A Mobile World Congress (MWC) 2024 em Barcelona, na semana passada, representou o epicentro das inovações tecnológicas no setor de telecomunicações, revelando avanços significativos e estabelecendo novos padrões para o futuro da conectividade.
No segmento de acesso móvel, o destaque foi a introdução do novo 5.5G (6G), alcançando velocidades impressionantes de até 11,6 Gbps. Além disso, observou-se a proliferação de redes 5G privadas na indústria e o aumento de MVNOs adotando e-SIMs totalmente digitais, marcando uma evolução significativa na acessibilidade e na personalização dos serviços de telecomunicações.
As inovações em acesso incluíram projetos notáveis, como o uso de drones extraterrestres da Airbus e balões tipo zepelim da Mobile World, oferecendo alternativas para a expansão da cobertura 5G, especialmente em regiões desafiadoras.
Quanto ao acesso das redes fixas, as redes de Fibra XGPON emergem como a nova fronteira para conexões de conectividade em fibra, com implementações aceleradas globalmente, alcançando velocidades de até 10 Gbps. Adicionalmente, o acesso via satélite ganhou um novo competidor com a Amazon entrando no mercado de órbita baixa (LEO), prometendo competir diretamente com a Starlink.
Um dos desafios do ecossistema de inovação digital tem sido a demanda por processamento na borda ou edge computing, particularmente dos servidores de GPU, crucial para suportar o processamento necessário para aplicações avançadas, como os modelos de LLM para IA, Web3.0, e principalmente processamento de imagem em tempo real, chave para as soluções de augment/virtual reality e Cloud Game/Streaming de Game.
O Cloud Game destacou-se nos estandes de inovações e startups com o amadurecimento do segmento, passando a ser uma alternativa concreta para as operadoras ganharem uma participação justa na indústria de entretenimento digital. Nos estandes de inovação apareceram um volume grande de iniciativas de saúde com processamento de imagem e telemetria.
A MWC 2024 foi palco de diversas aplicações de IA, desde soluções de cibersegurança e combate a fraudes. Uma das áreas que mais chamou atenção são as aplicações de IA, em conjunto com as ferramentas de cibersegurança e as integrações às APIs baseadas no modelo Open Gateway da GSMA, com empresas como o Banco Itaú, no Brasil, aderindo à iniciativa.
Centenas de casos de melhorias com modelos de eficiência com atendimento virtuais tanto para canais de clientes como para soluções de back-office e staff. A gestão e operação das redes de telecomunicações também se beneficiaram da IA, com projetos de monitoria online de milhares de eventos para manutenção preventiva e tomada de decisões. Houve casos interessantes de digital twins (construção de modelos virtuais de elementos de rede para serem testados em laboratório). No entanto, a integração em redes multivendor ainda é um desafio a superar.
A formação da Global AI Telco Alliance, com gigantes como SoftBank, T-Mobile, KT, E& e Singtel, sublinha o compromisso do setor com a inovação contínua, usando IA para transformar operações e serviços. De fato, faz falta um player latino-americano nesta associação.
Um ponto alto foi a apresentação de Timotheus Höttges, CEO da Deutsche Telekom, destacando a aplicação extensiva de IA na empresa, com mais de 4000 casos de uso, demonstrando o potencial transformador da tecnologia.
A MWC 2024 não foi apenas uma vitrine de tecnologia, mas um indicativo claro do futuro dinâmico e interconectado que aguarda o setor de telecomunicações. A evolução da rede, juntamente com o poder da IA, promete revolucionar a forma como vivemos, trabalhamos e nos conectamos, marcando o início de uma nova era na comunicação global.
Flávio Lang, cofundador da SecureLink.