Instituições financeiras ligadas ao varejo se complicam

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Lojas de rua no Rio de Janeiro (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Lojas de rua no Rio de Janeiro (Foto: Tânia Rêgo/ABr)


O ambiente operacional continua desafiador para as instituições financeiras brasileiras ligadas ao varejo, de acordo com relatório da Fitch Ratings. Isso porque a qualidade dos ativos do setor continua sob pressão, especialmente a de entidades com perfil de crédito mais arriscado, que oferecem empréstimos sem garantia, como cartão de crédito, à população de baixa renda. Em resposta, essas instituições têm implementado medidas para conter a deterioração da carteira, como padrões de subscrição mais rigorosos, revisão de limites de clientes e reavaliação de preços.

Segundo a agência de classificação de risco de crédito, a rentabilidade foi afetada pela alta de despesas com provisão para crédito e de custos de captação – reflexo da elevada taxa de juros de 2022 e do primeiro semestre de 2023. A base de capital do setor é inferior à média do sistema financeiro.

O crescimento da carteira em 2021 e 2022, juntamente aos baixos níveis de geração interna de capital, também reduziu as métricas.
Uma pesquisa recente conduzida pelo Sebrae revelou que, entre as 14,92 mil empresas que atuam como credoras de grandes grupos empresariais em processo de recuperação judicial, quase a metade delas (47,4%) são, na verdade, micro e pequenas empresas.

A situação é mais acentuada nas regiões do Sudeste e do Nordeste, onde a maioria dos credores está localizada, representando 61% e 16% do total, respectivamente.

Além disso, o estudo apontou um aumento substancial nos requerimentos de recuperação judicial por parte de médias e grandes empresas, com um aumento de 37% entre 2022 e 2023, e um incremento de 30,2% nos deferimentos entre janeiro e maio do mesmo ano.

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Lojas Americanas
Lojas Americanas (foto de Tânia Rego, ABr)

Para Filipe Souza, especialista em recuperação judicial e sócio da LBZ Advocacia, os números evidenciam a crise econômica que o Brasil tem enfrentado, resultante de uma combinação de fatores, incluindo a escassez de crédito, altas taxas de juros e inadimplência relevante.

“Para as micro e pequenas empresas brasileiras, a situação é ainda mais desafiadora, uma vez que operam com margens mais apertadas e recursos limitados. A inadimplência de grandes empresas impacta diretamente esses negócios menores, que dependem de pagamentos pontuais para manter suas operações”, ressalta o especialista.

A pesquisa do Sebrae destaca um problema significativo na economia brasileira, com um número expressivo de pequenas empresas enfrentando dificuldades devido à inadimplência de grandes grupos empresariais. “A situação exige ações e soluções para melhorar o ambiente de negócios no Brasil, garantindo que as micro e pequenas empresas possam prosperar e contribuir para o crescimento econômico do país”, diz Filipe.

Micros lideram pedidos de recuperação judicial

Em agosto, o Brasil registrou um recorde no número de pedidos de recuperação judicial, com 135 solicitações, representando um aumento de 82,4% em comparação com o mesmo mês do ano anterior.

As micro e pequenas empresas lideraram com 91 requisições, seguidas por médias empresas com 31 e grandes empresas com 13. O setor de “serviços” foi o mais afetado, com 60 solicitações, seguido por “comércio” com 39, “indústria” com 28 e o setor “primário” com oito pedidos.
No entanto, os pedidos de falência diminuíram em agosto, totalizando 103, uma queda de 9,6% em relação ao ano anterior e uma redução de 2,8% em relação a julho do mesmo ano. Novamente, as micro e pequenas empresas lideraram com 58 petições, seguidas por médias empresas com 25 e grandes empresas com 20. O setor mais afetado foi o de “indústria” com 39 pedidos, seguido por “comércio” com 33, “serviços” com 30 e “primário” com um pedido.

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