Investidores temem que ESG atrapalhe o desempenho de curto prazo

Alerta de greenwashing: uso de informações ESG aumentou em 10 anos, mas há lacuna entre o que dizem e o que fazem

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Blocos com as letras ESG e símbolos - ambiental, social e governança
ESG - ambiental, social e governança (foto AdobeStock)

Estudo da EY, consultoria e auditoria global, que ouviu 350 representantes de grandes fundos de investimentos globais, destaca que 92% dos executivos temem que as iniciativas relacionadas a ESG (sigla em inglês para “environmental, social and governance” – ambiental, social e governança) prejudiquem o desempenho corporativo de curto prazo. Essas práticas avaliam o desempenho de uma empresa em relação aos três pilares.

Intitulado “Global Reporting and Institutional Investor Survey”, o estudo revela que 88% dos investidores pesquisados aumentaram o uso de informações ESG nos últimos dez anos. Porém, apesar disso, ainda há uma lacuna entre o que eles dizem e o que estão fazendo.

“Essa equação entre longo e médio prazo sempre esteve presente no dia a dia dos executivos e não apenas sobre sustentabilidade. E quando falamos dessa agenda, as mudanças, como transição energética e descarbonização, por exemplo, só são possíveis a longo prazo, mas precisam existir.”, explica Ricardo Assumpção, sócio-líder de Sustentabilidade e ESG para a América Latina e diretor de Sustentabilidade da EY.

O executivo acrescenta que como mais um aspecto nessa balança, há as questões macroeconômicas e políticas. “Não existe uma fórmula pronta para resolver e equalizar as pontas”. Segundo ele, quando considerado esse contexto macroeconômico, os principais fatores que podem afetar o desempenho e o ciclo de negócios para os investidores são: restrições e tarifas comerciais (62%), custo de capital (53%) e custo e disponibilidade de mão de obra (50%).

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Mão segura cartaz com fábrica verde e a palavra Greenwashing
Greenwashing (foto de Franco Tognarini, AdobeStock)

Um ponto importante trazido pela pesquisa é que 85% dos investidores entrevistados disseram que o greenwashing (maquiagem de temas sociais e ambientais) e declarações enganosas sobre o desempenho de sustentabilidade das empresas são um problema maior em comparação com cinco anos atrás.

“As ações práticas de sustentabilidade aplicadas ao core business das companhias se mostram mais necessárias do que nunca. Não basta aplicar o discurso ESG aos reports e relatórios, a credibilidade está, de fato, na prática. Ainda mais com as regulações, como a IFRS S1 e S2, que trarão certas obrigatoriedades e padrões para as empresas”, argumenta o executivo.

Sobre os relatórios de sustentabilidade, 80% dos investidores entrevistados acreditam que a materialidade e a comparabilidade dos relatórios de sustentabilidade precisam ser melhoradas, com 62% dizendo o mesmo sobre a precisão.

Mudanças climáticas

Os investidores usam estruturas diferentes para avaliar seus investimentos, e definitivamente, agora não estão monitorando apenas as questões climáticas, mas também aspectos sociais e ambientais, incluindo biodiversidade e natureza, governança e práticas de direitos humanos.

Uma pesquisa da Universidade de Oxford previu que choques na economia global relacionados à perda de biodiversidade e danos ao ecossistema podem custar mais de US$ 5 trilhões.

As empresas precisam se envolver mais com os investidores sobre os relatórios de sustentabilidade; evitar o greenwashing; desenvolver e publicar um plano de transição detalhado; entender as estruturas usadas pelos investidores para monitorar os investimentos em sustentabilidade; ser transparentes nas divulgações e comunicar a estratégia de criação de longo prazo, conclui o estudo.

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