Consumo: intenção reduz e satisfação com renda é a maior desde 2015

No RS, crise climática ainda pesa no índice, que caiu 4% em julho; atividade econômica no estado recuou 9% em maio, estima BC

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Preços no supermercado (Foto: Rahel Patrasso/Ag. Xinhua)
Preços no supermercado (Foto: Rahel Patrasso/Ag. Xinhua)

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,2% em julho, descontados os efeitos sazonais. Esse é o primeiro resultado negativo desde o começo do ano da ICF, apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na análise anual, o crescimento foi de 2,3%, a menor taxa desde junho de 2021. Ainda assim, a ICF permanece na zona de satisfação, aos 101,5 pontos.

A satisfação com a renda atual aumentou 0,2%. Com o mercado de trabalho evoluindo e a menor taxa de desocupação desde 2015, a percepção da renda continuou a trajetória de crescimento e atingiu 125,3 pontos, o maior nível desde março de 2015. Por outro lado, o subindicador que mede a perspectiva profissional dos consumidores caiu tanto na comparação mensal (com queda de 1%) como na anual (redução de 6,6%), apesar de a percepção atual sobre o emprego ser 1,5% mais favorável do que em julho de 2023. Em relação ao mês anterior, a perspectiva profissional teve a maior queda, confirmando o impacto do mercado de trabalho no consumo. Isso porque o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) vem desacelerando desde fevereiro, com crescimento acumulado de 3,7% em 12 meses, abaixo dos 4,1% do mesmo período de 2023.

A avaliação dos consumidores em relação ao acesso ao crédito caiu 0,6% em julho, em relação a junho, reafirmando o momento desafiador no mercado de crédito.

“O consumidor precisa equilibrar endividamento com controle da inadimplência, como o que temos visto na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic)”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. Com a piora nas condições do mercado de trabalho e o crédito ainda seletivo, tanto a avaliação sobre o consumo atual como a perspectiva de consumo no futuro caíram (0,4% e 0,6%, respectivamente).

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“Mesmo com o desaquecimento do mercado de trabalho e as consequências que isso traz para os próximos meses, ainda há boas perspectivas para a venda de bens duráveis”, acrescenta Tadros. Esse subindicador ficou em 66,6 pontos em julho, com aumento de 1,6% no mês e 10,4% em relação a julho do ano passado.

A intenção de consumo em julho apresentou caminhos distintos entre as faixas de renda analisadas, com queda de 0,4% na percepção das famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos e alta de 0,3% nas com renda acima de 10 salários mínimos. No mesmo sentido, a perspectiva de consumo nos próximos meses aumentou 0,4% entre os brasileiros com maior renda e reduziu 1% entre os de menor renda.

“O sentimento distinto dos dois grupos em relação ao momento atual do mercado de trabalho se espelhou na satisfação com o emprego” , aponta o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares. A pesquisa mostrou que os mais ricos estão 0,1% mais satisfeitos, enquanto os de menor renda estão 0,6% mais insatisfeitos. Já em relação à perspectiva profissional, o movimento foi diferente, com queda de 0,6% nas famílias de maior renda e estabilidade nas demais.

A crise climática vivida pelo Rio Grande do Sul em maio teve forte impacto na intenção de consumo no estado. Acompanhando o movimento de junho, em julho os efeitos persistiram, com redução de 4% no indicador. Apesar de não ter sido tão intensa quanto em junho (quando a ICF retrocedeu 4,7%), essa foi a segunda maior queda desde outubro do ano passado.

Todos os indicadores caíram nos dois comparativos (mensal e anual), sendo a percepção do momento para compra de duráveis, que caiu 8,6%, o maior destaque mensal. A segunda maior queda foi a da perspectiva profissional, de 8,4%, coerente com o tempo necessário para recuperar os empregos perdidos por causa das enchentes.

Ainda sobre o Rio Grande do Sul, o Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR), que o Banco Central publicou hoje, aponta que os primeiros efeitos das enchentes sobre a economia do estado começaram a ser medidos. Em maio, a atividade econômica gaúcha caiu 9% em relação a abril.

Foi a maior queda para o estado desde que o indicador começou a ser divulgado, em 2002. O desempenho fez a atividade econômica da Região Sul recuar 3,3% na comparação com abril. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a atividade ainda registra crescimento de 0,7%, nos dados sem ajuste.

Na comparação entre regiões, o Centro-Oeste, motivado pela safra, cresceu 2,2% em maio na comparação com abril, seguido pelo Sudeste, com expansão de 0,4%. A atividade econômica, no entanto, encolheu no Norte (-0,3%) e no Nordeste (-1%). Em relação a maio do ano passado, o indicador cresceu em todas as regiões, puxado pelo Centro-Oeste (3,6%), pelo Nordeste (3,1%) e pelo Sudeste (2,7%).

No mês passado, a Receita Federal divulgou que a arrecadação de tributos federais no estado caiu R$ 4,4 bilhões em maio na comparação com maio de 2023, em números corrigidos pela inflação. A perda de arrecadação, no entanto, está inflada porque a Receita adiou o pagamento de diversos tributos federais no estado por dois ou três meses, dependendo do imposto ou contribuição.

Em relação aos cenários estaduais, o Banco Central divulga o desempenho somente para 13 estados: Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Em relação a abril, os maiores crescimentos foram registrados no Pará (+2,8%), no Ceará (+2%) e no Espírito Santo (+1,8%). Além do Rio Grande do Sul, os principais recuos ocorreram em Santa Catarina (-1,1%) e em Minas Gerais (-0,5%).

Com informações da Agência Brasil

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