetado, ficou concentrada em itens voláteis como: alimentação no domicílio (leites, proteínas e alimentos in natura) e medicamentos. Para frente, vemos deflação para o IPCA de junho (por enquanto, nossa projeção está em -0,09%) e inflação de julho entre 0,20 e 0,24%. Estimamos IPCA de 2023 em 4,8% e 2024 em 4,2% (em revisão).”
O principal impacto na inflação de maio veio do grupo de despesas, saúde e cuidados pessoais, que registrou alta de preços de 0,93%, puxada por itens como planos de saúde (1,20%), itens de higiene pessoal (1,13%) e produtos farmacêuticos (0,89%).
Dois grupos de despesas acusaram deflação e evitaram uma inflação maior: transportes (-0,57%) e artigos de residência (-0,23%). O comportamento dos transportes foi influenciado pela queda de preços das passagens aéreas (-17,73%) e combustíveis (-1,82%) como óleo diesel (-5,96%), gasolina (-1,93%) e gás veicular (-1,01%).
Os alimentos continuaram registrando inflação (0,16%), mas em nível abaixo de abril (0,71%), devido ao comportamento de itens como preços das frutas (-3,48%), do óleo de soja (-7,11%) e das carnes (-0,74%).
Já para Marianna Costa, economista-chefe do TC, “com o IPCA abaixo do esperado, cresce muito a expectativa de que o início do ciclo de corte de juros comece em agosto. Hoje a curva precifica que esse corte comece na ordem de 25 pontos, mas o número de hoje até aumenta a probabilidade para que o início do ciclo venha com um corte maior. Hoje a curva precifica, então, um corte 1.5 daqui até o final do ano, então levando a Selic para 12,5% no final 2023. Vale a pena destacar que os mercados aqui no Brasil reagem de forma bastante positiva a esses dois números e não é só a curva de juros que reflete isso. O comportamento da Bolsa também reflete esse número melhor, essa perspectiva de queda de juros, e o câmbio também aparece no mesmo sentido.”
Com Agência Brasil
Matéria atualizada às 19h26 para alterar título
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