IPCA, IGP-DI e cautela quanto à judicialização das eleições americanas

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Apesar da possibilidade de judicialização das eleições americanas, o mercado continuou olhando para a possível vitória do democrata Joe Biden e o Senado republicano, subindo com base nas expectativas de estímulos à economia americana, animando os mercados globais.

Na Europa, houve mais um dia de mercado positivo. Embora o coronavírus continue subindo de forma considerável no continente, a possibilidade mais concreta de uma vitória de Biden continua alimentando o apetite pelo risco dos investidores. Do lado da conjuntura econômica, as encomendas à indústria alemã e as vendas no varejo para a Zona do Euro vieram abaixo do esperado.

Na Península Ibérica, Madri e Lisboa ganharam 2,10% e 0,92%, respectivamente. Frankfurt se valorizou em 1,98%. Milão subiu 1,93%, Paris teve apreciação de 1,24% e Londres foi quem apresentou ganhos mais modestos, com alta de 0,39%.

O dólar mais fraco ajudou as commodities na sessão desta quintya-feira, contribuindo para que o ouro com entrega prevista para dezembro fechasse com elevação de 2,67%, a US$ 1.946,80 a onça-troy.

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O mercado de petróleo passou por leve desvalorização, realizando os ganhos dos últimos dias. Além disso, os números de coronavírus e a aceleração mais lenta das economias do Hemisfério Norte, conforme a expectativa para o quarto trimestre, contribuíram para a queda.

O WTI teve queda de 0,92%, a US$ 38,79. O Brent teve decréscimo de 0,73%, cotado a US$ 40,93.

Nos Estados Unidos, mais uma vez os mercados tiveram um dia de bom-humor nesta quinta-feira. Ao passo que Biden avançava nas apurações dos votos e, posteriormente, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, anunciava que a autoridade monetária trabalhará com a inflação um pouco acima dos 2,00%, o que evidencia um discurso de viés dovish.

O Dow Jones e a Nasdaq fecharam com alta de 1,95%. A Nasdaq ganhou 2,59%.

No Brasil, os agentes se apoiaram na animosidade externa e mais números corporativos positivos, além da possibilidade de um estímulo no exterior com a vitória de Biden e o discurso mais conivente com o aumento da inflação nos Estados Unidos.

O Ibovespa teve alta de 2,95%, cotado a 100.751,40 pontos. O dólar caiu forte, com queda de 1,91%, a R$ 5,55.

As bolsas na Ásia mantiveram as perspectivas positivas em relação às eleições americanas, à medida que a distância entre Biden e Trump diminuía onde o republicano estava na frente.

Na China, os índices operaram mistos. Xangai caiu 0,24% e Shenzhen teve perdas de 0,77%. Hong Kong e Taiwan tiveram altas de 0,07% e 0,42%, respectivamente. No Japão, o Nikkei ganhou 0,91%, e na Coreia do Sul, o Kospi, ganhou 0,11%.

Para esta sexta-feira

Na Europa, abrem com interrupção dos ganhos na semana. Os agentes começam a mostrar o nervosismo em torno da possível judicialização das eleições americanas, o que pode trazer incertezas e volatilidade para o mercado. Assim, os futuros nos EUA seguem o mesmo caminho.

No Brasil, o foco será dado ao balanço de companhias e a dados de conjuntura econômica. Todavia, o principal driver será o noticiário externo.

Europa: Produção industrial na Alemanha e preços de imóveis no Reino Unido

Nesta sexta-feira, a agência Destatis publicará os números da produção industrial alemã durante o mês de setembro. Após queda no indicador em agosto (-0,2%), os agentes esperavam alta mensal de 2,7%. Em setembro, a produção industrial chegou a 1,6% ao mês, mostrando que a pandemia realmente afetou a indústria na Alemanha.

Para o Reino Unido, o índice de preços de imóveis disponibilizados pelo banco escocês Halifax mostrará a força do mercado imobiliário no país insular. Após elevações acima das expectativas nos últimos três meses, com reflexo na melhora das percepções dos agentes quanto à pandemia, o mercado projetava variação mais suave, em 0,5% para outubro. Os preços dos imóveis apurados pelo banco atingiram variação de 0,3%, ao mês. A desaceleração reflete a queda na demanda por imóveis, mediante a alta na incerteza dos agentes por conta do aumento das medidas de contenção da COVID-19.

Brasil: IGP-DI e IPCA

No Brasil, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) e o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) divulgarão importantes indicadores de inflação, o IGP-DI e o IPCA, respectivamente. A tendência, segundo as estimativas do mercado, eram de que os preços continuem a subir, todavia de forma um pouco menor do que a registrada anteriormente, devido à transitoriedade da inflação.

Quanto ao IGP-DI (Índice de Preços – Disponibilidade Interna), a expectativa era de alta de 3,23%, ante 3,30 em setembro. A desaceleração esperada pelos agentes se deve à redução nos preços industriais. Todavia, as perspectivas dos agentes foram frustradas, pois houve aumento de 3,68%. O aumento de matérias-primas continuou a ser um dos maiores responsáveis pelo crescimento do indicador.

Para o IPCA, principal indicador de inflação da economia brasileira, ainda há expectativa de que ocorra alta de 0,83% ao mês, atingindo 3,90% ao ano. Apesar do aumento, a queda prevista no auxílio emergencial pode fazer com que os preços caiam, em linha com o discurso apresentado pelo Banco Central na última ata do Copom.

Novos dados nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, serão divulgados os números do relatório de desemprego, publicado pelo Departament of Labor do Bureau of Economics Analysis. O documento é um dos mais aguardados pelo mercado, pois mostra de forma robusta as condições do mercado de trabalho americano, da atividade econômica e da projeção da inflação, contraindo para a criação das expectativas do mercado e das decisões dos formuladores de política econômica.

Começando pelos salários, espera-se aumento mensal de 0,2% em outubro, após alta de 0,1% em setembro. Ao ano, os agentes esperam 4,6%. Assim a elevação dos salários tende a ficar em níveis muito próximos do que foi praticado nos meses anteriores. Os salários são importantes, pois geram perspectivas quanto à inflação. Conforme os salários sobem, maior será a renda das famílias e o custo de produção das empresas, de modo que a inflação possa ser impactada pelo aumento na demanda e pelo repasse nos preços.

A taxa de desemprego tem expectativa de chegar a 7,7% em outubro, contra 7,9% em setembro. Apesar da queda, o número fica muito próximo ao praticado no mês anterior, mostrando que os agentes ainda estão cautelosos, enxergando fragilidade no mercado de trabalho.

Tal fragilidade pode se traduzir em uma criação de empregos um pouco menor em relação a setembro, caso as previsões do mercado se concluam, saindo de 661 mil e alcançando 600 mil.

Outro dado importante de conjuntura econômica são as vendas ao atacado, também divulgado pelo US Census Bureau. O indicador é mais um sinalizador de atividade econômica pelo lado da oferta. Espera-se que as vendas de setembro para o setor atacadista tenham elevação de 1,0% ao mês, ante 1,4% em agosto.

O Federal Reserve divulgará os números da expansão do crédito ao consumidor. Após retração de US$ 7,22 bilhões em agosto, por conta do avanço da COVID-19 e da busca por números mais expressivos de inflação por parte da autoridade monetária, há expectativa de aumento de US$ 9 bilhões destinados aos consumidores.

Pelo lado fiscal, o Departamento do Tesouro trará a público seu relatório informando os próximos passos da política fiscal e as condições econômicas do país sob a ótica do órgão.

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