A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) aumentou 0,4% em abril, descontados os efeitos sazonais. Esse é o primeiro resultado positivo após quatro meses de queda. O índice, apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), fechou o mês em 103,1 pontos, na zona de otimismo, em que permanece desde agosto de 2023. A variação anual é de alta de 6,1%.
Os subindicadores emprego atual, renda atual e nível de consumo atual tiveram alta de 0,5%, 0,2% e 1,4%, respectivamente. No entanto, apenas os dois primeiros estão na zona de satisfação – a avaliação dos consumidores sobre o nível de consumo atual está em 88,8 pontos. Nos últimos 12 meses, o ponto mais alto desse subindicador foram os 92,4 pontos atingidos em janeiro. A última vez que as famílias estiveram satisfeitas com seu consumo atual foi em janeiro de 2015, com 100,8 pontos.
Sobre o futuro, os consumidores estão otimistas. A perspectiva profissional aumentou 0,2% em abril, com 114,6 pontos, e a expectativa de consumo para os próximos meses cresceu 1,4%, atingindo 106,7 pontos. A avaliação sobre o acesso ao crédito ainda é negativa, com 94,1 pontos, mas houve aumento, em relação a março, de 0,9%. O único subindicador que diminuiu, no mês, foi o momento para compra de duráveis, que caiu 0,4% e é aquele com menor satisfação, na casa dos 67,1 pontos, mas está 20,3% acima do registrado no mesmo mês de 2023.
O início de uma possível retomada da curva de crescimento da ICF como um todo é atribuído à redução das taxas de juros para as pessoas físicas, o que reflete na redução da inadimplência dos consumidores. Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também realizada pela CNC, 28,6% das famílias estavam inadimplentes em março, percentual menor do que há um ano.
“A disponibilidade de crédito desempenha um papel importante no consumo das famílias e, consequentemente, aquece a economia como um todo”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ele alerta, no entanto, que há desaceleração do saldo de concessões de crédito ao longo dos últimos 12 meses, o que mantém a atenção do varejo, por conta da redução desse tipo de recurso nos próximos meses.
O aumento da ICF em abril foi puxado, principalmente, pelas famílias com maior renda. Os grupos que recebem acima de 10 salários mínimos informaram alta de 0,8% na intenção de consumir, enquanto os que têm renda menor que 10 salários indicaram elevação de 0,4%. Tanto as famílias consideradas mais ricas quanto as de renda menor apresentaram aumento da percepção do acesso ao crédito, de 1,2% e 0,4%, respectivamente.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, aponta, no entanto, que as famílias mais ricas estão mais satisfeitas com o crédito do que as que recebem menos. Em abril, enquanto o subindicador dos que recebem mais de 10 salários mínimos atingiu 116,9 pontos, na zona de satisfação, o das famílias que ganham menos ficou em 88,8 pontos.
“A curva ascendente, ainda que seja percebida nos dois espectros de renda, é mais acentuada para os que ganham mais”, explica Tavares.
Ele avalia que, se, para os mais ricos, nos últimos 12 meses a satisfação vem subindo quase ininterruptamente, com apenas alguns períodos de queda das casas decimais, para os mais pobres, a regra vem sendo a oscilação.
Já o Monitor do PIB, divulgado anteontem pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta crescimento de 0,8% na atividade econômica em fevereiro em comparação a janeiro, considerando-se dados com ajuste sazonal. Na comparação interanual a economia cresceu 3,5% em fevereiro. No trimestre móvel interanual findo em fevereiro o crescimento do PIB foi de 3,3% e na taxa acumulada em 12 meses até fevereiro, 3,0%.
“A economia cresceu 0,8% em fevereiro, na comparação com janeiro, com destaque para o consumo, que segue contribuindo para o bom desempenho econômico. A formação bruta de capital fixo (investimentos) também se destacou positivamente tendo voltado a crescer após ter retraído em janeiro. Apesar disso, importantes segmentos, como a indústria e a exportação, registraram retração nessa comparação, o que pode indicar perda de ritmo desses segmentos no início do ano. Na comparação interanual a economia cresceu de modo mais consistente em fevereiro, visto que o crescimento foi disseminado entre a maioria das atividades econômicas e os componentes da demanda”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.
O consumo das famílias cresceu 4,3% no trimestre móvel findo em fevereiro, com contribuição positiva de todas as categorias de consumo; padrão observado desde o trimestre móvel findo em novembro de 2023. Destaca-se o aumento da contribuição do consumo de não duráveis e de duráveis para este resultado. O consumo de produtos não duráveis apresentou variações positivas disseminadas, sendo as de maior destaque os referentes ao consumo de produtos alimentícios, farmacêuticos e de perfumaria. No caso de consumo de produtos duráveis, os equipamentos de informática e relacionados e de veículos explicam grande parte do aumento do segmento.
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