Investimentos e ações para enfrentamento das mudanças climáticas

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Floresta queimada (Foto: Leonardo Freitas/ABr)
Floresta queimada (Foto: Leonardo Freitas/ABr)

Investimentos em estrutura básica, saneamento, água, energia limpa, transporte público limpo, melhoria da qualidade do ar e inovações no setor da agricultura, economia e edificações são essenciais para enfrentar as mudanças climáticas. Assim concluiu Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em recente painel sobre o tema promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Abes (SP).

Fatores científicos aliados à observação dos eventos extremos que hoje enfrentamos no mundo, com fortes ondas de calor, secas e chuvas intensas, levam a concluir que as mudanças do clima não são derivadas de alterações cíclicas e normais do clima como muitos consideram, mas sobretudo pela influência humana que resulta na grande quantidade de dióxido de carbono concentrada na atmosfera, não experimentada nos últimos dois milhões de anos, conforme concluiu o último relatório do IPCC.

As mudanças que estamos presenciando são generalizadas, rápidas, estão se intensificando e não têm precedentes em milhares de anos. Cada uma das quatro últimas décadas tem sido sucessivamente mais quente do que qualquer outra desde 1850, pontuou Thelma Krug. Os riscos para a vida no planeta são enormes, e os estudos realizados pelo IPCC que projetam os vários cenários do aquecimento global permitem avaliar que, mesmo se mantermos o nível atual de aquecimento em 1,1ºC, colocamos os ecossistemas em sério risco.

A projeção é a de que a temperatura do planeta aumente devido a emissões cada vez maiores de CO² até o final do século, desequilibrando o estado já febril em que vive o planeta e o expondo a convulsões irreversíveis. Diante dessa realidade, o Acordo de Paris de 2015 concluiu pela necessidade de cooperação de todos com vistas a reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa, visando manter o aquecimento global ao menos em 1,5ºC até 2050, considerando os níveis pré-industriais, reconhecendo que isso amenizaria os riscos e impactos da mudança do clima.

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Thelma Krug entende que estamos num momento decisivo. O aumento da temperatura acarreta eventos extremos com alterações dos níveis de precipitação, secas prolongadas aliadas a altas temperaturas, podendo no Brasil ocorrer com maior intensidade na Amazônia e na região Centro-Oeste, segundo estudos realizados desde 2015 pelo IPCC.

A crise climática que já observamos acarreta efeitos também sobre os mais vulneráveis, daí a necessidade urgente de mitigação e adaptação para a redução dos riscos.

Tudo isso demonstra que as mudanças climáticas não se apresentam como alterações normais a longo prazo e que não afetam a vida no planeta. Pela velocidade com que vêm ocorrendo, certamente devem receber maior atenção dos governos, pesquisadores, investimentos públicos e privados, da agricultura de baixo carbono e política pública setorial, inclusive, com a reformulação dos planos de ordenamento urbano das cidades, prevendo construções sustentáveis que diminuam as ilhas de calor geradas pelo concreto nos grandes centros urbanos e que serão por isso mais atingidos.

A constatação do IPCC de que a influência humana é um fator essencial na mudança do clima determina que todos temos o importante papel de contribuir e procurar soluções para manter o equilíbrio climático do planeta, pois os beneficiados seremos nós mesmos.

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