Investidores seguem preocupados com inflação

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Alvaro Bandeira (foto divulgação)
Alvaro Bandeira (foto divulgação)

A sessão de ontem começou tensa, com investidores aguardando a divulgação da inflação medida pelo PPI (atacado), nos EUA, e outros indicadores. Mas, no conjunto, acabou sendo positiva, ainda sem mostrar tendência mais definitiva. Com safra de resultados do primeiro trimestre chegando ao fim no próximo dia 15 de maio, a quinta-feira foi marcada pela divulgação maciça de lucros no segmento local, provocando boa rotação de ativos. No geral, como esperado, foram mais para positivos.

Porém, o que segue preocupando os investidores em todo o mundo é mesmo a inflação, o que ela poderia provocar em termos de elevação dos juros e outras medidas pelos Bancos Centrais. O Institute of Internacional Finance (IIF) divulgou que a dívida global total no primeiro trimestre caiu US$ 1,7 trilhão, para US$ 289 trilhões, sendo que nos emergentes subiu US$ 11 trilhões, para US$ 86 trilhões. No conjunto, cresceu para 60% do PIB global, vindo de 52%. Brasil e Argentina dentre os emergentes foram os únicos que reduziram endividamento. Segundo ainda o IIF, problemas severos na cadeia de produção do setor industrial afetam os EUA, e a inflação em alta não parece de curto prazo.

Banco Central dos Bancos Centrais, o Bank of International Settlements (BIS) registra que desde a grande recessão de 2008 ocorreram mudanças expressivas no fluxo de capitais global. Certamente a maior preocupação está em aumentos de juros, cotejados com a capacidade de pagamento de países e empresas.

Nos EUA, circularam comentários que a empresa Colonial pagou a hackers, resgate pelo ataque criminoso ao duto da costa leste. O presidente Joe Biden disse que as operações estão voltando para a capacidade total, mas pode haver alguma influência da escassez sobre os preços. A inflação americana medida pelo PPI de abril veio também alta em 0,6% (previsão era +0,3%), e núcleo em +0,7% (previsão +0,4%). Já os pedidos de auxílio-desemprego encolheram 34 mil posições para 473 mil, de esperados 500 mil pedidos. Mas, sobre inflação, Tom Barkin, do Fed de Richmond, disse que a expectativa de empresários e consumidores não indica persistência de alta, repetindo os discursos recorrentes da semana. O Banco Central Europeu (BCE) fala em retomada real da economia, mas com grande incerteza e a China apoia a discussão sobre quebra de patentes de vacina contra a Covid-19.

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No mercado internacional, foi dia de forte queda do petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, atingido queda de mais de 4%, para fechar em -3,51%, com o barril cotado a US$ 63,76. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,208 e notes americanos ajudando os mercados com juros em queda para 1,655%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas mostrando fortes quedas na Bolsa de Chicago.

No segmento local tivemos a divulgação do IBC-Br de março, uma prévia do PIB, em queda de 1,59%, mas crescendo 6,26% contra igual período de 2020. No trimestre mostrou expansão de 2,27% e em 12 meses quedas 3,37%. Os números indicaram economia mais forte que a suposta e provocaram revisões do PIB do primeiro trimestre e de 2021. Agora as previsões para o ano se situam pouco acima de 4% pelo maior carrego incorporado, mas com grande variância.

Como comentado, a safra de balanços do trimestre mostrou resultados mais sólidos na maioria das empresas, mas ainda resta a Petrobras depois de pregão encerrado. A CCJ é que adiou a leitura do parecer do relator da reforma administrativa para próximo dia 17 e a CNI e demais entidades representativas lançaram manifesto por reforma tributária ampla. O STF retomou hoje o julgamento sobre o alcance da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.

No mercado local, o dólar oscilou novamente bastante ao sabor dos dados nos EUA, para fechar com +0,15% e cotado a R$ 5,31. Na B3, na sessão de 11/05, os investidores estrangeiros voltaram a aplicar recursos no montante de R$ 605,4 milhões, deixando o saldo positivo de maio em R$ 5,49 bilhões e o ano de 2021 com ingresso líquido de R$ 24,7 bilhões. No mercado acionário, dia de Bolsa de Londres com queda de 0,59%, Paris com +0,14% e Frankfurt com +0,33%. Madri com queda de 0,46% e Milão com +0,14%. No mercado americano, o Dow Jones em alta de +1,29% e Nasdaq com +0,72%. Na B3, dia de muitas oscilações no campo positivo e troca de ativos, para encerrar com alta de 0,82% e índice em 120.705 pontos. Exportadoras tiveram dia de queda.

Ontem o presidente do Fed regional de St. Louis, James Bullard, foi categórico ao afirmar que a inflação pouco acima de 2% e por um tempo é bem-vinda, depois de ter ficado anos abaixo da meta do Fed. Ele é outro que acha cedo discutir retirada de estímulos e redução de compras de bonds. As taxas dos treasuries voltaram a cair.

Hoje, os mercados da Ásia reverberaram essa melhora e encerraram com valorizações, destaque para Tóquio com +2,32%. Os mercados da Europa operam com boas altas nesse início de manhã e conseguindo manter, o mesmo ocorre com os futuros do mercado americano. Aqui há espaço para retomar o patamar de 122 mil pontos do Ibovespa, adquirir maior consistência e tentar buscar o recorde de 125.300 pontos obtidos no dia 8 de janeiro. Isso mesmo com o lucro da Petrobras ter vindo abaixo do previsto em R$ 1,1 bilhão, mas com forte Ebitda de R$ 48,9 bilhões. Os ADTRS da empresa subiam 3,25% em Nova Iorque.

Aliás, falando da safra de resultados do primeiro trimestres que vai acabando, os resultados têm sido positivos, mas com grandes desigualdades, mesmo quando considerados dentro do próprio setor, com varejo e construção civil.

Hoje os investidores vão aguardar a divulgação de dados sobre a economia americana em abril, como vendas no varejo e produção industrial para firmar tendência, a partir das 9h30 de Brasília. Os Bancos Centrais do Chile e Peru decidiram manter os juros básicos estáveis em respectivamente 0,5% e 0,25%.

No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrava alta de 0,71%, com o barril cotado a US$ 64,27. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,21 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,64%. O ouro e a prata mostravam altas na Comex e commodities agrícolas com desempenho de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui o STF formou maioria para o IVMS modulado para cálculo, fixando retroatividade de 15 de março de 2017, uma perda bilionária para o governo. Já Paulo Guedes declarou dar apoio para a reforma tributária fatiada, e disse que o real pode se valorizar com reformas e maior crescimento do PIB.

Na agenda do dia nenhum indicador para destacar no mercado local, mas nos EUA teremos, as vendas no varejo, produção industrial e preços dos importados em abril, seguido da confiança do consumidor de Michigan em maio e discursos de dirigentes do Fed.

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Alvaro Bandeira

Sócio e economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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