IPCA-15 fecha o ano com inflação acima de 10%

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Alimentação fora de casa (Foto: IBGE)
Alimentação fora de casa (Foto: IBGE)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) que foi de 0,78% em dezembro, 0,39 ponto percentual (ponto percentual) abaixo da taxa de novembro (1,17%). O índice apurou este mês o maior valor da série histórica desde 2015. Com isso, o IPCA-15 fechou 2021 em 10,42%, maior acumulado no ano (em dezembro) desde 2015 (10,71%). Em dezembro de 2020, o IPCA-15 foi de 1,06%.

O IPCA-E, que se constitui no IPCA-15 acumulado trimestralmente, ficou em 3,18% para o período de outubro a dezembro.

“O IPCA-15 de dezembro foi impactado principalmente pelos sucessivos aumentos no preço da gasolina e da energia elétrica”, destacou Leandro Vasconcellos, Head da mesa de alocação Alta Renda e sócio da BRA, em relatório sobre o índice. Segundo ele, o índice veio abaixo das expectativas do mercado que apostava em uma alta de 0,81%. “O IPCA 15 perdeu força no último mês e alguns analistas já enxergam a possibilidade de a inflação fechar o ano um pouco abaixo dos 10%, embora o consenso de mercado ainda aposte em um número acima dos 10% em 2021”, citou.

Vasconcellos diz que é importante salientar que para o próximo ano, embora não haja expectativa de uma inflação tão alta, não significa que os preços vão cair, mas que vão continuar subindo em velocidade e amplitude menores.

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O especialista em investimentos explica que para os preços caírem seria necessário termos um cenário de deflação. “Curiosamente a inflação deste ano, que é a maior desde 2015, só não foi ainda maior por conta da deflação no item “saúde e cuidados pessoais”: perfumes, desodorantes, produtos para pele e maquiagem, alguns deles com queda maior que 9% nos preços. Ao que tudo indica, as restrições de circulação de pessoas e eventos fez a demanda por esses produtos cair ocasionando uma queda acentuada nos preços”, destacou.

Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que em novembro foram geradas 324,11 mil vagas com carteira assinada. É importante ressaltar que a expectativa mais otimista do mercado projetava este número em 268.315 vagas.

Segundo Vasconcellos, essa crescente na geração de empregos formais certamente animou os mercados quanto à capacidade da nossa economia de resistir mesmo em meio tantos problemas estruturais e apesar do cenário político conturbado e as incertezas sobre as eleições de 2022.

Outro ponto a se destacar é que embora um maior número de empregados formais seja naturalmente um motor para o aumento do consumo das famílias e da atividade econômica como um todo, ele também tem impactos sobre a inflação por aumentar a demanda, e isso pode se refletir na curva de juros fazendo com que o Banco Central (BC) seja mais conservador na inversão da tendência de alta.

Para Vasconcellos, por hora ainda não é possível afirmar que o ritmo atual da geração de empregos formais seja suficiente para criar uma pressão inflacionária relevante no futuro, mas é importante ter esse ponto mapeado no radar.

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