Insaciáveis

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Desde setembro passado, quando iniciou o programa de compra de títulos para limpar o patrimônio dos bancos do país e lhes prover liquidez com dinheiro barato, até junho, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) já torrou US$ 850 bilhões com o seu mensalão da banca. Mensalmente, são destinados US$ 40 bilhões para adquirir papéis imobiliários podres e US$ 45 bilhões para títulos do Tesouro estadunidense, Treasuries. Não por acaso, com o anúncio de que a farra com dinheiro público deve acabar, a especulação tomou conta do mercado financeiro global.

Pizza à italiana
A propósito de nota publicada aqui na véspera sobre as ações violentas dos camisas negras (capisas pretas) contra as manifestações populares na Itália, uma leitora escreve do país da bota para confirmar que a forma de atuação lá foi muito parecida com a ocorrida no Brasil de agora. E lembra os muitos depoimentos que narravam que a violência da policia precedeu quaisquer reações de setores dos manifestantes.
Ela ressalva, porém, que as investigações oficiais para identificar a presença de policiais infiltrados nos atos para estimular a violência terminaram em pizza. Essa presença, porém, foi fartamente exposta em vídeos e fotos na internet, que mostraram policiais que, após tirarem as capisas pretas, buscaram refúgio em delegacias: “O governo era do Berlusconi, e a polícia também. Na Itália, estava todo mundo comprado por ele, por isso, as investigações não foram à frente”, conclui a leitora.

Abaixo
Poder-se-ia incluir o fim das ineficazes vistorias feitas pelo Detran do Rio de Janeiro entre as bandeiras defendidas pelos manifestantes nas ruas. Além de não trazer qualquer melhoria visível à manutenção dos automóveis, a vistoria obriga o motorista fluminense a perder até três horas para dar conta da burocracia. Isso porque o órgão, pressionado, aumentou o número de agendamentos por posto, mas não elevou o número de funcionários, levando a filas que em alguns bairros até atrapalham o trânsito. Depois o governador Sérgio Cabral não pode reclamar de manifestações na porta de casa.

Chinês contra a dengue
A chinesa Shineray venceu concorrência pública realizada pelo Governo Federal para fornecer 100 unidades do seu modelo Van. Os veículos, que começam a ser entregues em agosto deste ano, serão utilizados pelo Ministério da Saúde no programa de combate à dengue. A montadora tem como meta conquistar a liderança deste segmento até o próximo ano.

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Outro campo
Além das relações singulares com o setor de transporte, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), pode se defrontar, nos próximos dias, com o crescimento da campanha pela devolução do Engenhão, que cresce entre a torcida do Botafogo nas redes sociais. Num ato, mês passado, cerca de 4 mil pessoas abraçaram o estádio cobrando de Paes explicações mais detalhadas sobre o pouco ortodoxo parecer da empresa que defendeu a interdição do local. O prefeito, que, cerca de 90 anos após o ex-presidente Washington Luís, parece aferrado à máxima de que “questão social é caso de polícia”, pode pagar forte preço político por esse tipo de postura.

Mão dupla
O urbanista português Nuno Portas criticou a demolição de parte da Perimetral, no Rio de Janeiro: “O custo de botar abaixo é o mesmo de fazer um novo.” Havia alternativas, mas o prefeito Eduardo Paes optou por nova modalidade de obra: nada se constrói, e as empreiteiras ganham. No caso, em dobro, já que, paralelamente, é feito um túnel para substituir a Perimetral.

Credibilidade
Num momento em que políticos no poder agem em antagonismo à forma como se comportavam nos palanques e as ruas tremem, até ocorrências rotineiras servem de gatilho para boatos os mais variados. Domingo, com parte da Zona Sul amargando um apagão de inacreditáveis duas horas de duração e na ausência de qualquer satisfação da Light aos clientes exasperados que ligavam para seu serviço de atendimento, crescia boca a boca que “o governador Sérgio Cabral (PMDB) mandara cortar a luz até o fim da passeata”.
O evento, apenas um caso exemplar do padrão Light de qualidade, ocorria à luz do dia; não havia qualquer passeata marcada em frente ao Palácio Guanabara – sede do governo do estado – e o corte de energia serviria apenas para exaltar o ânimo dos supostos manifestantes. Mesmo assim, o boato não parava de circular.
 

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