IPCA veio acima da projeção do mercado

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Supermercado (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Supermercado (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)em novembro foi de 0,39% e ficou 0,17 ponto percentual abaixo da taxa de outubro (0,56%). No ano, o IPCA – índice calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que mostra tendências da inflação –acumula alta de 4,29% e, nos últimos 12 meses, de 4,87%, acima dos 4,76% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2023, a variação havia sido de 0,28%, divulgou nesta terça-feira o IBGE.

“A expectativa do mercado era de 0,37%. Não é uma alta tão considerável assim, mas veio um pouco acima do que se esperava”, comenta Bruno Piacentini, economista e professor da startup educacional Eu me Banco. Se a taxa tivesse sido de 0,37%, o acumulado em 12 meses seria de 4,85% “Só que como veio 0,39%, a gente tem um acumulado de 4,87%”, comparou o economista.

Segundo Piacentini, o principal ponto que acaba assustando é o acumulado. “Essa é a principal métrica que a gente utiliza, que o Banco Central utiliza para reuniões do Comitê de Política Econômica (Copom) e que mais dá o termômetro do mercado com relação à inflação acumulada dos últimos 12 meses”, ressalta.

“A gente começou o ano de 2024 já dando sinais para o mercado de que a gente estouraria a meta de inflação, a meta de IPCA proposta pelo Conselho Monetário Nacional. Vale lembrar que a meta é de 3%, centro da meta, e o teto da meta é 1,5 pontos percentuais acima, ficando em 4,5%”, lembra o economista. Piacentini comenta que o problema maior começou a partir de maio. “Em junho, julho, agosto, setembro, outubro e agora principalmente novembro, a gente começou a sair bastante do centro da meta, já descolando muito, e principalmente do teto, rompendo o teto da meta de inflação”, cita.

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Para o economista da Eu me Banco, isso vai influenciar a decisão do Copom (que anuncia nesta quarta-feira a nova taxa de juros), na decisão da Selic, e não só pela inflação. Quando a gente olha para a inflação nesse momento, não é só o nível de atividade econômica, são dois principais fatores que estão pressionando a inflação. “Primeiro, pelo nível de atividade econômica. Nós tivemos um dado muito importante que era para ser extremamente comemorado pelo Brasil, mas a gente não consegue comemorar por conta dos efeitos. O desemprego atingiu a mínima história nos anos A taxa de desemprego no Brasil é 6.2% nesse momento, a mínima histórica e é algo muito positivo, só que isso mostra um nível de atividade econômica muito acelerada e isso traz uma pressão inflacionária”.

O economista lembra que tem ainda o cenário fiscal, que para ele é o ponto principal, que vem pressionando a inflação. “O pacote fiscal não veio como o mercado queria, o governo mostra e dá cada vez mais sinais de que não está preocupado com as contas públicas, não está preocupado de fato com o ajuste da política fiscal e isso é muito prejudicial”.

O economista diz que o principal ponto nesse momento é a falta de credibilidade que o governo passa para os investidores. “E isso faz com que a gente tenha recordes de fuga de capitais do país. Saiu muito capital estrangeiro do país por conta da falta de credibilidade que o governo passa”, acredita.

Piacentini afirma que fica cada vez mais arriscado investir no Brasil. E qual vai ser a consequência? “A consequência são duas. Primeiro, desvalorização cambial. A gente viu o câmbio estourando acima de R$6 para cada dólar, também algo histórico no país. E com o câmbio desvalorizado a gente também tem uma inflação pressionada porque, principalmente, o importador ele vai ter um aumento no custo dele e ele não vai fechar a empresa. Ele vai simplesmente seguir o fluxo e vai repassar para o consumidor”, prevê.

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