Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)sobre tecnologias emergentes mostra que bancos podem ser protagonistas no mercado de criptomoedas como alternativa a empresas de menor confiança e atuar como emissores de credenciais digitais.
“A Inteligência Artificial Generativa (IA Gen), um ramo da Inteligência Artificial que cria novos conteúdos a partir de padrões e exemplos já existentes, está revolucionando o mercado financeiro e transformando a interação entre bancos e clientes, com potencial de ganhos de produtividade para os bancos entre 25% e 35%”, revela o Estudo de Tecnologias Emergentes para o Setor Bancário da Febraban, realizado em colaboração com a Accenture.
O levantamento mostra que ao lado da IA Generativa também são tendências para o setor a computação quântica, tecnologias criptográficas, cibersegurança e identidade digital. As inovações prometem personalizar ainda mais a experiência do cliente, viabilizar serviços financeiros mais seguros e eficientes, e abrir novos horizontes para produtos e soluções bancárias.
Durante a 1ª etapa do estudo foram identificados 28 tópicos relevantes de tendências tecnológicas para o setor bancário brasileiro, os quais incluíram a avaliação de 135 tecnologias.
No capítulo sobre Inteligência Artificial Generativa, o estudo destaca que tecnologias como Large Language Models, IA Multimodal e Knowledge Graphs enriquecem a análise de dados financeiros, proporcionando insights profundos, integram dados de texto, imagem, áudio e vídeo para uma compreensão mais completa das tendências de mercado, e ajudam a tomar decisões inteligentes, com aplicações na gestão de portfólios e atendimento ao cliente.
“Com a IA Generativa, estamos extrapolando os limites da criatividade humana, transformando ideias em realidade com uma velocidade e precisão nunca antes vistas. Ela será um grande diferencial entre os bancos, gerando cada vez mais entregas de valor aos clientes”, afirma Rodrigo Dantas, diretor do Comitê de Inovação e Tecnologia da Febraban.
De acordo com o estudo, os processos com uso de IA Generativa ligados ao relacionamento com clientes e à gestão de documentos/procedimentos são os de maior impacto para os bancos e incluem ações como otimização de ofertas em empréstimos, assistência a operações de contact centers, elaboração de documentos jurídicos e relatórios financeiros, criação e sumarização de conteúdos, e gestão do conhecimento empresarial. As áreas com maior potencial são a de TI, marketing, setor financeiro, serviço ao cliente, RH, vendas, jurídico, entre outras listadas.
Criptoativos
No Capítulo DLT & Criptoativos, da qual o blockchain é o principal exemplo, o estudo detectou três grandes trilhas de aplicação da tecnologia no setor bancário e seus desafios. A primeira coloca os bancos como protagonistas no mercado de criptomoedas como alternativa a empresas de menor confiança. Entretanto, alerta que é preciso investir no desenvolvimento de plataformas de negociação e custódia e aderência regulatória, compliance e contábil.
A segunda trilha diz respeito ao Drex (real digital), pagamentos instantâneos e/ou mecanismos mais eficientes de liquidação no atacado que demandaria que as moedas criptográficas soberanas emitidas por Bancos Centrais sejam integradas aos atuais sistemas bancários.
E, por último, a tokenização de ativos reais e financeiros para que o setor bancário se posicione na liderança do movimento de tokenização de ativos reais/físicos (como debêntures e imóveis). Isso viabilizaria operações fracionadas sobre esses ativos, e desenvolveria formas mais eficientes para transacioná-los.
Biometria No capítulo Identidade digital e biometria, o estudo afirma que as novas tecnologias, o aumento da digitalização e a crescente demanda por experiências personalizadas estão pressionando os bancos por um maior controle sobre seus dados pessoais e acessos simplificados a serviços digitais. E afirma que a identidade digital se apresenta como a chave para atender essas demandas e desbloquear novas oportunidades.
E devido a sua posição única, os bancos têm a oportunidade de atuar como emissores e se beneficiarem da aceitação das credenciais digitais, já que são intermediários de diversas transações que requerem validação de identidade. Segundo estudo da Accenture, a transição para uma economia Open Data pode gerar um retorno de até US$ 416 bilhões com a criação de produtos e serviços financeiros inovadores, com maior acesso, consentido, de dados dos clientes.
Entre os novos métodos de autenticação citados estão o de íris e retina, voz, comportamental, cardíaco e até de DNA.
No capítulo de Cibersegurança, o levantamento mostra que novos métodos de proteção baseados em tecnologias emergentes e melhores práticas estão sendo evoluídos e adotados pelo mercado para contrapor as novas tentativas de ataques. Entre eles está o Zero-Trust Architecture: sob o princípio de “nunca confie, sempre verifique”, e requer que todos os usuários sejam autenticados, autorizados e continuamente validados.
Há a Gestão Contínua de Exposição a Ameaças, que monitora continuamente a superfície de ataque da organização à procura de vulnerabilidades, verificando suas defesas em busca de fragilidades.
“Também temos a tendência da constante utilização da Inteligência Artificial como ferramenta de segurança, na detecção de padrões incomuns de comportamento, na proteção de dispositivos individuais, nos sistemas Autônomos de Resposta a Incidentes e no aprimoramento de tempos de resposta em situações de vulnerabilidades”, afirma Carolina Sansão, diretora-adjunta de Inovação, Tecnologia Bancária e Cibersegurança da Febraban.
De acordo com ela, os bancos brasileiros deverão investir este ano R$ 47,6 bilhões em tecnologia, sendo que deste montante, 10% são voltados para a cibersegurança, com objetivo de garantir operações seguras para seus clientes no dia a dia.
Também lembra que a Febraban inaugurou em setembro de 2020 o Laboratório de Segurança Cibernética para unir forças em ações de prevenção, identificação e combate ao crime digital entre os bancos associados. Até hoje já foram realizados 115 treinamentos e 50 simulações de ataques e defesa cibernética para os integrantes dos bancos associados. Também foram feitos mais de 50 relatórios de inteligência cibernética e guias de boas práticas para fornecedores de serviços do sistema financeiro.