O IPCA-15 de maio foi acima da nossa expectativa, com avanço de 0,59% (Modal: 0,39%, mercado: 0,45%), após subir 1,73% em abril. Em 12 meses, o índice acumula alta de 12,20%.
Pelos grupos, as maiores diferenças em relação à nossa projeção ocorreram em alimentação e bebidas, saúde e cuidados pessoais e despesas pessoais. No primeiro, houve inflação acima do esperado nos itens leites e derivados, panificados e alimentação em domicílio. No segundo, observamos variação mais forte em produtos farmacêuticos e perfumes, com contribuições relevantes para o índice cheio. Em despesas pessoais, os serviços pessoais ficaram acima da nossa expectativa.
Em termos de contribuição, destacamos do lado altista o grupo transportes, cuja elevação foi puxada pelos combustíveis, veículo próprio e passagens aéreas (18,40%, ante expectativa de de 23,20%). Do lado baixista, o grupo habitação foi influenciado pelo recuo relevante na energia elétrica residencial, refletindo a mudança de bandeira tarifária de escassez hídrica para verde na metade de abril, com impacto máximo observado no IPCA-15 de maio.
Pelas aberturas, os preços administrados caíram 1,44% (ante expectativa de -1,57%) e livres variaram 1,34% (ante expectativa de 1,10%). Destes, observa-se alta de 1,71% em alimentos em domicílio, 1,00% em serviços e 1,60% em industriais. Nas medidas subjacentes, serviços variaram 0,98%, maior patamar em cinco meses e industriais variaram 1,63%.
A média dos cinco núcleos acompanhados pelo Banco Central acelerou para 1,10% no mês (se comparado ao 0,87% em abril), maior valor da série histórica, levando a medida em 12 meses para 10,14% (contra 9,34%). Adicionalmente, o índice de difusão caiu para 74,9% (ante 78,7% em abril), levando a média móvel de 12 meses a acelerar para 70,1% (ante 69,5%).
A composição do IPCA-15 de maio foi extremamente desfavorável. A queda expressiva na energia elétrica não foi capaz de atenuar as fortes elevações de itens subjacentes, ampliando os riscos de que tenhamos inflação elevada por mais tempo. Além disso, observamos aceleração dos serviços intensivos em trabalho, com tendência de alta dada a projeção mais forte para a atividade econômica. Na nossa leitura, esta divulgação corrobora a projeção de mais duas elevações de 50bps na Selic, terminando o ano em 13,75%.
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Felipe Sichel
Sócio e economista-chefe do Banco Modalmais