O Banco Central (BC) tem conduzido aprimoramentos no Pix, destacando-se como um sistema de pagamento ágil e dinâmico. Podemos dizer que o Pix não é uma simples funcionalidade, e sim uma plataforma de pagamentos instantâneos. Em um movimento recente, o BC promoveu outra edição do Fórum Pix, onde se discutiram novas funcionalidades e medidas que visam aumentar sua utilidade, segurança e aceitação no mercado. No fórum, transmitido via YouTube, afirmou-se o compromisso do BC com a evolução contínua do Pix, reafirmando sua posição como um marco nos sistemas de pagamento brasileiros.
Entre as novidades, destaca-se o “Pix Parcelado“, com lançamento previsto para setembro de 2025. A publicação do regulamento e demais manuais ocorrerá em julho, de acordo com o calendário do BC. Essa funcionalidade permitirá que os usuários realizem parcelamentos ao efetuar pagamentos via Pix. Para os recebedores, o valor total da transação será disponibilizado imediatamente, enquanto o pagador terá a flexibilidade de dividir o pagamento. Essa opção de pagamento parcelado tem o potencial de revolucionar o varejo, especialmente em transações de maior valor. Consequentemente, amplia as possibilidades para consumidores que não têm acesso a crédito convencional.
Outro destaque é o “Pix em garantia”, que permitirá que os futuros recebíveis de Pix sirvam como garantia em operações de crédito. Com lançamento esperado para 2026, essa inovação visa reduzir o custo do crédito para as empresas, fortalecendo a infraestrutura do sistema. Privilegia-se, assim, os negócios que operam com o Pix como mecanismo principal de transações financeiras. A iniciativa poderá ser particularmente benéfica para pequenas e médias empresas, que encontrarão no Pix um aliado econômico para garantir o fluxo de caixa.
A segurança também será reforçada com o novo Autoatendimento do Mecanismo Especial de Devolução (MED), disponível a partir de outubro de 2025. Essa solução digital permitirá a contestação de transações fraudulentas ou indevidas diretamente nos aplicativos bancários, sem necessidade de mediação presencial. Essa funcionalidade não abrange desacordos comerciais ou casos de erro de digitação, mas se destaca ao oferecer agilidade na recuperação de fundos em situações de fraude, bloqueando recursos indevidamente transferidos e facilitando o reembolso às vítimas.
Para prevenir golpes, uma medida implementada em abril de 2025 diferencia os comprovantes de transações concluídas dos agendados. Os comprovantes de agendamento agora exibem o termo “Agendamento Pix”, acompanhado de um ícone de calendário, enquanto transações concluídas são identificadas por um ícone de check. Essa distinção visual protege contra fraudes que se aproveitavam da confusão entre agendamentos e pagamentos efetivamente realizados, promovendo maior confiança nas transações e simplificando a verificação por parte dos recebedores. As normativas que tratam desses procedimentos de segurança são: Resolução nº 457/2025, de 6 de março de 2025; IN 593/2025, de 19 de março de 2025, que altera o Manual Operacional do DICT; e IN 594/2025, de 19 de março de 2025, que aprimora as regras sobre o cadastramento de dispositivos pessoais.
Essas inovações beneficiam não apenas as fintechs, que podem explorar novas ofertas de produtos financeiros, como o parcelamento de pagamentos e soluções de crédito mais baratas, mas também as empresas, que terão acesso a crédito garantido e robustas ferramentas de segurança. Para os consumidores, torna o Pix um método ainda mais conveniente e acessível, ampliando seu leque de opções ao realizar compras e administrar finanças pessoais.
Em suma, essas melhorias reforçam o Pix como uma ferramenta indispensável no cenário financeiro contemporâneo, simbolizando a evolução contínua do sistema de pagamentos digitais no Brasil. Para o mercado, essas alterações eram esperadas com ansiedade e tornarão o uso do Pix ainda mais prioritário para os brasileiros.
Túlio Iannini é diretor de Relações Institucionais e Novos Negócios da OKTO, especialista em fintechs de meios de pagamentos, tokenização, Open Finance e empreendedor em tecnologia financeira. Atua há mais de 12 anos no mercado de fintechs, tendo participado de mentorias de empreendedorismo pela Stanford University, Singularity University e também no programa de Scale-Up da Endeavor.
