A insegurança alimentar aumenta em 76% a possibilidade de uma criança ser vítima dos sintomas da doença do coronavírus, indica estudo científico divulgado nesta terça-feira pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
O estudo faz parte de um trabalho maior iniciado em 2015 sobre a situação materno-infantil no Acre, que se cruzou com o início da pandemia no início de 2020. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) determinaram as ligações entre situações de fome ou insegurança alimentar em crianças com o desenvolvimento de sintomas da doença.
“Entre as crianças com evidências (…) cujas famílias passaram fome no mês anterior às entrevistas, elas eram 76% mais propensas a ter Covid em comparação com aquelas que não foram expostas à insegurança alimentar”, afirmou o coordenador do estudo, Marly Cardoso, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP.
A pesquisa foi publicada na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases e é relevante pelo acompanhamento de 1.246 crianças nascidas entre 2015 e 2016 durante a pandemia. Mais da metade dos domicílios participantes caracterizavam-se por um estado de insegurança alimentar.
Os 9,3% estudados relataram sintomas de Covid, em comparação com 4,9% das crianças cujas famílias não tinham insegurança alimentar, o que mostra uma maior vulnerabilidade à doença. Segundo Marly Cardoso, foi determinada uma relação entre a doença e as piores condições de moradia e menor escolaridade.
“Há estudos que mostram que o nível socioeconômico e a nutrição influenciam uma maior ocorrência de doenças infecciosas”, disse, embora tenha acrescentado que relativamente à Covid “ainda não há dados suficientes”, embora no estudo e em pesquisas de outros países há “evidências de que essa correlação também existe”.
O estudo descobriu que a maioria das crianças infectadas também tinha parentes com Covid, principalmente suas mães.
Agência Xinhua
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