Irã lança mísseis contra base militar dos EUA no Catar

Governo local diz que interceptou ataque e que não há vítimas; Trump diz ainda estar interessado em via diplomática

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Donald Trump (foto: Rick Bajornas, ONU)
Donald Trump (foto: Rick Bajornas, ONU)

As Forças Armadas do Irã atacaram a base militar dos EUA Al-Udeid, no Catar, país do Oriente Médio. A informação foi divulgada primeiro pelas agências de notícias do Irã Fars News e IRNA News, tendo já sido confirmada pelo governo do Catar, que condenou a ação e disse ter interceptado os mísseis.

O ataque foi a resposta do governo iraniano aos bombardeios dos EUA contra três instalações nucleares iranianas no sábado.

“Em resposta à ação agressiva e descarada dos EUA contra as instalações e instalações nucleares do Irã, as poderosas forças armadas da República Islâmica do Irã destruíram a base aérea americana em Al-Udeid, no Catar”, disse, em comunicado, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã.

Segundo o informe, o número de mísseis usados teria sido o mesmo número de bombas que os EUA usaram no ataque às instalações nucleares do Irã. O alvo ficava longe das instalações urbanas do Catar.

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“Esta ação não representa nenhuma ameaça ao nosso país amigo e irmão, o Catar, e ao seu nobre povo e a República Islâmica do Irã permanece comprometida em manter e dar continuidade às relações calorosas e históricas com o Catar”, completou o informe do governo iraniano.

A emissora do Catar Al-Jazera confirmou que foram ouvidas explosões e vistos sinalizadores sobre o céu de Doha, a capital do Catar. O país do Oriente Médio havia informado que fechou seu espaço aéreo.

A Al Udeid é a maior base militar dos EUA no Oriente Médio, fundada em 1996. Estima-se que a base abrigue 10 mil funcionários, entre civis e militares.

O ministro das relações exteriores do Catar, Majed Al Ansari, condenou os ataques iranianos e argumentou que a medida viola a soberania do país do Oriente Médio.

“Afirmamos que o Catar se reserva o direito de responder diretamente de maneira equivalente à natureza e à escala desta agressão descarada, em conformidade com o direito internacional”, disse Majed.

Ainda segundo o chanceler do país árabe, o ataque foi frustrado pelas defesas aéreas do Catar e o pessoal da base já havia sido evacuado por precaução.

“A base havia sido evacuada anteriormente, seguindo as medidas de segurança e precaução estabelecidas, dadas as tensões na região. Todas as medidas necessárias foram tomadas para garantir a segurança do pessoal na base, incluindo membros das Forças Armadas do Catar, forças amigas e outros. Confirmamos que não houve feridos ou vítimas no ataque”, completou.

Acusando o Irã de estar próximo de desenvolver uma arma nuclear, Israel lançou um ataque surpresa contra o país no último dia 13, expandindo a guerra no Oriente Médio. Neste sábado, os EUA atacaram três usinas nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan.

O Irã afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos e que estava no meio de uma negociação com os EUA para estabelecer acordos que garantissem o cumprimento do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, do qual é signatário.

No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) vinha acusando o Irã de não cumprir todas suas obrigações, apesar de reconhecer que não tem provas de que o país estaria construindo uma bomba atômica. O Irã acusa a agência de agir “politicamente motivada” e dirigida pelas potências ocidentais, como EUA, França e Grã-Bretanha, que têm apoiado Israel na guerra contra Teerã. Em março, o setor de Inteligência dos EUA afirmou que o Irã não estava construindo armas nucleares, informação que agora é questionada pelo próprio presidente Donald Trump.

Apesar de Israel não aceitar que Teerã tenha armas nucleares, diversas fontes ao longo da história indicaram que o país mantém um amplo programa nuclear secreto desde a década de 1950. Tal projeto teria desenvolvido pelo menos 90 ogivas atômicas.

A Casa Branca diz que Trump “evitou um conflito nuclear” e que “todos devem estar satisfeitos”.

Mais cedo, de acordo com a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump “ainda estaria interessado” em manter negociações com o Irã para um acordo sobre seu programa nuclear após os bombardeios de domingo contra o país da Ásia Central.

“Se o regime iraniano se recusar a aceitar uma solução diplomática pacífica, na qual o presidente ainda está interessado e aberto, por que o povo iraniano não deveria arrancar o poder desse regime incrivelmente violento que o reprime há décadas?”, perguntou ela, referindo-se às palavras de Trump sobre uma possível mudança de regime em Teerã.

Leavitt, que disse que “todos devem estar satisfeitos com a ação corajosa tomada por Trump e pelo Exército dos EUA”, enfatizou que os bombardeios contra as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan foram “uma operação com a qual os presidentes do passado sonharam, embora nenhum deles tenha tido a coragem de realizá-la”.

“Trump fez isso para acabar com uma ameaça iminente não apenas para o Estado de Israel, mas também para os EUA e o resto do mundo. O país é um lugar mais seguro hoje por causa dessa forte ação do presidente, que impediu um conflito nuclear”, argumentou ele durante uma entrevista à rede de televisão americana Fox.

Nesse sentido, ele elogiou o fato de Trump “ter impedido que um regime radical obtivesse bombas nucleares” e acrescentou que tomou a decisão “seguindo seu instinto e as informações de inteligência que viu”. “Ele viu, pela inteligência dos EUA, que o Irã estava a semanas de obter uma arma nuclear”, argumentou, após tensões com a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard.

Gabbard disse ao Congresso em março que a inteligência havia determinado que o Irã não estava buscando armas nucleares, mas acrescentou que seu estoque de urânio era “sem precedentes para um estado sem armas nucleares”. No sábado, depois que Trump a rejeitou, ela reverteu sua posição e disse que concordava que Teerã poderia estar perto de obter armas nucleares.

Por esse motivo, Leavitt enfatizou que “líderes de todo o mundo e políticos de ambos os lados do espectro (nos EUA) concordam” que o Irã não deve adquirir essa arma e destacou que vários ex-presidentes disseram isso no passado, “embora nenhum deles tenha tido a coragem de fazer algo a respeito, o que Trump fez”.

“O presidente quer ver um Oriente Médio pacífico e próspero”, defendeu, ao mesmo tempo em que enfatizou que “às vezes é preciso usar a força para conseguir isso”. “Como foi demonstrado, os EUA têm as melhores e mais letais forças de combate e podemos usá-las se for necessário”, disse Leavitt, que reiterou que a operação militar contra o Irã foi “um sucesso”.

Com esses bombardeios, os EUA se juntaram à ofensiva militar desencadeada em 13 de junho pelo Exército israelense contra o país da Ásia Central, que respondeu lançando centenas de mísseis e drones contra o território israelense e agora ameaçou agir contra os interesses dos EUA no Oriente Médio como resultado desses ataques.

A campanha de ataques israelenses foi lançada dias antes de uma nova rodada de negociações entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear do Irã para um novo acordo após a decisão dos EUA em 2018 de se retirar unilateralmente do pacto de 2015, que estava programado para ocorrer em 15 de junho na capital de Omã, Mascate, mas que as autoridades iranianas anunciaram ter sido cancelado em resposta às ações de Israel.

Esse acordo, firmado durante a Presidência de Barack Obama, estabeleceu restrições e inspeções extensivas para garantir que o programa nuclear do Irã não tivesse uma variante militar, embora a saída dos EUA três anos depois e a reimposição de sanções tenham levado Teerã a renegar vários de seus compromissos em resposta.

Com informações da Agência Brasil e da Europa Press

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